segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Protestos na França

Milhares de manifestantes se reuniram em Paris e Lyon no penúltimo domingo, dia 2 de fevereiro, em protesto contra a legalização do casamento gay na França. Enquanto isso, aqui do outro lado do Atlântico, limitamo-nos a assistir passivamente uma muito bem orquestrada campanha em nossas telenovelas em favor da causa gay.
Nesse intendo, com uma produção rebuscada e artistas muito competentes, fazem uma verdadeira lavagem cerebral nas pessoas. Com efeito, a “telinha” sempre nos traz homossexuais simpáticos e injustiçados. E, quando se esboça construir um vilão entre eles, no decorrer dos capítulos, o personagem se torna “mocinho”, sob pena de não se atingir o objetivo de fazer com que uma massa pouco pensante de pessoas, facilmente manipuláveis, engula goela abaixo essa ideia sem qualquer reflexão profunda sobre o tema.

Quando a análise de um tema se dá no âmbito puramente emocional a manipulação é extremamente fácil. Basta, por exemplo, que se desenhe um personagem gay ou lésbica simpático, caridoso, prestativo, profundamente apaixonado pela humanidade e, na contracena, se coloque o adepto de ideia contrária como mau caráter, avarento, dado a críticas azedas e, não raras vezes, hipócrita, que não vive de acordo com o que diz acreditar. Não que o apelo à emotividade não seja importante. Somos seres humanos e, como tal, amamos também com um coração e com toda a nossa afetividade. No entanto, é necessário o domínio da razão sobre a emoção. Por isso, os grandes temas que afetam o presente e o futuro da humanidade haveriam de ser objeto de profundas reflexões, sobretudo nos aspectos filosófico antropológico.

Analisada a questão sob esse enfoque, penso que casamento é, por natureza, a união entre um homem e uma mulher que assumem um compromisso público e perene de se doarem um ao outro, formando uma comunhão plena de vida. Essa instituição tem na sua essência a diferença de sexo precisamente porque nessa diversidade surge a complementaridade, cada um dando ao outro (feminilidade/masculinidade) o que esse não possui. E também aos filhos, que há de surgir dessa união, necessitam de um pai e de uma mãe para uma completa formação das suas personalidades, como também necessitam que a sua família seja estável, de modo a que esse habitat natural para que as vidas humanas sejam concebidas e desenvolvidas desempenhem adequadamente o seu papel.

A cultura do gênero fundamenta a família e a união conjugal exclusivamente na afetividade. Assim, casamento seria uma união de duas pessoas (do mesmo sexo ou de sexos diferentes) unidas por uma relação afetiva, como também o grupo familiar seria uma pequena sociedade também sustentada apenas pelos vínculos de afeto, em nada importando, para tanto, os vínculos de sangue ou mesmo a relação de descendência. Penso, com o devido respeito, que o argumento é apenas uma meia verdade e, por consequência, traz também uma meia mentira. É inegável que a relação conjugal e os laços familiares pressupõem e promovem a afetividade entre os seus membros. Mas não se limita a isso nem tem nisso o seu fundamento. Não basta um afeto espontâneo, que pode se deteriorar como tempo. É necessária também a vontade que move cada um a querer amar cada vez mais o outro. E é só essa vontade livre que permite ao ser humano selar compromissos duradouros, bem como lutar para honrar tais compromissos, por amor.

A imprensa internacional, ao noticiar o movimento, cuidou de rotular os manifestantes como conservadores, tradicionalistas, de extrema-direita, além de associarem suas imagens a algum tipo de fundamentalismo religioso. Essa técnica é bem conhecida no mundo da manipulação. Assim como o personagem razinza das telenovelas, aqueles adjetivos são como que âncoras negativas, que desautorizam os argumentos – muitas vezes racionais e frutos da reflexão que apresentam – simplesmente porque provém de alguém taxado de fundamentalista, conservador etc.

Na próxima edição gostaríamos de fazer uma análise sob um enfoque jurídico, mais especificamente, expor nossa opinião sobre como haveria de ser tratada a questão pelo Legislador. Por ora, fica apenas um apelo a uma análise mais racional e menos apaixonada. E, nesse intento, não nos rendamos a sensacionalismos baratos de telenovelas que ofuscam a razão e nos impedem de analisar o assunto com a profundidade que merece.

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