segunda-feira, 6 de junho de 2011

Rebeldias na Adolescência

Muitos de nós, pais, aguardamos com apreensão a chegada da adolescência em nossos filhos. E, quando chega, notamos que não era para menos. Com efeito, as suas rebeldias e espírito contestador parecem que vão nos enlouquecer. Mas se aprendermos a olhá-los com outros olhos o relacionamento entre pais e filhos pode ser muito saudável e enriquecedor, tanto para os pais como para os filhos.
Um primeiro ponto que devemos considerar é que não há adolescência, mas adolescentes. Ou seja, ainda que possamos encontrar algumas características comuns, não podemos nos esquecer de que cada ser humano é único. Assim, é muito importante evitar todo tipo de comparação do tipo: “por que você não faz igual o seu irmão? Veja como está o guarda-roupa dele e depois olha o seu!”. Ou ainda: “A sua prima é uma excelente aluna. Agora veja as suas notas! Por que você não faz igual a ela?”. Essas frases, além de não produzirem nenhum efeito pedagógico, podem até fomentar a inveja e um mau espírito de competição. Nossos filhos não têm de ser igual a ninguém. Ao contrário, devem ser eles mesmos, mas se esforçar para dar o máximo de si em tudo o que fizerem. E para isso contam com a nossa ajuda.
É interessante notar que os adolescentes têm uma enorme necessidade de carinho, ainda que externamente demonstrem o contrário. É certo que fogem dos beijos e abraços da mãe, especialmente os rapazes, como o gato da água. No entanto, eles esperam que lhes mostremos que os amamos de verdade, seja em detalhes de atenção, seja sabendo encontrar um tempo para estar com eles, seja ainda surpreendendo-os com algo que lhes agrada.
Outra dificuldade que encontramos é como manter um diálogo de qualidade no qual surjam oportunidades de formá-los. Com efeito, aquela criança ativa e brincalhona se converteu agora num ser incompreensível. Se o deixarmos fica até de madrugada na internet, em jogos e conversas virtuais com os amigos. Depois, durante o dia, arrasta-se sonolento pela casa. Por isso é muito importante fomentar nessa idade a virtude da fortaleza. Ainda que estejam de férias, é saudável ajuda-los estabelecer um horário, nisso incluído o momento de dormir, de acordar, de praticar um esporte, limitando o tempo que ficarão no computador, na TV e no videogame. Não se trata de impor isso a eles. Aliás, se há uma coisa que eles odeiam são nossas imposições. Mas é conveniente que lhes mostremos os benefícios que podem ter em organizar as suas vidas e ajuda-los nisso. E depois, que sejamos exigentes em fazê-los cumprir. Mas com um sentido positivo, sem brusquidões nem nos perdemos em eternas lamentações: “eu já te falei mil vezes!”.
Nessa fase eles passam horas a conversar com os amigos numa linguagem que quase não entendemos. Com os pais, porém, parecem só saber pronunciar monossílabos. Às nossas intermináveis perguntas, respondem: “sim, não, hã rã!”. Apesar dessa aparente dificuldade, é possível mantermos um diálogo. Basta que estejamos atentos para o que eles nos falam. Quando soltam algo, por mais insignificante que pareça, devemos perceber que se trata de uma porta que se abre em seu coração por onde se pode iniciar uma conversa. A partir daí, com sabedoria e sentido de oportunidade, podemos conduzir o assunto para algo que nos pareça importante para a sua formação.

Na edição do dia * o Correio Popular trouxe uma reportagem sobre as opções de cicloturismo, um ramo que tem crescido bastante no Brasil e no mundo. Aproveitei a dica e fiz novamente uma viagem pelo Caminho da Fé. Também nos acompanharam alguns amigos, meus e deles. A experiência é fantástica. Há os riscos normais dessa atividade. Mas enquanto pedalam e empurram a bicicleta em uma subida e outra, vemo-los se superarem na busca de um objetivo. Além disso, nesse ambiente bucólico, podemos observá-los melhor e com mais atenção. E é surpreendente notar como esses “rebeldes adolescentes” são capazes de atos de solidariedade com os amigos e de esforço que lhes forjará uma fortaleza necessária em muitas fazes de suas vidas. E a propósito, ninguém sentiu a menor falta da internet e de nada do mundo virtual. O único que fugiu a essa regra foi o pai deles... para escrever e enviar esse artigo.  

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