Uma
pesquisa do Ibope Inteligência em relação às Olimpíadas do Rio, realizada entre
os dias 14 e 18 de julho, mostra que 59% dos entrevistados torcem mais pelo
sucesso do evento que pela conquista de medalhas pelos atletas brasileiros.
Esse dado vem a confirmar um problema crônico que enfrentamos há décadas: uma
autoestima terrivelmente baixa. Desde crianças crescemos ouvindo comparações no
sentido de que tudo o que há e se faz lá fora – em especial nos Estados Unidos
e na Europa – é muito bom e que aqui, ao contrário, tudo é ruim e que as coisas
não funcionam.
Embora
estejamos acostumados com isso, no fundo não gostamos dessas comparações.
Afinal, quem gosta de pensar – com ou sem razão – que tudo o que temos é ruim,
mal planejado e que não funciona adequadamente? Talvez esse sentimento explique
o resultado da pesquisa. É como se muitos de nós estivéssemos pensando aflitos:
“será que vamos dar mais um vexame internacional?”.
A
imprensa tem prestado uma contribuição bastante negativa para esse fenômeno. Tomemos
um exemplo. Quando algumas delegações que vieram para os Jogos Olímpicos do Rio
de Janeiro decidiram deixar os apartamentos da Vila Olímpica para se hospedarem
em hotéis, os meios de comunicação fizeram um verdadeiro estardalhaço. Porém,
no momento em que os atletas da África do Sul elogiaram as instalações, esse
fato teve uma divulgação muito menor.
Não se
trata de “tapar o sol com a peneira”, como se diz no jargão popular. A imprensa
desempenha um papel fundamental e insubstituível ao denunciar a ineficiência na
Administração Pública, a corrupção na política e o mau uso do dinheiro público.
No entanto, penso que presta um enorme desserviço às brasileiras e aos
brasileiros com as injustas generalizações do tipo: “deixamos tudo para a
última hora”, “todas as obras são superfaturadas”, “em tudo há corrupção” etc.
A missão
de denunciar e de cobrar resultados, que é inerente a um jornalismo de
qualidade, desempenha-se primordialmente sobre fatos que devem ser tratados com
imparcialidade, dando-lhes a devida relevância. Bem ao contrário, quando se
envereda pela destruição de um saudável orgulho de pertencer a uma Nação, a
missão de informar desvirtua-se para uma destruição estéril e perigosa. É
necessário, portanto, que também os fatos positivos sejam divulgados, que boas
iniciativas sejam enaltecidas e que o que fazemos de bom seja elogiado.
Mas há também
um dado muito positivo na pesquisa a que mencionamos acima. As brasileiras e os
brasileiros torcem pelo sucesso dos Jogos Olímpicos porque somos inigualáveis
na hospitalidade. Queremos de verdade que os que nos visitam se sintam bem, em
casa.
Lembro-me
do que me disse um amigo estrangeiro: “O que mais me impressionou aqui no
Brasil é como pessoas tão diferentes convivem bem e em paz. No início eu via
uma pessoa pensava: esse é japonês, aquele africano, o outro europeu. Mas
quando os ouvia conversar percebia que não! Apesar de tão diferentes
fisicamente, são todos brasileiros e se relacionam muito bem entre si”. De
fato, assim somos nós. Donde então pensar que somos pouca coisa? Qual é o
motivo dessa baixa autoestima?
Talvez
nos ajude o testemunho de um santo: “O Brasil! A primeira coisa que eu vi é uma
mãe grande, bela, fecunda, terna, que abre os braços a todos, sem distinção de
línguas, de raças, de nações, e a todos chama filhos. Grande coisa é o Brasil!
Depois, eu vi que vocês se tratam de uma maneira fraterna, e fiquei comovido”
(São Josermaría Escrivá. Palavras proferidas no Parque Anhembi, São Paulo, em
1974).
A todos
que têm o dever de informar, penso que deveriam se ocupar também de construir.
E uma ferramenta importante para isso é também ressaltar as nossas muitas
virtudes. Nesse intuito, não falta com a verdade quem diz que essa Nação é e
quer ser grande. Essa grandeza, porém, não está só nas obras e nos
acontecimentos da nossa História, mas, sobretudo, no amor ao próximo que marca
indelevelmente o coração desse povo.
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