segunda-feira, 29 de novembro de 2010

O Papa e o preservativo

As declarações do Papa Bento XVI ao jornalista Peter Seewald, publicadas no livro Luz do Mundo, têm causado um verdadeiro rebuliço na mídia. Chega-se a “profetizar”, a partir das palavras do Pontífice, ou das distorções que se fazem delas, que seria um primeiro passo rumo a uma nova visão da Igreja sobre a sexualidade. Será esse pronunciamento o início de uma mudança da moral católica acerca desse tema?
Não é possível entender a posição da Igreja Católica sobre o preservativo sem compreender a sua mensagem sobre o amor conjugal. Em sua primeira encíclica, “Deus é amor”, o Papa Bento XVI, buscando esclarecer a natureza do amor de Deus pelo ser humano, vai buscar como fonte para que possamos entender como Deus nos ama exatamente o amor conjugal entre o homem e a mulher.
Os laços que se estabelecem entre o homem e a mulher que se uniram em matrimônio são da mesma natureza daquele que nos unem a Deus. E é nesse contexto que se insere a sexualidade. Não é ela algo vergonhoso. São Josermaria Escrivá chegou à ousadia de comparar o leito conjugal com um altar. Portanto, uma realidade em que Deus se faz presente e abençoa.
No entanto, sendo expressão do amor do homem e da mulher, não há como dissociar a relação sexual dos fins do matrimônio, que são bem dos cônjuges, traduzido na ajuda mútua, e a criação e educação dos filhos.
Desse segundo fim natural do matrimônio é que advém todo o ensinamento da Igreja em relação à contracepção. Ou seja, esse amor entre o homem e a mulher, expressão do amor de Deus pelo ser humano, há de estar aberto à vida. Isso não quer dizer que somente se deva buscar o ato sexual com a intenção de gerar filhos. O prazer sexual em si é algo bom para os cônjuges. Também a gravidez, havendo justas razões, pode ser evitada pelos métodos naturais de contracepção. Contudo, um casal cristão que se dispõe a seguir os ensinamentos da Igreja em todos os aspectos, menos nesse, seja usando preservativo, seja se valendo da esterilização, no fundo está como que dizendo a Deus: “o Senhor pode estar presente em todos os aspectos da minha vida, no trabalho, na família etc., menos nesse. Aqui queremos que o Senhor não se intrometa”. Com isso, porém, perde-se o aspecto mais sublime do amor humano, que é exatamente a sua natureza divina.
Mas como explicar o pronunciamento do Papa no sentido de que “em alguns casos, quando a intenção é reduzir o risco de contaminação, (o uso do preservativo) pode ser um primeiro passo para abrir o caminho a uma sexualidade mais humana, vivida de outro modo”.
O contexto em que o Papa propõe que seja vivida a sexualidade de modo a promover a dignidade humana é no matrimônio. Quando, porém, se rompem as regras da moral, surge a questão do mal menor. Por exemplo, trata-se de norma de direito natural o respeito ao patrimônio alheio. No entanto, são possíveis vários níveis de violação a essa norma, de modo que o furto, que é cometido sem violência ou grave ameaça é menos grave que o roubo, e esse é menos grave que o latrocínio, em que o ladrão mata para roubar.
O mesmo se diga com relação ao relacionamento sexual. Em que pese todo o ensinamento da Igreja acima mencionado, há os que não aceitam essa visão e defendem o “sexo livre”, totalmente dissociado da abertura aos filhos e como um mero ato de satisfação de uma necessidade fisiológica. Nesse contexto, o uso do preservativo com propósito de respeitar a vida do parceiro é um mal menor que o risco de contaminação por doenças sexualmente transmissíveis.

