segunda-feira, 9 de abril de 2018

Síndrome do Ninho Vazio


Muitos casais, após anos de vida conjugal, quando os filhos saem de casa, deparam-se com a dura realidade de se sentirem como dois estranhos que compartilham um mesmo teto e, talvez, uma mesma cama. A sensação é como se um olhasse para o outro e se perguntasse: “o que nós estamos fazendo aqui?”. 

O problema é complexo e possui causas muito variadas. O cerne da questão, porém, está em como cada um encara o relacionamento conjugal e as relações que se estabelecem com os filhos. Há mulheres que, após o nascimento dos filhos, agem como se houvessem pronunciado o seguinte juramento logo após o parto: “EU TE RECEBO COMO MEU FILHO [MINHA FILHA] E PROMETO ESTAR COM VOCÊ POR TODOS OS DIAS DA MINHA VIDA”. Com isso, não raras vezes, deixam o esposo para um quarto ou quinto plano em suas escolhas e decisões a partir de então.
Mas essa postura não é exclusiva da mãe. Muitos pais agem de maneira semelhante. Além disso, quando a esposa assume uma postura possessiva em relação aos filhos, é comum que o marido procure refúgio no trabalho, com os amigos... E o resultado não é difícil de prever: se não perceberem a tempo, essa situação minará pouco a pouco o amor conjugal. É o fenômeno das vidas paralelas, em que cada qual se dedica às suas coisas, aos seus trabalhos, aos seus amigos, com nada ou muito pouco de projetos, sonhos e atividades em comum.
Nesse contexto, pode acontecer que os filhos se tornem o único ponto em comum. E, quando esses deixam o lar, porque é a lei da vida que o façam um dia, marido e mulher descobrem, então a duras penas, que não souberam construir algo juntos. Daí que a chamada Síndrome do Ninho Vazio seja um fator muito relevante na causa de muitos divórcios.
A solução está, portanto, em encarar cada relacionamento como esse é – ou deveria ser – na sua essência. A fórmula do casamento cristão nos fornece um interessante critério: “EU TE RECEBO COMO MINHA ESPOSA [MEU MARIDO] E TE PROMETO SER FIEL, NA ALEGRIA E NA TRISTEZA, NA SAÚDE E NA DOENÇA, AMANDO-TE E TE RESPEITANDO POR TODOS OS DIAS DA MINHA VIDA”. Embora o divórcio seja uma realidade muito difundida no nosso tempo, é inegável que, quando se casam, os esposos trazem na alma profundos anseios de uma união duradoura e feliz. E isso é mesmo essencial nesse relacionamento.
Muito diferente é o relacionamento com os filhos. Não se trata de investigar se o amor conjugal é superior ou inferior ao amor filial, mas simplesmente reconhecer que – apesar de serem ambos muito intensos e fortes – são diferentes. E a diferença fundamental está em que geramos e educamos nossos filhos para a liberdade (?) o mundo. Um dia inexoravelmente deixarão o nosso lar para formar uma família ou, dependendo de qual seja a sua missão, dedicar-se a um empreendimento nobre para o qual o celibato é mais apropriado. Mas seja como for, é lei da vida que não estarão para sempre conosco.
A propósito da postura que mãe e pai deveriam assumir em relação aos filhos, vale repetir o sábio ensinamento, expressado de maneira poética, pela Madre Teresa de Calcutá:
Ensinarás a voar,
Mas não voarão teu voo,
Ensinarás a viver,
Porém não viverão tua vida,
Ensinarás a sonhar,
Porém não sonharão teu sonho,
Porém em cada voo, em cada sonho, em cada vida
Estará a marca do caminho ensinado.
Nossos filhos, como os pássaros, deixarão um dia o ninho. E sendo assim, quando eles saem, o que fica? Permanece precisamente a fonte de onde eles vieram ao mundo: o amor entre um homem e uma mulher. Esse amor, de tão forte e intenso há de permear toda a vida do casal. E isso não é utopia. Basta que queiram de verdade, com pequenos gestos a cada dia, cumprir aquela promessa um dia pronunciada em tom solene e decidido: “NA ALEGRIA E NA TRISTEZA...POR TODOS OS DIAS DA MINHA VIDA”.

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