Já estamos próximos de comemorar mais um Natal.
É impressionante notar como frequentemente nos deixamos dominar por um intenso
ativismo nesse tempo. Parece que buscamos freneticamente – e quase sempre em
vão – terminar o ano sem nenhum problema por resolver. Mas será que a
felicidade verdadeira consiste em viveremos numa situação ideal em que as
coisas aconteçam exatamente como havíamos planejado?
Talvez nos ajude a encontrar um sentido mais
profundo para as nossas vidas se meditarmos no verdadeiro significado do Natal.
E podemos buscá-lo nesse reencontro com cada um daqueles personagens que
contemplamos no presépio.
Comecemos por aquele grande homem que vemos
muito próximo à Mãe e ao Menino. Reparemos no exemplo magnífico de José: atento,
fiel, nobre e generoso. Sua função é cuidar da Esposa e do Filho. Que formosa
passagem! Esse é verdadeiro espírito do Natal. José é o verdadeiro exemplo a
ser imitado por nós, pais de família. Com que solicitude e carinho tratamos a
nossa esposa? Interessamos por seus problemas, anseios e aspirações? Ou nos
limitamos a nos derramar na poltrona, como o copo de cerveja ao lado, enquanto
ela, aflita, prepara a festa? Dispensamos atenção aos filhos, incutindo neles o
mesmo espírito, ou cuidamos que brinquem com os presentes que ganharam e não nos
incomodem nesse dia de muita comida e bebida?
Nesse cenário, o
nascimento é o acontecimento mais importante. Essa passagem é de todos conhecida, embora nem tanto imitada. “E
aconteceu completarem-se os dias em que deveria dar à luz, e deu à luz o seu
filho primogênito, e O enfaixou, e O
reclinou numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria” (Lc
2, 6-7).
Reparemos na delicadeza da Mãe. Faltava-lhes
tudo. O menino nasceu num curral, com o cheiro característico desse local. Mas,
ao mesmo tempo, podemos vislumbrar a criatividade com que se converteu o lugar
inóspito em algo acolhedor, com sabor e calor de lar. Maria é um convite perene
às mulheres de todos os tempos para que reconheçam o seu papel de primazia na
condução dos rumos da sociedade. Ouso repetir para que fique bem claro: muito
mais que aos homens, a elas cabe traçar os rumos da humanidade. É que lhes cabe
a função de criar nos lares um ambiente de paz, serenidade e alegria que tanto
contribui para que os filhos desenvolvam as suas personalidades e, portanto, assim
formados, construam um mundo melhor.
Em nosso tempo, observamos um incrível
crescimento da participação da mulher nos mais diversos setores da sociedade:
são presidentes de nações, magistradas, altas executivas, operárias etc.
Desempenham papéis de relevo também fora do lar, onde já contribuem de maneira
fantástica para o desenvolvimento social. Mas o local em que ocupam o cargo de
diretora-presidente, com caráter vitalício e inamovível é no lar. E
desempenhando trabalho externo, não podem nunca esquecer que somente ela pode
dar à casa o doce sabor de lar, cuidando dos pequenos detalhes que tornam
agradável o convívio familiar. E a nós, homens, nessa empresa, além de
operários, encarregados de serviços diversos, o maior cargo que podemos almejar
é o de consultor geral da diretora-presidente ou, para os muito ambiciosos,
ministros da economia.
E eis que aparecem uns visitantes inesperados:
os Magos. Esses sábios viajaram muitos dias para contemplar esse fato
extraordinário. E levaram presentes muito caros para a época. Mas o maior
presente que deram foi a si próprios. Sim, dar-se ao Menino e, por Ele, aos
demais. Natal é tempo de reflexão e, por conseqüência, de propósitos. Qual foi
nossa disposição e ação em benefício do próximo neste ano que se finda? Que
faremos concretamente no vindouro? Que o afã das muitas ocupações diárias não
ofusque o brilho da estrela que guiou esses sábios. E se ela por momentos se
apagar, tal como fizeram eles, tenhamos persistência, vale a pena.
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