Penso que o Papa nos dá um exemplo de carinho e compreensão que devemos ter para com todos, em especial com os que não têm a mesma fé ou as mesmas convicções que as nossas. Se perguntarem a nós cristãos o que pensamos a respeito do assunto, diremos com toda a sinceridade que relacionamento sexual é um ato de amor entre um homem e uma mulher unidos em matrimônio. Mas isso não nos autoriza qualquer atitude de menosprezo ou falta de respeito com quem pensa ou aja de forma diferente. Tanto nos interessa a vida e a saúde deles que se aconselha o uso de preservativo como forma de proteger a vida alheia. Mas nós, cristãos, temos também o direito de dizer a quem queira ouvir que isso não é amor humano verdadeiro, nem relacionamento sexual saudável, nem tampouco que serão felizes os que perambulam por esses caminhos.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Casamento: até quando?

Recentes alterações legislativas facilitaram enormemente o divórcio. Desde 2007 a separação e o divórcio consensual em que o casal não possua filhos menores já podem ser feitos diretamente em cartório, sem a necessidade de qualquer decisão judicial. E, desde julho deste ano, quando entrou em vigor a Emenda Constitucional n. 66/2.010, o divórcio pode ser realizado a qualquer tempo, ou seja, não mais se exige um tempo mínimo de casamento, nem tampouco a prévia separação judicial ou de fato. Diante desse novo cenário jurídico, podemos nos indagar se as mudanças serão benéficas para o casal, para a família e para a sociedade em geral.
Penso que numa visão mais imediatista e superficial as alterações podem ser justificadas. Há uma forte tendência em se facilitar o acesso do cidadão aos serviços públicos, bem como que esses sejam prestados da maneira cada vez mais célere e eficiente. Nessa linha, não convém exigir que as partes procurem o Poder Judiciário para se divorciar, com as demoras, custos e entraves que isso implica, se podem fazê-lo diretamente em cartório. De igual modo, exigir um tempo mínimo de casamento, no mais das vezes, representava apenas um entrave burocrático imposto pelo Estado, pois em muitos casos a união conjugal já estava mesmo desfeita e apenas se aguardava para regularizar a situação.
Porém, se por um lado a alteração legislativa é coerente com uma visão pragmática, por outro, é ela o ponto culminante de um fenômeno social no mínimo preocupante, qual seja, a banalização do casamento. A possibilidade de se divorciar no mesmo dia em que se casou, se assim o quiserem, retrata uma postura pouco responsável perante o próprio matrimônio.
Um dos mais importantes ingredientes para o sucesso na vida conjugal é a maneira como o homem e mulher tomam essa decisão. Conta-se que Hernán Cortés, o conquistador espanhol, ao desembarcar no México, afunda os seus barcos a fim de evitar deserções e penetra no continente. Penso que essa deva ser a postura correta para quem busca o casamento: afundar os barcos que os pudessem conduzir à vida de antes. É que quando se encara como um caminho sem retorno, então não se medem os esforços para que haja sucesso. E vale a pena, pois desse empenho diário por honrar o compromisso assumido depende, em grande medida, a felicidade do casal, a formação dos filhos e a própria sobrevivência da sociedade.
Certa vez soube de um pai que, ao se despedir da filha que saia em lua-de-mel, resolveu dizer-lhe: “olha filha, vou deixar o seu quarto montado do jeito que está. Se não der certo...”. Péssimo conselho! Se não der certo? Ora, se for com essa visão que ela se entrega ao marido o casamento já faliu antes mesmo de começar.
Igual efeito deletério poderão ter as recentes inovações legislativas. A banalização do casamento é agora oficial. Com isso, as inúmeras facilidades para se obter o divórcio podem ter o efeito de estimular as pessoas a buscarem o casamento de maneira irresponsável.

Não são com entraves burocráticos que conseguiremos manter a estabilidade e a felicidade nas famílias. Porém, agora com a chancela do Estado estimulando cada vez mais o divórcio será um grande desafio formar em nossos jovens a convicção sobre a responsabilidade que devem ter ao se decidirem pelo casamento. Na edição da última terça-feira, o Correio Popular trouxe a emocionante história de vida do Sr. João Bicudo e da sua esposa, Luzia. Em dezembro eles completarão 60 anos de casados! E ela dá um conselho que bem pode servir de conclusão a tudo o que falamos: “É preciso muita fé, amor, paciência e diálogo. Casar é uma decisão séria. É um compromisso que não pode ser assumido num ato impulsivo”.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Motivação no trabalho

