Em sua mensagem para a Celebração do 45º Dia Mundial
da Paz, o Papa Bento XVI convida a todos para educar os jovens para a justiça e a paz. A carta é belíssima e
deveria ser meditada por todos que se dedicam à educação, especialmente os pais
e professores. E um tema de especial importância, que é abordado pelo Pontífice
com precisão e profundidade é a liberdade:
A educação é a
aventura mais fascinante e difícil da vida. Educar – na sua etimologia latina
educere – significa conduzir para fora de
si mesmo ao encontro da realidade, rumo a uma plenitude que faz crescer a
pessoa. Este processo alimenta-se do encontro de duas liberdades: a do adulto e
a do jovem. Isto exige a responsabilidade do discípulo, que deve estar
disponível para se deixar guiar no conhecimento da realidade, e a do educador,
que deve estar disposto a dar-se a si mesmo. Mas, para isso, não bastam meros
dispensadores de regras e informações; são necessárias testemunhas autênticas,
ou seja, testemunhas que saibam ver mais longe do que os outros, porque a sua
vida abraça espaços mais amplos. A testemunha é alguém que vive, primeiro, o
caminho que propõe.
O Papa ressalta ainda que o reto uso da liberdade é um ponto central na promoção da justiça e da
paz. Nesse intento, destaca também a necessidade da confiança recíproca, da capacidade de encetar um diálogo construtivo,
bem como a prontidão ao sacrifício.
Não há verdadeira educação sem um profundo respeito
pela liberdade. E não se educa com liberdade e para a liberdade se não houver confiança
em quem é educado. A confiança é fundamental em qualquer relacionamento humano.
Não podemos ficar a todo tempo checando a veracidade das informações que
recebemos. Mas ela é ainda mais imprescindível entre pais e filhos e entre
alunos e professores.
Hoje é comum que as escolas, visando coibir
determinados comportamentos inadequados (Bullying,
consumo de drogas etc.) equipem as suas dependências com câmeras de vídeo. Também
muitos pais e mães se dedicam a espionar o quarto ou os objetos dos filhos. E
isso para que, quando os surpreender em alguma infração, possam ser punidos.
Com isso, os pais ou as instituições de ensino podem obter alguns resultados
positivos. No entanto, só com essas atitudes não educam, no verdadeiro sentido
da palavra. É que a educação exige que o educando saiba encontrar em cada
situação de sua vida o verdadeiro bem e que tenha fortaleza para buscá-lo.
Assim, deve tratar com respeito aos colegas e demais pessoas não apenas para
não serem flagrados e punidos, mas por reconhecer no semelhante uma pessoa
dotada de imensa dignidade e, portanto, merecedora de um profundo e
incondicional respeito.
Isso não quer dizer que os educadores não devam estar
vigilantes. E muitas vezes será necessária a punição. Mas o objetivo principal
do educador não é simplesmente obter uma conduta exterior que se amolde a
determinados padrões. Devem saber forjar um sentido de responsabilidade que os
mova a procurar o bem próprio e alheio em todos os seus pensamentos e ações por
amor e não exclusivamente por temor.
Para isso é fundamental que se estabeleça uma relação
de confiança entre quem educa e quem é educado. Quando confiamos e demonstramos
essa confiança em nossos filhos e alunos estamos também fomentando neles a responsabilidade.
Confiar é, também, uma questão de justiça. É mil vezes melhor que eles nos
enganem uma vez ou outra do que cometamos uma só vez a injustiça de duvidarmos
deles quando nos dizem a verdade.
Todo homem e toda mulher nascem com um anseio
irreprimível de felicidade. E cabe ao educador apontar-lhes o caminho por onde
a encontrarão. Assim, educar é uma magnífica demonstração de confiança do
Criador. Ora, se Ele nos confiou tão sublime missão, como poderemos exercê-la
sem depositar em nossos filhos ou alunos a mesma confiança que nos foi
depositada ao assumirmos a paternidade, a maternidade ou o magistério?
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