Muitos pais de adolescentes se queixam dizendo: “Meu
filho se tornou um preguiçoso, vive agora ‘esparramado’ no sofá a ouvir música”.
Alguns lamentam: “Ele está tão rebelde, contesta tudo e a tudo exige explicações”.
Os mais ciumentos, cheios de saudades, reclamam: “minha filha agora que está se
tornando moça nem liga mais para nós, só pensa em ficar com as amigas e de
‘namoricos’”.
Será que são preguiçosos? Não é verdade que o
adolescente seja em regra um preguiçoso.
Nessa fase, devido às mudanças hormonais e outros fatores biológicos, é natural
que lhes custe mais desempenhar tarefas que exigem esforços. Aliás, aquela
vitalidade incansável da criança, que corre de um lado para o outro, sempre
solícita a fazer o que lhe pedem, não poderia durar para sempre.
É conveniente, então, sabendo que essa “moleza”
surgirá nessa fase da vida, que os pais os estimulem com carinho e compreensão.
Não se trata de deixar as coisas correrem, pensando que “logo isso passa”. Se
não se fizer nada, não passa não, e terão esse vício para o resto da vida. Mas se
deve estimular com um sentido positivo, sem ares de ameaça ou de reclamação, a
fazer algum esporte, a estudar, a envolver-se em atividades de serviço aos
demais (voluntariado). Enfim, cabe aos pais ajudá-los a vencer, vencendo-se a
si próprios primeiro.
Talvez a crítica mais injusta que se faz contra o
adolescente seja a de que é rebelde. A rebeldia em si não é ruim, mas deve ser
bem orientada. E se o for é capaz de mudar o mundo. As crianças trazem gravadas
na alma um sentido muito forte de justiça. Quando crescem e compreendem um
pouco melhor as coisas, passam a notar, com grande decepção, as injustiças,
hipocrisias e traições que há nas pessoas. Com isso, seus corações puros tendem
a se rebelar. Mas isso é uma reação saudável, conquanto que os estimulemos a
transformar essa rebeldia em ações concretas para o bem do próximo, pois
somente assim que se constrói uma sociedade mais humana.
Por que incomoda ou intriga que estejam de
“paqueras”? Salvo para umas poucas pessoas, que por escolha ou um desígnio
qualquer optam pelo celibato, as demais sonham em se casar, em constituir uma
família. E para essas, o desejo de se dar a outra pessoa começa já nessa fase
da vida. Dar-se, não no sentido de relação sexual, mas de entrega a alguém com
quem um dia se vai formar uma comunhão plena de vida, parafraseando o nosso
Código Civil. Assim, está-se a procura desse alguém com quem mereça
compartilhar uma vida.
É bem verdade que alguns jovens vivem isso de forma inconseqüente.
É momento, então, de orientá-los, fazendo-os enxergar a imensa dignidade que
encerra a condição do ser humano, de modo que essa doação a outra pessoa há de
ser ponderada, refletida, ainda que tenha como impulso uma forte carga emotiva.
A própria sexualidade, que aflora muito vivamente nesta fase da vida, deve ser
encarada como algo maravilhoso, que integra a natureza humana, mas ao mesmo
tempo ser vivida com responsabilidade.
Os conflitos da adolescência são devidos mais aos
pais que aos filhos. Afinal, os pais já passaram por essa fase. Portanto, seria
muito mais lógico exigir deles a compreensão, o carinho e a atenção de que os
filhos tanto necessitam nessa idade.
Mas a solução não é encontrar culpados e sim
empreender esforços por harmonizar essa relação. Para isso, muitas vezes os
pais de nosso tempo não conseguem empreender essa luta sozinhos. Têm de buscar
conselhos com bons profissionais. Devem estudar e colocar os estudos em
prática. E convém lembrar que na educação, como em quase tudo, é melhor chegar
antes que o problema. Assim, o momento ideal para pensar em como educar
adolescentes é quando os filhos estão ainda na infância.
Para os pais que se interessam pelo assunto, ocorrerá
em Campinas, no próximo dia 21 de agosto, na UNICAMP, um seminário que terá
como tema Educando Adolescentes Hoje.
As informações podem ser obtidas através do e-mail seminario.hoje@gmail.com ou através
do telefone (19) 3241-9388.
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