Novamente vemos
nosso País como palco de esquemas criminosos que minam quantias imensas de
recursos que, se utilizados com honestidade, poderiam beneficiar inúmeros
brasileiros. As consequências nefastas disso não inúmeras. Uma delas – e não
pouco importante – atinge diretamente a autoestima dos brasileiros.
O brasileiro
nutre um grande amor pela sua Pátria. Muitos se emocionam ao ouvir o Hino
Nacional, orgulham-se de ver a bandeira brasileira tremulando em terras
estrangeiras e vivemos ávidos por momentos de glória que, no mais das vezes,
vêm apenas pelo esporte. Mas somos, também, um povo que traz na alma uma baixa
autoestima enquanto cidadãos desta Nação. Crescemos ouvindo comparações de que
tudo o que é nosso é pior do que ocorre lá fora.
Nos últimos anos,
porém, verificamos alguns avanços, talvez trazidos pelo então bom desempenho da
economia. As coisas pareciam melhorar. Víamos nosso presidente certo modo
brilhando no cenário internacional. Não nos importávamos se esses triunfos eram
por mérito próprio do nosso então Chefe da Nação ou se apenas colhia os frutos plantados
por seu antecessor ou mesmo se simplesmente se beneficiava de uma conjuntura
favorável.
Parece que o
mundo começava a olhar para nós com outros olhos, tanto que nos confiaram
simultaneamente uma Copa do Mundo de Futebol e uma Olimpíada. No estrangeiro, o
turista brasileiro deixou de ser desprezado e visto com desconfiança e passou a
ser disputado. Isso, evidentemente, não por outro motivo que os dólares
disponíveis em seus cartões de crédito.
Mais eis que o
cenário de avanços e progressos parece fortemente ameaçado. A economia começa a
cambalear e a palavra crise, que por décadas e décadas ouvíamos e
pronunciávamos, volta ao nosso vocabulário cotidiano.
Nesse contexto,
vêm à tona casos graves e enormes de corrupção, desviando vultuosas somas de
dinheiro público, já escasso para atendimento das necessidades de saúde,
educação etc. E vemos ainda uma grande ineficiência das instituições públicas
para combater eficazmente essa criminalidade.
Diante disso,
acabamos abatidos por um profundo desânimo. E o desapontamento é ainda maior
quando nos atinge num momento em que se começava a acreditar e a esboçar
esforços por mudança. E isso é assim mesmo. Muitos de nós talvez já tenhamos
experimentado algo semelhante na vida familiar ou profissional, quando se tinha
um problema que nos afligia e que parecia ser superado. Porém, se esse problema
volta, a recaída nos deixa pior que antes, pois vem acompanhada de desalento. E
parece ser precisamente esse o nosso sentimento no momento.
Mas não pode ser
assim! Não se lava “à jato” a corrupção de um País. Para que ela seja extirpada
ou ao menos reduzida a pequenos focos pontuais, combatidos e eficazmente
punidos, é preciso começar a semear virtudes com coragem e perseverança nos
ambientes em que vivemos, muito especialmente no coração das nossas crianças.
Trata-se de redescobrir a alegria e a satisfação de sermos honestos. Digamos
aos nossos filhos e amigos que o sorriso desses safados e velhacos que roubam
nosso dinheiro é falso. Não são e nem serão felizes nunca, enquanto se lambuzam
como porcos em seus negócios imundos.
Semear a
esperança nesse cenário desalentador exige a valentia de sermos sóbrios com o
que temos e usamos. Já se disse que “tem mais quem precisa de menos”. Se
ensinarmos os nossos filhos e alunos a não criarem falsas necessidades, nem se
renderem a essa onda de consumismo que nos invade. Se eles souberem valorizar o
que tem e a compartilhar com quem não tem. Enfim, soubermos redescobrir a
satisfação de usarmos os bens deste mundo apenas como meios necessários para a
breve passagem por esta existência, então o roubo e os desvios do dinheiro
público não encontrarão ambiente para se implantarem. É que toda boa ou má
ação, antes de ser praticada, precisa ser cogitada e decidida em nossos
corações.
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