segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Fortes do bem

“Meu filho é bom, o problema dele são as más companhias...”. Muitos de nós talvez já tenhamos ouvido esse desabafo de pais e mães cujos filhos começam a enveredar por maus caminhos: drogas, alcoolismo, delinquência juvenil etc.
Durante a adolescência as amizades exercem uma influência muito importante. Nessa idade elas e eles se predispõem a fazer o que for necessário para ser aceitos e estimados pelos demais. Assim, se há bons amigos, que cultuam os mesmos valores da família, não haverá grandes problemas na educação. Porém, se o grupo tende para desvios de comportamento, os pais enfrentarão sérias dificuldades na formação dos filhos.
Apesar das amizades serem muito importantes para um saudável desenvolvimento dos filhos, os pais normalmente se sentem impotentes nesse assunto. Isso porque não está ao seu alcance escolher as amigas e os amigos. Sendo assim, como podem agir nesse assunto tão importante?
Na educação um grande desafio é chegar antes, ou melhor, agir preventivamente. Assim, muito antes de se chegar à adolescência, os pais devem se ocupar de formar nas virtudes. Essas podem ser definidas como hábitos bons já arraigados na pessoa, que se através de um esforço reiterado por se praticar atos bons.
Assim, se nos empenhamos para que nossas filhas e filhos adquiram as virtudes adequadas para cada idade, isso os ajudará no momento de escolher suas amizades. Por exemplo, se os treinamos na fortaleza e na sobriedade será muito mais fácil resistir a um ambiente que pressiona para o consumo de álcool, de droga ou ainda para a prática de relações sexuais precocemente e de maneira irresponsável.
Mas isso não basta. Chegada a adolescência, se não se cultivar bons amigos, todo o esforço educativo empreendido até então pelos pais pode se perder em pouco tempo. Por isso, convém estar atentos.
Uma boa iniciativa é manter a casa sempre aberta aos amigos. Deve se fazer um esforço para que as filhas e os filhos tragam as amigas e amigos para casa. E para isso não é necessário que os pais relaxem e os deixem fazer o que bem entendem. O que é preciso é manter um ambiente alegre e acolhedor. É claro que isso dá trabalho, mas é muito eficaz, pois então se poderá orientar, com delicadeza e respeito sobre os bons e maus amigos.
Outro aspecto importante é conhecer os pais das amigas e dos amigos. Se possível, fomentando um convívio de amizade também com eles. Uma vez um jovem que se enveredou para o mundo das drogas fazia exatamente essa crítica aos seus pais. Dizia ele que era muito unido com os “amigos” do vício, ao passo que os pais sequer se falavam entre si. E, diante desse cenário, lançava a seguinte crítica: “porque fostes fracos no bem é que fomos fortes no mal”.
Penso que essa frase deixa uma grande dica para os pais. Não se trata de formar uma espécie de “liga de pais” para os vigiar. Até porque um grande dom que as nossas filhas e os nossos filhos têm é a liberdade, de modo que somente poderão ser mulheres e homens responsáveis e felizes se o quiserem sê-lo livremente.
No entanto, é necessário que elas e eles se sintam inseridos num contexto de cuidado, de modo que percebam que são verdadeiramente importantes. Assim, se há sintonia entre família e colégio, bem como se os pais se unem por laços fraternos que os movam a lutar juntos por seus filhos, é muito pouco provável que ainda assim se enveredem por maus caminhos.

Vivemos num mundo em que as relações humanas empobreceram bastante. A visita aos amigos e parentes foi substituída pelos relacionamentos virtuais. No entanto, isso não é um fenômeno irreversível. Ainda podemos criar e fomentar boas amizades. E, nesse sentido, um grande desafio será ser amigos dos nossos filhos, amigos dos amigos dos nossos filhos e amigos dos pais dos amigos dos nossos filhos. Com isso, além de darmos um tom muito mais humano às nossas próprias vidas, agiremos de maneira muito mais eficaz na sua educação.

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