“Filho,
seu tênis está imundo!”, “filha, faz duas horas que está no msn, como encontra tanto assunto?!”,
“seu guarda-roupas está uma bagunça!”, “eu já te falei mil vezes para ...”, “eu
desisto! Estou cansado (cansada) de tentar ensinar que...”. Alguém que tenha
filho ou filha adolescente já ouviu ou proferiu frases semelhantes a essa? Tem
surtido algum resultado positivo dessa “ação educativa”?
Outros
pais optam por uma estratégia diferente: buscar a amizade dos filhos adolescentes.
Mas, para isso, pensam que devem se colocar no mesmo nível deles. É o caso da
mãe já que já conta com as suas quatro ou cinco décadas de vida e resolve
colocar um piercing para... aproximar-se
melhor da filha. Ou do pai, cujos anos estão estampados no cabelo, na face e na
barriguinha, que se dispõe a aprender gírias e a assassinar a língua portuguesa
no computador, afinal, é assim que se comunicam os adolescentes... Será que
essa estratégia mais “alternativa” também funciona?
Apesar
de muitos mitos e terrorismos que se fazem aos pais sobre os problemas da
adolescência, temos de considerar que se trata de uma fase maravilhosa da vida.
De fato, muitas vezes os adolescentes parecem um vulcão em plena erupção. Mas é
necessário compreender que passam por intensas transformações hormonais,
intelectuais, emocionais, sociais e até mesmo existenciais. Por isso,
necessitam especialmente de encontrar nos pais e na família em geral um
ambiente de paz e serenidade, que sejam para eles um porto seguro em meio às
imensas incertezas que trazem dentro de si.
Os
adolescentes têm uma profunda necessidade de serem compreendidos e querem ser amados
com a mesma intensidade com que vivem os seus dias. Mesmo que não reconheçam,
têm uma imensa necessidade de carinho. É bem verdade que parecem fugir disso:
“mãe, me larga!”. Mas, no fundo, querem que lhes demonstremos com gestos
concretos que são importantes para nós. E essa demonstração poderá vir num
abraço, num suco ou um bolo enquanto se estuda para uma prova, ou passando
horas juntos na fila para comprar o ingresso para o jogo de futebol.
Os
pais de adolescentes não têm o direito de se escandalizarem com nada:
linguagem, forma de se vestir, conversas na internet.
Isso não quer dizer, porém, que não devam educar, corrigir, estabelecer
horários, exigir que sejam responsáveis nos estudos, que durmam as horas
necessárias para o repouso etc. Mas todas essas ações educativas hão de estar
impregnadas de firmeza e ternura. Em suma, que sejamos fortes sem ser chatos. E
a medida para isso é o amor, saber que exigimos para o bem deles. Aliás, essa é
a única linguagem que eles reconhecem de verdade, conquanto que sejamos
sinceros.
Mais
que em muitas outras idades, os adolescentes precisam de um sentido profundo e
verdadeiro para suas vidas e da estabilidade emocional na família. Nesse
sentido, como esperar tranquilidade de uma filha adolescente se a mãe ainda
insiste na mesma instabilidade, pulando de um relacionamento conjugal a outro e
com constantes briguinhas com o novo “namorado”? Como querer o pai transmitir
segurança ao filho adolescente se ele próprio ainda está na fase dos namoros
passageiros, após três ou quatro casamentos fracassados?
Há
muito que os pais podem fazer para que os filhos passem por essa fase de suas
vidas e saiam dela fortalecidos e maduros, preparados para assumir com
responsabilidade os compromissos familiares, profissionais e sociais que deles
se esperam. Mas talvez o que melhor podem fazer é cuidar do ambiente familiar.
Que pai e mãe se tratem com respeito, ainda que por quaisquer motivos não mais
convivam sob o mesmo teto. Que em casa reine a serenidade e alegria, por
maiores que sejam as tribulações e dificuldades por que se passem. Enfim, que
eles tenham esses modelos vivos de pessoas cujas vidas bem vividas inspiram a
canalizam a saudável rebeldia que trazem dentro de si para o afã de construir
um mundo novo e melhor.
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