quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Orientação Familiar

Durante muito tempo o homem foi considerado a cabeça da família. O Código Civil brasileiro de 1.916 expressamente consagrava o marido como chefe da sociedade conjugal. As últimas décadas, porém, foram marcadas por uma significativa mudança do papel da mulher na família, no mercado de trabalho e em toda a sociedade.

Não há mais, portanto, uma autoridade única na família. A mudança foi muito oportuna e veio a ressaltar e enaltecer a imensa dignidade da mulher. No entanto, essa conquista traz também um problema, que requer uma solução adequada. Para melhor compreendê-lo, imaginemos uma empresa em que houvesse dois Diretores Presidentes, ambos exercendo a mesma função, munidos dos mesmos poderes e sem uma delimitação clara de atribuições de cada um. É muito provável, nesse caso, que as situações de conflitos surgissem em breve, fazendo-se necessário estabelecer uma sintonia entre eles para cada um exercer um papel definido de modo a que conseguissem juntos administrar bem o empreendimento.

De certo modo é essa uma grande dificuldade das famílias hoje em dia. Marido e mulher assumiram o papel de conduzir a família em igualdade de condições, porém, ninguém lhes ensinou como gerir esse empreendimento com harmonia. E, para complicar ainda mais, externamente, estão inseridos num contexto social que lhes sugere romper esse vínculo diante da menor dificuldade que possa surgir.
Nesse cenário surgirma, em meados dos anos 60, na Espanha, programas destinados a ajudar os pais a educarem os seus filhos e a melhorarem o relacionamento conjugal. Os cursos oferecidos, baseados no método do caso, são uma ferramenta para promover o diálogo sobre situações reais que possam surgir na vida do casal.
Com uma metodologia muito bem pensada, proporciona técnicas para o casal aprender a raciocinar sobre as questões conjugais e as relacionadas com a educação dos filhos com objetividade, o que lhes permite, a partir de uma análise dos fatos relevantes das suas vidas, encontrar a raiz dos problemas e, a partir disso, propor e implementar soluções concretas.
Esse trabalho se desenvolveu e ganhou uma dimensão mundial. Hoje a orientação familiar está em mais de 60 países, inclusive no Brasil. De modo a coordenar essa expansão foi criada uma organização internacional, a International Federation For Family Development (IFFD), que atualmente é membro com status consultivo geral perante a Comissão Econômica e Social das Nações Unidas.
Os cursos de orientação familiar exigem a participação ativa do casal. Um dos maiores desafios é que aprendam a eliminar as ideias preconcebidas, os juízos precipitados e a superficialidade na análise dos problemas. Chamados a refletir sobre situações concretas, relatadas em casos propostos, o casal adquire a habilidade para olhar para a realidade da vida familiar e conjugal com serenidade. Aqueles que desejarem e se dedicarem a isso descobrirão que a felicidade própria, do seu cônjuge e filhos é um dom muito precioso. Portanto, não é possível improvisar. O mundo em que vivemos exige dos pais um profissionalismo maior que aquele que se espera num mercado de trabalho extremamente competitivo.

Muito se fala atualmente em novos modelos de família. Penso que dentre eles deveríamos incluir – e em posição de destaque – a mesma família constituída sobre o compromisso forte, solene e duradouro de um homem com uma mulher. A sua eficácia não mais estará assegurada pela autoridade de nenhum deles, mas na harmonia que saberão estabelecer como fruto de um diálogo eficiente e proativo. E o resultado disso será, com toda certeza, a construção de lares luminosos e alegres, edificados com sacrifício, zelo e perspicácia por homens e mulheres que sabem estabelecer metas ousadas e têm a valentia de lutar para alcançá-las.

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