Na
semana passada os jornais exibiram as fotos do encontro das Presidentes do
Brasil, Dilma Rousseff, e da Argentina, Cristina Kirchner. O momento é
histórico, pois é como que o ponto culminante das grandes conquistas que a
mulher conseguiu em nosso continente sul americano e também em grande parte do
mundo.
É bom
notar que as mulheres cada vez mais ocupam cargos importantes nas empresas,
instituições e na Administração Pública. Não foram pequenos os obstáculos que encontraram
para alcançar a igualdade jurídica, bem como inúmeros foram os percalços que
passaram para ter reconhecida a sua dignidade enquanto pessoa.
Porém,
apesar dos avanços na legislação e a mudança da mentalidade que permitiu que a
mulher agora ocupe cargos e exerça direitos outrora reservados aos homens,
temos de nos indagar se ela é valorizada e reconhecida como tal. Não se trata
de discutir se as mulheres são superiores ou inferiores aos homens, mas
reconhecer o que é evidente pela natureza das coisas: são diferentes.
Homens
e mulheres são radicalmente iguais e estruturalmente distintos, afirma a teoria
antropológica personalista. São radicalmente iguais, pois ambos são pessoas
exatamente na mesma medida e possuem idêntica dignidade. Porém, a sexualidade
marca todo o modo de ser. A mulher, nesse sentido, não se distingue do homem
apenas no aspecto físico. Mais que isso, pensa como mulher, age como mulher,
sente como mulher e ama como mulher. Não entender isso, pior, ignorar esse fato
é talvez a maior discriminação que se lhe pode praticar.
Um
aspecto de especial relevância nesse modo de ser mulher é a maternidade.
Algumas renunciam a esse direito por motivo de uma missão especial que se
sentem incumbidas. A grande maioria delas, porém, ainda alimenta o sonho de ser
mãe. Nesse sentido, essa mesma sociedade que se beneficia com a presença da
mulher nos mais diversos setores está preparada para lhe fazer justiça,
permitindo que cuide dos filhos com o mesmo esmero ou mais com que se dedica ao
trabalho profissional? Não será ela alvo de constante pressão para não ter
filhos, pois isso implicaria atraso e retrocesso em sua carreira? O desempenho
simultâneo dos papéis de trabalhadora, esposa e mãe não é frequentemente motivo
de tensões que lhe roubam a paz?
A nova
maneira de ser mulher na sociedade exige um novo modo de ser homem,
especialmente na família. Trata-se de dividir de forma mais justa os afazeres
domésticos e, principalmente, que o pai tenha uma participação ativa na
educação dos filhos. Para se ter uma noção de como ainda precisamos evoluir
nesse sentido, podemos fazer uma estatística da proporção entre o número de
pais e de mães que comparecem às reuniões escolares. Por que eles nem sempre comparecem?
Estão cansados do trabalho? E a mãe não está também em igual ou maior
intensidade cansada?
É de
se aplaudir a ampliação dos direitos sociais (licença maternidade de seis
meses, p. ex.). Mais que isso, exige-se uma nova postura da sociedade no
sentido de valorizar a maternidade, de não exigir da mulher que o sucesso
profissional se sobreponha aos outros aspectos que lhe são também
imprescindíveis para que a mulher desenvolva a sua personalidade.
Se a
mulher agora ocupa os cargos de destaque nos mais diversos setores, e é muito
bom que todos eles se beneficiem do jeito feminino de ser, temos também que
pagar o preço por isso. Não podemos impor às mulheres a terrível injustiça de
renunciar à maternidade para serem juízas, empresárias, parlamentares,
governantes e trabalhadoras em geral. Ao contrário, as tarefas no lar devem ser
repartidas de maneira mais equitativa e os direitos sociais ampliados para que
sejam boas profissionais, sem prejuízo de serem verdadeiramente mães. Afinal,
não há lar que se sustente sem a sua ternura e sem o seu calor.
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