segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Lavando “à jato” a corrupção

Novamente vemos nosso País como palco de esquemas criminosos que minam quantias imensas de recursos que, se utilizados com honestidade, poderiam beneficiar inúmeros brasileiros. As consequências nefastas disso não inúmeras. Uma delas – e não pouco importante – atinge diretamente a autoestima dos brasileiros.

O brasileiro nutre um grande amor pela sua Pátria. Muitos se emocionam ao ouvir o Hino Nacional, orgulham-se de ver a bandeira brasileira tremulando em terras estrangeiras e vivemos ávidos por momentos de glória que, no mais das vezes, vêm apenas pelo esporte. Mas somos, também, um povo que traz na alma uma baixa autoestima enquanto cidadãos desta Nação. Crescemos ouvindo comparações de que tudo o que é nosso é pior do que ocorre lá fora.
Nos últimos anos, porém, verificamos alguns avanços, talvez trazidos pelo então bom desempenho da economia. As coisas pareciam melhorar. Víamos nosso presidente certo modo brilhando no cenário internacional. Não nos importávamos se esses triunfos eram por mérito próprio do nosso então Chefe da Nação ou se apenas colhia os frutos plantados por seu antecessor ou mesmo se simplesmente se beneficiava de uma conjuntura favorável.
Parece que o mundo começava a olhar para nós com outros olhos, tanto que nos confiaram simultaneamente uma Copa do Mundo de Futebol e uma Olimpíada. No estrangeiro, o turista brasileiro deixou de ser desprezado e visto com desconfiança e passou a ser disputado. Isso, evidentemente, não por outro motivo que os dólares disponíveis em seus cartões de crédito.
Mais eis que o cenário de avanços e progressos parece fortemente ameaçado. A economia começa a cambalear e a palavra crise, que por décadas e décadas ouvíamos e pronunciávamos, volta ao nosso vocabulário cotidiano.
Nesse contexto, vêm à tona casos graves e enormes de corrupção, desviando vultuosas somas de dinheiro público, já escasso para atendimento das necessidades de saúde, educação etc. E vemos ainda uma grande ineficiência das instituições públicas para combater eficazmente essa criminalidade.
Diante disso, acabamos abatidos por um profundo desânimo. E o desapontamento é ainda maior quando nos atinge num momento em que se começava a acreditar e a esboçar esforços por mudança. E isso é assim mesmo. Muitos de nós talvez já tenhamos experimentado algo semelhante na vida familiar ou profissional, quando se tinha um problema que nos afligia e que parecia ser superado. Porém, se esse problema volta, a recaída nos deixa pior que antes, pois vem acompanhada de desalento. E parece ser precisamente esse o nosso sentimento no momento.
Mas não pode ser assim! Não se lava “à jato” a corrupção de um País. Para que ela seja extirpada ou ao menos reduzida a pequenos focos pontuais, combatidos e eficazmente punidos, é preciso começar a semear virtudes com coragem e perseverança nos ambientes em que vivemos, muito especialmente no coração das nossas crianças. Trata-se de redescobrir a alegria e a satisfação de sermos honestos. Digamos aos nossos filhos e amigos que o sorriso desses safados e velhacos que roubam nosso dinheiro é falso. Não são e nem serão felizes nunca, enquanto se lambuzam como porcos em seus negócios imundos.

Semear a esperança nesse cenário desalentador exige a valentia de sermos sóbrios com o que temos e usamos. Já se disse que “tem mais quem precisa de menos”. Se ensinarmos os nossos filhos e alunos a não criarem falsas necessidades, nem se renderem a essa onda de consumismo que nos invade. Se eles souberem valorizar o que tem e a compartilhar com quem não tem. Enfim, soubermos redescobrir a satisfação de usarmos os bens deste mundo apenas como meios necessários para a breve passagem por esta existência, então o roubo e os desvios do dinheiro público não encontrarão ambiente para se implantarem. É que toda boa ou má ação, antes de ser praticada, precisa ser cogitada e decidida em nossos corações.  

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