Muito se prega e debate hoje em dia sobre a necessidade de motivar os funcionários a trabalharem com afinco para atingir as metas propostas. Felizmente, cada vez mais as instituições estão se conscientizando de que o seu maior bem são as pessoas e que essas, para desempenharem um trabalho de modo eficiente e eficaz, precisam estar vibrantes. Mais ainda, hão de estar dispostas a dar o máximo de si em busca de algo que, para elas, valha a pena lutar.
Em busca da tão necessária motivação, muito se tem feito e estudado. Surgem, então, inúmeras teorias. Ora se prega a premiação com aumentos de salários ou concessões de gratificações, ora se diz que o importante é atrelar as promoções aos méritos apurados, ora se afirma que é necessário reconhecer o esforço. Ainda nesse intento de manter os trabalhadores motivados, a psicologia estuda a caracterologia das pessoas de modo a encontrar, em cada uma, a forma mais adequada estimular a vontade.
Essas iniciativas são válidas e podem até proporcionar algo de bom aos trabalhadores. Afinal, motivação, vibração e realização profissional são conceitos próximos, ainda que não necessariamente atrelados. Mas talvez alguns especialistas no assunto estejam se equivocando ao tentar encontrar em cada pessoa um meio de motivá-las segundo as suas personalidades, esquecendo-se de que, de certo modo, se poderia também ensiná-las a buscar essa motivação em algo que não haviam pensado antes.
Dizem que “onde está o nosso tesouro aí estará o nosso coração”. Com isso, num grupo de pessoas em que o dinheiro é a única coisa que importa, a motivação somente viria com a promessa de vantagens econômicas. Noutro que gosta da fama, a solução seria publicar no jornal da instituição a foto dos “profissionais do mês” e assim sucessivamente. É fácil de se constatar, porém, que essas premiações possuem um efeito muito passageiro. O dinheiro se torna rapidamente insuficiente, e então se quer mais e mais... e é difícil encontrar uma empresa que consiga aplacar essa ânsia monetária por muito tempo. O mesmo se aplica aos expedientes que simplesmente aguçam a vaidade. É bom e é justo que se premie economicamente o esforço e que esse seja reconhecido publicamente, mas há que se buscar algo mais duradouro a sustentar as pessoas nas suas instituições.
Não há motivação duradoura se estiver embasada exclusivamente na busca de satisfações egoístas. Nesse sentido, o maior desafio é fazer enxergar em cada atividade, por mais simples e sem importância que pareça, o bem para o próximo que um trabalho bem feito proporciona. O que é mais importante, a sentença do juiz ou o trabalho da faxineira que, pela manhã, limpa a sala de audiência? É mais importante aquele que é feito com mais amor. Com efeito, pode-se limpar de qualquer jeito, ou fazê-lo com esmero, pensando no bem que um ambiente limpo pode causar os que passarão por ali. Do mesmo modo, a decisão do magistrado pode ser tomada de forma a lhe causar menos incômodo ou com o propósito firme de fazer justiça, ainda que muito lhe custe.

Penso que deveríamos não apenas motivar os nossos funcionários, mas estimulá-los a buscar essa motivação em coisas mais duradouras. Quando escrevo essas palavras, intuitivamente me vem à mente a Karla, o Antônio, a Tereza, o Marcel, a Andreia, o Roberto, o Rubin, o Rodrigo, a Márcia, o Luiz Carlos, o Toninho, a Isadora, o Wilson, o Paulo, a Penha, a Roberta e o José Pereira, cada um dando o máximo de si em seu trabalho. Sinto-me como se pesasse nas costas a responsabilidade de lhes dar um sentido mais profundo e duradouro para as suas difíceis tarefas. São pessoas maravilhosas e formam a minha equipe! E então convido o leitor a desfilar em suas mentes, um a um, os seus companheiros de trabalho, e a se sentir igualmente responsável pela realização profissional de cada um deles. E, acredite, quem mais lucra com essa forma de enxergar os nossos colegas somos nós próprios. Talvez nos sirva como lema a frase lapidar do saudoso Raul Seixas: "O meu egoísmo é tão egoísta que o auge do meu egoísmo é querer ajudar".

