segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Ano da Fé

O Papa Bento XVI proclamou recentemente um Ano da Fé, que terá início na próxima quinta-feira, dia 11 de Outubro de 2012, terminando em 24 de Novembro de 2013. E, como preparação e proclamação, redigiu uma carta apostólica intitulada Porta Fidei ­(Porta da Fé).
O documento merece ser lido e meditado. Mas não é nosso propósito comentá-lo. Desejo apenas ater-me a um aspecto que nos parece relevante na educação dos filhos e alunos. Refiro-me ao ponto em que o Papa conclama a todos para intensificar “a reflexão sobre a fé” e a confessá-la, dentre outros ambientes, “nas nossas casas e no meio das nossas famílias”.
Com profundo respeito aos que pensam diferente, acredito que os pais têm o dever de educar os filhos na fé. Essa criatura que vem ao mundo nasce com o direito de que seus genitores, ao mesmo tempo em que lhe transmitem a vida, saibam também dar um sentido profundo e eterno à sua existência. E isso não é relativo nem depende do ponto de vista, ainda que alguns, mais por conveniência do que por convicção, insistam em negar.
Outro dia eu andava a meditar sobre como argumentar com os relativistas sobre as verdades eternas. A minha filha, então com nove anos, percebendo que o pai parecia um pouco distante, me perguntou: “Pai, você está preocupado com alguma coisa?”. Então disse a ela: “Há pessoas que acreditam em Deus e há outras que não. E como dizer às que não acreditam que elas não têm razão?”. Ela pensou um pouco e depois concluiu: “Bem, diga a elas que Deus não deixará de existir somente porque elas não acreditam”.
Transmitir a fé aos filhos não lhes tolhe a liberdade se nos ocupamos de lhes expor não apenas no que cremos, mas, principalmente, por que cremos. A fé não é contrária à razão. Como bem expõe o Santo Padre: “não é possível haver qualquer conflito entre fé e ciência autêntica, porque ambas, embora por caminhos diferentes, tendem para a verdade”.
Além disso, ao transmitirmos a fé aos filhos, temos de fazê-lo com profundo respeito à liberdade das suas consciências. Assim, não é possível impor nada, mas simplesmente propor. Aliás, como bem expõe o Santo Padre no final da sua carta, a fé nos move para o amor. E ninguém pode ser forçado a amar. Com efeito, ou se ama livremente ou não se ama. Nesse sentido, a catequese que se há de levar a cabo no seio das famílias é aquela que promove a transmissão dos conhecimentos acerca de Deus e da natureza humana. Mas esse conhecimento não será jamais um fim em si. Bem ao contrário, há de mover nossos filhos a amá-Lo e a amar aqueles que Ele ama.
Certa vez uma mãe entrou numa igreja para fazer uns minutos de oração. A filha de cinco anos estava com ela. Então a mãe disse: “Filha, aqui você pode conversar com Deus. Você pode pedir a Ele o que quiser”. A criança se ajoelhou e ficou uns instantes em silêncio. Depois saíram. No caminho, pegaram o irmão mais velho, que se encontrava noutro local. Então menina disse a ele: “Pedro, eu fui rezar com a mamãe”. “Ah é?! E o que você pediu pra Ele?”, indagou o irmão. Nesse momento a mãe estava certa de que ela havia pedido para ganhar uma nova boneca. Porém, para surpresa de todos, ela respondeu: “Eu pedi para ganhar um irmãozinho”. A mãe ficou perplexa. E mais surpresos ainda ficaram quando, onze meses após, ela já posava para uma fotografia na maternidade com o irmãozinho no colo...

Penso que é nesse ambiente que o Papa nos convida a viver a fé em nossas casas e no seio das nossas famílias. Com naturalidade, respeito e, sobretudo, comunicando o amor de quem acredita na vida.

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