Os escândalos
envolvendo a Petrobrás tiveram repercussão mundial. Basta mencionar, por
exemplo, que a revista britânica “The Economist” trouxe como manchete na sua
penúltima edição o “lamaçal” do Brasil. Isso, aliado a outros fatores, em
especial a crônica desconfiança que temos em nossas instituições públicas, por
certo agrava um problema que já é sério e preocupante entre os brasileiros: a
baixa autoestima.
Mas será
verdadeira essa conclusão? Ou, dito de outro modo, será que tudo mesmo está
irremediavelmente perdido? De nada adiantará, nesse contexto, os nossos
esforços, os nossos trabalhos, o nosso afã por construir a nossa volta um
ambiente em que se respire integridade, honestidade, honradez?
Pessimismo e
otimismo são sentimentos. Como tal, baseiam-se em dados objetivos e
constatáveis. Mas também há nisso uma forte dose de subjetividade. É conhecida
a historieta acerca de um copo em que se colocou água até a metade, em que o
pessimista diz que está “quase vazio” e o otimista o vê “quase cheio”. O
realista diria que está pela metade e, se for uma pessoa que fomenta a
esperança, poderia acrescentar “mas poderemos enchê-lo até a boca”.
Mesmo que o
sentimento se baseie em dados objetivos, ser otimista ou ser pessimista
dependerá sempre da análise que fazemos desses dados. E é precisamente aqui que
encontramos um problema crônico do brasileiro em relação ao seu País: temos uma
forte tendência em nos focarmos no que é negativo e, partindo dessa visão
parcial, ainda que verdadeira, chegamos a conclusões agourentas e muitas vezes
injustas.
Penso que é
missão de todos, mas principalmente dos educadores, quebrar esse círculo
vicioso, que leva desde cedo a martelarmos em nossos jovens e crianças que
somos muito ruins em quase tudo o que fazemos, o que gera uma baixa autoestima
enquanto cidadão deste País e, por consequência, pouco ânimo para lutar para
melhorar as coisas e a construir um futuro melhor.
E, se pensarmos
bem, essa generalização pessimista sequer é justa. Há sim muitas coisas que
fazemos bem. Somos hospitaleiros e solidários. Temos uma grande capacidade de
mobilização para fazermos o bem aos semelhantes. Em suma, podemos definir o
brasileiro como dotado de um coração grande, ainda que por vezes a emoção fale
mais forte que a razão em nosso modo de pensar e agir.
O momento de
crise nos pede realismo, objetividade e disposição para lutar, não o pessimismo,
que é estéril. De fato, como cidadãos devemos desejar que os ladrões que
assaltam esse País sejam punidos e, principalmente, que devolvam o dinheiro que
roubaram. Mas não têm eles o direito de denegrir nem ofuscar o amor que temos e
devemos fomentar por essa Pátria.
Outro dia
presenciei um diálogo entre duas pessoas que observavam descontraidamente a
movimentação na rua de uma grande cidade. Um deles acabava de ler uma notícia
de jornal e sentenciava: “Esse País não tem solução mesmo...”. O outro,
simplesmente observava um estudante que caminhava apressado mas, ao notar a
dificuldade de uma velhinha em atravessar a rua, voltou, tomou-a pela mão e
concluiu pacientemente a travessia. Esse, discordou emocionado: “Tem solução
sim. Veja do que foi capaz de fazer aquele rapaz...”.
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