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Educação personalizada

“Eu sempre eduquei todos os meus filhos de forma igual, por que motivo com esse deu certo e aquele?...”. Alguém já ouviu um pai ou uma mãe fazer esse desabafo? Ou mesmo na escola, sempre se observam diferenças de aproveitamento nos alunos. Alguns aprendem com maior facilidade, outros com menos, outros ainda, apresentam níveis de rendimento escolar baixíssimos. Os pais, os professores e os educadores em geral costumam colocar a culpa exclusivamente nos filhos, ou nos alunos. Com efeito – pensam – se a educação é proporcionada de maneira igual para todos, quando uns aprendem e outros não a culpa somente pode estar em quem não aprende. Mas estará correto esse raciocínio?
Esteve recentemente em Campinas o Dr. Jose Maria Barnils, Presidente da Associação Europeia de Educação Diferenciada (European Association for Single Sex Education EASSE) que veio ao Brasil para dar uma palestra no Seminário de Educação Personalizada e Diferenciada que aconteceu no dia 23 de outubro, no Rio de Janeiro. Trata-se de uma pessoa serena, com visão ampla e profunda do ser humano.
Com uma voz tranquila e demonstrando muita competência no que faz, o Dr. Barnils esclareceu a importância da educação personalizada. Para ele, a educação tem como premissa fundamental manter o foco na unidade da pessoa, consciente de que cada ser humano é único e irrepetível. Nesse sentido, personalizar a educação significa tratar de forma distinta cada filho, cada aluno, exatamente porque eles são diferentes entre si.
Quando o pai ou a mãe se questionam onde estaria o erro, pois educaram do mesmo modo todos os filhos, é de se considerar que talvez o equívoco esteja exatamente aí, ou seja, em tratarem da mesma forma pessoas que são diferentes. É necessário que conheçam os filhos de verdade. Cada um nasce com determinadas características e, a partir delas, vão interagindo com o mundo, nisso formando a sua personalidade. São, portanto, inúmeros os fatores que determinam o nosso modo de ser, inclusive a nossa própria vontade, quando atingimos a idade da razão. E os pais devem buscar compreender, tanto quanto lhes for possível, como é cada filho. Esse conhecimento se obtém estudando os fatores que intervêm na formação da personalidade, mas sobretudo, observando-os atentamente durante o seu desenvolvimento.
Com esse estudo e essa observação é que a mãe conseguirá descobrir, por exemplo, que a melhor oportunidade de dar um conselho para uma filha pode surgir enquanto lavam a louça juntas e, para o filho adolescente, por outro lado, será uma conversa, olho no olho, com o pai em uma lanchonete.
Algo de semelhante deve ocorrer na escola. Diz-se que no novo milênio o que há de maior valor é o conhecimento. Nesse contexto, o professor não pode se limitar a preparar brilhantes apresentações de powerpoint e exibi-las magnificamente diante dos alunos. É muito bom que as aulas sejam bem preparadas e que seja dinâmica a exposição. Muito mais que isso, porém, deve se esperar deles. Há de conhecer cada aluno, suas peculiaridades, personalidade, contexto familiar etc.
É bem verdade que, dependendo do número de alunos, em especial a partir do chamado ensino fundamental II, o professor de cada disciplina não conseguirá desenvolver, durante um ano letivo, esse nível de afinidade com todos os alunos. Exatamente por isso é chegado o momento de as escolas desenvolverem um trabalho de tutoria. Cada tutor, que não é necessariamente professor de turma, tem a missão de acompanhar a formação integral de determinado número de alunos. Para tanto, realiza um elo de ligação entre família e colégio. Isso é especialmente importante nos dias de hoje, em que a influência dos pais na formação dos filhos tem sido cada vez menor.

Nossos filhos e nossos alunos têm o direito de serem tratados como pessoas únicas, e não como um simples tijolos a mais no muro da sociedade. Do contrário, poderiam com toda razão se levantarem e fazerem eco contra nós ao som do Pink Floyd: We don't need no education...

