segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Uma censura necessária

Na semana passada comentamos, nesta coluna, sobre o Big Brother à luz do direito à intimidade. Naquela oportunidade, questionamos se a programação de nossas emissoras de televisão estaria de acordo com os princípios instituídos pelo artigo 221 da nossa Constituição Federal. Mas enquanto as autoridades competentes não tomam providências – e sequer sabemos se isso ocorrerá um dia – há outro aspecto da questão que talvez seja ainda mais relevante: O que os pais podem ou devem fazer para que impedir ou diminuir os efeitos nefastos causados por alguns programas exibidos pela TV?
Em muitos dos nossos lares, além de se gastar parte considerável do tempo assistindo TV, criou-se o hábito de deixá-la ligada o dia todo. Parece que o silêncio incomoda. Talvez porque ele nos traga indagações mais transcendentes acerca do sentido da vida e da razão da nossa existência. E, se ainda não obtivemos as respostas para elas, acabamos por cair num terrível vazio existencial.
O que talvez nos passa despercebido é que, se não selecionamos os programas nem controlamos o horário em que nós e nossos filhos assistiremos TV, ela pode se converter numa espécie de “louca da casa”. Com efeito, a qualquer momento, no meio da tarde, ela pode se mostrar erótica, mostrando cenas indecentes, apenas para vender cerveja. Outras vezes, ela se dedica fazer sensacionalismo com notícias de crimes, instigando os expectadores a condenarem os “culpados” muito antes de sequer se instaurar um processo judicial.
E quando a louca inventa de nos distrair com as telenovelas... Aí ela se supera na doidice. O mocinho que nos apresenta, quase sempre é muito mais bonito e elegante que virtuoso. Na verdade, a sua única virtude é ser fisicamente apresentável. Com frequência esse “herói” já está lá no seu terceiro ou quarto relacionamento passageiro com uma mulher e cobiçando a quinta... Mas ele tem razão – tenta a louca nos convencer – afinal, as suas esposas anteriores foram umas megeras...
Porém, se não quisermos expor os nossos filhos e essas “loucuras”, a TV tem um equipamento fantástico: o controle remoto. Com ele podemos mudar de canal e... vejam que maravilha, podemos fazê-la calar, ou seja, desligá-la!
Conheço uma família, em que os filhos são muito bem educados, que desenvolveu o hábito saudável de não assistirem TV após o jantar nos dias de semana. Após uma conversa descontraída, dedicam-se à leitura ou aos jogos entre os irmãos, por vezes com a participação dos pais. No início, isso exige renúncia e sacrifício. Mas, com o passar do tempo, a qualidade do convívio familiar tende a crescer muito de modo que compensa o esforço.
Também há muitos bons filmes que podem ser utilizados na formação dos nossos filhos. Há inclusive bons livros que os classificam e comentam conforme as qualidades que desejamos fomentar: amizade, amor ao próximo, valorizar a família etc.
Isso não quer dizer que não se deva assistir TV. Penso que isso seria quase impossível no estilo de vida que assumimos modernamente. Além disso, há programas muito bons, que trazem informação e cultura. Assim, o grande desafio é selecionar de antemão os programas que de fato trarão benefício aos nossos filhos, ou ao menos que sejam uma diversão que não destrua os valores que buscamos transmiti-los.

Ao fazermos esse filtro dos programas, talvez alguém possa questionar: “Mas não será isso uma forma de censura?”. E a isso se pode responder com toda a tranquilidade que sim. Mas quem é que disse que não há uma censura saudável? De fato, devemos repudiar com toda veemência a censura de cunho ideológico que fazem os regimes totalitários. No entanto, se o diretor de um canal de comunicação pode escolher que notícias irá veicular ou que programa irá exibir em sua emissora, por certo que os pais de critério, ocupados seriamente com a educação dos seus filhos, também podem e devem escolher com muita atenção o que convém e o que não convém que eles assistam.

Nenhum comentário:

Postar um comentário