segunda-feira, 14 de maio de 2012

O dom de ser mãe

Ontem foi dia das mães. Talvez uma maneira interessante de prestarmos uma justa homenagem àquelas que receberam o imenso dom da maternidade seja fazermos uma análise do papel da mulher em sociedade e, principalmente, o que se espera delas nesse mundo em que vivemos.
No século passado e nesse início do atual as mulheres obtiveram enormes conquistas na luta pela igualdade jurídica em relação aos homens. O resultado é que exercem atualmente um papel relevantíssimo nos mais diversos segmentos do mundo do trabalho. São elas operárias, prestadoras dos mais variados serviços, executivas, empresárias, magistradas e até Presidenta da República.
Penso que esse fenômeno é irreversível e é muito bom que elas ocupem os mais diversos postos, pois em todos dão um tom feminino, imprescindível para tornar mais humanas as relações.
No entanto, a busca pelo sucesso profissional tem representado, não raras vezes, uma verdadeira guerra psicológica contra elas próprias. Com efeito, exige-se da mulher uma constante ascendência no trabalho, sob pena de vir a ser uma mera mãe de família ou, pior ainda, uma simples dona de casa. Isso seria, no pensar de muitos hoje em dia, o mais temível fracasso a que pode ser relegada. É como se essa profissão – se é que se pode chama-la assim – fosse o castigo que se impõe pela incompetência profissional.
E se as que optam por se dedicar inteiramente ao marido e aos filhos são vistas com esse cruel preconceito, por outro lado, as que exercem um trabalho fora do lar, com frequência têm de suportar uma carga maior de responsabilidade no cuidado da casa e educação dos filhos.
Em ambos os casos, portanto, há situações de injustiça. Se a sociedade, o Estado, as empresas e as instituições em geral se beneficiam com o trabalho da mulher, penso que os encargos disso haveriam de ser suportado igualmente por todos.
É triste notar como o sucesso profissional da mulher é frequentemente acompanhado pelo fracasso no lar. Por que seus casamentos não deram certo? Foram elas que priorizaram o trabalho em prejuízo do marido e dos filhos? Ou faltou a cooperação deles e condições especiais de trabalho que permitissem que elas conciliassem a missão de mãe e esposa com o trabalho profissional?
É fundamental uma participação mais ativa do homem na família. Não se trata apenas de “ajudar” a esposa na educação dos filhos e administração do lar. É necessário compartilhar igualmente as responsabilidades. E pai e mãe não encontrarão essa sintonia com uma simples acomodação de interesses contrapostos, como ocorre num contrato: “eu faço isso e você em troca me dá aquilo”. Não. Tem de haver uma cooperação de amor com unidade de propósitos: o bem do outro e dos filhos.
Mas se por um lado se há de assegurar à mulher condições favoráveis para obter o sucesso profissional sem prejuízo da sua missão no lar, por outro se há de respeitar aquelas que livremente optam por dedicar integralmente ao marido e aos filhos. É preciso gritar bem alto que não se trata de um trabalho de terceira categoria! Todos os trabalhos honestos são igualmente dignos. Não há uma função mais nobre que as outras. Mas se há uma que pode ser considerada mais sublime é aquela que exerce a mãe na família. É que somente a sua delicadeza e ternura podem forjar um ambiente propício para uma saudável formação dos filhos e convivência amistosa do casal.
O “feliz dia das mães!”, que talvez tenhamos pronunciado há pouco, somente poderá ser considerado um desejo sincero se nos comprometermos de verdade em buscar as condições para que elas sejam verdadeiramente mães. Para isso, não basta o simples reconhecimento e agradecimento dos filhos. É necessário um engajamento dos pais e da sociedade em geral para que a maternidade não represente jamais um fardo pesado para ela. Ao contrário, que seja um dom que a liberta de um egoísmo estéril, promovendo a vida em plenitude de novos seres, também chamados a viver uma imensa e inesgotável felicidade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário