segunda-feira, 11 de agosto de 2014

O Desafio de Ser Pai

Há pouco comemoramos o Dia dos Pais. É difícil definir os sentimentos que embargam o coração daqueles que tiveram a ventura de trazer filhos à existência em nosso tempo. Alegria, apreensão, incerteza, expectativa... o verdadeiro pânico de um dia virem a se perder no mundo das drogas ou da criminalidade. E quando nos deparamos com esse panorama, é comum pensar que tempos atrás era mais fácil educar. Mas será assim mesmo?



Quando se faz esse desabafo, porém, dizendo que noutras décadas seria menos complicado educar os filhos, muitas vezes fazemos essa análise com base na nossa lembrança dos tempos da própria infância, adolescência e juventude. No entanto, o fazemos com a maturidade de hoje. E, além disso, com uma forte dose de saudosismo, temos a tendência de dizer que “naquele tempo” as nossas artes “eram mais saudáveis”, “a droga não estava tão proliferada” etc.

Mas saudosismos à parte, é certo que o desafio de hoje é mesmo maior. E a diferença não está propriamente na maior tentação que se apresenta para desviar do caminho. Penso que a maior dificuldade está na degradação do conceito de autoridade e, principalmente, num cenário social, político e econômico que não promove a família.

Há basicamente dois caminhos para se construir a autoridade. O primeiro é o que ela mesma constrói. Assim, por exemplo, um pai, um professor, um político que se efetivamente se esforça por fazer o bem para os filhos, alunos e cidadãos acaba por alcançar um prestígio que move os demais a respeitá-lo e, no que se refere às suas atribuições, estimá-lo e obedecê-lo.

O segundo caminho pelo qual se constrói a autoridade é o exterior, dado pelo contexto social. Tomemos um exemplo bem corriqueiro que ilustra isso. Há estudantes do ensino médio que são contratados como estagiários do Fórum. No início, falam informalmente com os juízes, tratam-nos por “você” e isso não por falta de respeito, mas de informação. Com o passar do tempo, notam que todos tratam os magistrados com e reverência. E, de tanto observar isso, acabam também por fazer o mesmo. Nesse caso, o respeito à autoridade é construído externamente.

Pois bem. A autoridade dos pais – que é o que nos interessa hoje – também se constrói pelas duas vias. E é precisamente o aspecto externo que dificulta hoje em dia. Seja uma interpretação equivocada do Estatuto da Criança de do Adolescente, que leva muitos a pensar que os filhos têm direitos e não deveres, seja uma investida maliciosa contra família, seja ainda uma reação distorcida contra um certo exagero de autoritarismo que reinou tempos atrás, o certo é que o contexto social não está estruturado para incutir nos jovens e adolescentes que os pais são autoridades, que merecem respeito e obediência.

Mas não há o que possamos fazer para mudar, em pouco tempo, esse cenário. De fato, todos podem fazer muito para reconstruir o conceito de autoridade que devem os pais desfrutar com os filhos. No entanto, talvez demore décadas para se poder colher os frutos que agora plantamos. Mas os anos passam e nossos filhos precisam ser educados agora. Então não há outro remédio: temos nós mesmos de alcançar o respeito e a estima dos nossos filhos a partir de dentro.

Para isso, temos de ser homens de convicções profundas e inabaláveis. Nossos filhos precisam – e têm direito a isso – de ver e nós homens que passam por dificuldades e contratempos, por vezes duros e tormentosos, mas que seguimos adiante com fortaleza e alegria. E o que nos move? A certeza de que temos uma missão. Sabermos que não fomos lançados a uma existência vã e sem sentido, mas que caminhamos confiantes na construção de um mundo melhor a partir da nossa própria família. A todos um feliz dia dos pais e uma frutuosa semana da família!

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