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

O ambiente familiar do adolescente

“Filho, seu tênis está imundo!”, “filha, faz duas horas que está no msn, como encontra tanto assunto?!”, “seu guarda-roupas está uma bagunça!”, “eu já te falei mil vezes para ...”, “eu desisto! Estou cansado (cansada) de tentar ensinar que...”. Alguém que tenha filho ou filha adolescente já ouviu ou proferiu frases semelhantes a essa? Tem surtido algum resultado positivo dessa “ação educativa”?
Outros pais optam por uma estratégia diferente: buscar a amizade dos filhos adolescentes. Mas, para isso, pensam que devem se colocar no mesmo nível deles. É o caso da mãe já que já conta com as suas quatro ou cinco décadas de vida e resolve colocar um piercing para... aproximar-se melhor da filha. Ou do pai, cujos anos estão estampados no cabelo, na face e na barriguinha, que se dispõe a aprender gírias e a assassinar a língua portuguesa no computador, afinal, é assim que se comunicam os adolescentes... Será que essa estratégia mais “alternativa” também funciona?
Apesar de muitos mitos e terrorismos que se fazem aos pais sobre os problemas da adolescência, temos de considerar que se trata de uma fase maravilhosa da vida. De fato, muitas vezes os adolescentes parecem um vulcão em plena erupção. Mas é necessário compreender que passam por intensas transformações hormonais, intelectuais, emocionais, sociais e até mesmo existenciais. Por isso, necessitam especialmente de encontrar nos pais e na família em geral um ambiente de paz e serenidade, que sejam para eles um porto seguro em meio às imensas incertezas que trazem dentro de si.
Os adolescentes têm uma profunda necessidade de serem compreendidos e querem ser amados com a mesma intensidade com que vivem os seus dias. Mesmo que não reconheçam, têm uma imensa necessidade de carinho. É bem verdade que parecem fugir disso: “mãe, me larga!”. Mas, no fundo, querem que lhes demonstremos com gestos concretos que são importantes para nós. E essa demonstração poderá vir num abraço, num suco ou um bolo enquanto se estuda para uma prova, ou passando horas juntos na fila para comprar o ingresso para o jogo de futebol.
Os pais de adolescentes não têm o direito de se escandalizarem com nada: linguagem, forma de se vestir, conversas na internet. Isso não quer dizer, porém, que não devam educar, corrigir, estabelecer horários, exigir que sejam responsáveis nos estudos, que durmam as horas necessárias para o repouso etc. Mas todas essas ações educativas hão de estar impregnadas de firmeza e ternura. Em suma, que sejamos fortes sem ser chatos. E a medida para isso é o amor, saber que exigimos para o bem deles. Aliás, essa é a única linguagem que eles reconhecem de verdade, conquanto que sejamos sinceros.
Mais que em muitas outras idades, os adolescentes precisam de um sentido profundo e verdadeiro para suas vidas e da estabilidade emocional na família. Nesse sentido, como esperar tranquilidade de uma filha adolescente se a mãe ainda insiste na mesma instabilidade, pulando de um relacionamento conjugal a outro e com constantes briguinhas com o novo “namorado”? Como querer o pai transmitir segurança ao filho adolescente se ele próprio ainda está na fase dos namoros passageiros, após três ou quatro casamentos fracassados?

Há muito que os pais podem fazer para que os filhos passem por essa fase de suas vidas e saiam dela fortalecidos e maduros, preparados para assumir com responsabilidade os compromissos familiares, profissionais e sociais que deles se esperam. Mas talvez o que melhor podem fazer é cuidar do ambiente familiar. Que pai e mãe se tratem com respeito, ainda que por quaisquer motivos não mais convivam sob o mesmo teto. Que em casa reine a serenidade e alegria, por maiores que sejam as tribulações e dificuldades por que se passem. Enfim, que eles tenham esses modelos vivos de pessoas cujas vidas bem vividas inspiram a canalizam a saudável rebeldia que trazem dentro de si para o afã de construir um mundo novo e melhor.