segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Medo dos jovens

Muitos pais receberam indignados e atônitos a notícia do assassinato de um jovem estudante da UNICAMP durante uma festa que ocorria no Campus da Universidade. O desencadear dos fatos que culminou com o lamentável incidente como esse é complexo e cabe à Polícia e à Justiça agora apurar. Apesar disso, já podemos afirmar que um dos aspectos que causa maior indignação aos cidadãos em geral é o festival de hipocrisia que sucede ao acontecimento: “a festa era ilegal”, “a polícia não foi chamada” e, se chegassem até muitos pais cujos filhos lá estavam, em especial dos menores de idade, talvez diriam simplesmente que não têm controle sobre eles.
É interessante notar como paira no ar um verdadeiro pânico em relação a muitos jovens do nosso tempo. Eles foram criados num ambiente que não favorece o respeito a qualquer tipo de autoridade e, quando atingem essa idade em que é natural aflorar mais acentuadamente a rebeldia, não se sabe realmente o que fazer com eles.

A autoridade é, essencialmente, um tipo de influência que exerce a pessoa que a detém em relação àquela que está sujeita a essa autoridade. Esse “poder”, capaz de exercer adequadamente essa influência, pode e deve ser construído pela própria autoridade. Porém, todos os segmentos da sociedade, mas em especial a família e a escola, também devem forjar nos filhos e alunos esse respeito, sob pena de ele não ser edificado adequadamente.

Tomemos alguns exemplos. Se a mãe ou o pai, desde a mais tenra idade, já iniciam a conjugar, na medida certa, carinho e firmeza com os filhos, eles se sentem seguros em obedecer porque se sentem amados. E então a autoridade dos pais se constrói sobre bases sólidas.

Algo de semelhante sucede com os professores. Quando eles se interessam de verdade pelos alunos, demonstram profundo conhecimento da matéria que ensinam, e sabem ser rigorosos quando necessário, mas ao mesmo tempo demonstram sincero apreço pelos alunos, estes se sentem motivados a obedecer, porque encontram neles um modelo seguro a seguir.

Mas a autoridade não se forma apenas de dentro para fora. Também os demais auxiliam a construí-la ou a destruí-la. Assim, mesmo que pai e mãe a exerçam na medida certa se, por exemplo, outras pessoas próximas, como os avós ou algum parente, se dispõem a criticar os pais e as suas ordens diante dos filhos, por mais que aqueles se esforcem, não conseguirão exercê-la eficazmente.

Também na escola pode suceder algo ainda pior. Reina no ambiente escolar uma interpretação deturpada do Estatuto da Criança e do Adolescente que gera em todos a convicção de que os filhos e alunos têm muitos direitos – inclusive o de não obedecer – sem nenhum dever correspondente. Ora, é preciso dizer bem alto que ISSO NÃO ESTÁ DITO EM NENHUM DOS ARTIGOS DESTA LEI! Não é necessário modificar o Estatuto e nem revogá-lo. O que está errado é uma análise míope e distorcida, feita em alguns ambientes escolares. E com ela se mina a autoridade dos professores com essa visão de que os alunos não podem ser contrariados, que não podem ser punidos por suas más ações etc. Em suma, esquece-se que liberdade somente é verdadeira se exercida com responsabilidade.
E então com filhos e alunos “educados” nesse cenário, forja-se um verdadeiro medo de contrariá-los, quem sabe por se temer a sua reação. Talvez isso explique, em parte, porque alguns se dispõem a manter rádios clandestinas ou a promover “festas ilegais”, sem que se tenha a coragem de impedi-los, sem que as autoridades públicas tomem as medidas convenientes, com o rigor, se necessário, para fazer cumprir a Lei.

E, aos pais, que também talvez façam uma leitura equivocada da Lei, convém recordar-lhes um pequeno inciso do nosso Código Civil, que elenca o conteúdo do Poder Familiar. Dispõe o inciso VII do artigo 1.634 do nosso Código Civil que compete aos pais, quanto à pessoa dos filhos menores: “exigir que lhes prestem obediência, respeito e os serviços próprios de sua idade e condição”.

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