quarta-feira, 16 de junho de 2010

Virtude faz bem à saúde

Na edição do último dia 14 de junho, o Correio Popular trouxe a notícia de que a obesidade atinge 64 mil crianças e adolescentes de Campinas. Segundo estudo realizado, um em cada quatro na faixa de 2 a 18 anos está acima do peso. Esse índice é preocupante e a questão deve mesmo orientar políticas públicas na área de saúde e alimentação. Mas será que o problema se resolve apenas perdendo alguns quilos?
Muitas vezes a causa da obesidade já começa numa alimentação inadequada na primeira infância. É que muitas mães e pais confundem criança saudável com criança gordinha. E, com isso, esforçam-se por enfiar goela abaixo sempre uma colher de papinha a mais. O objetivo de uma boa refeição passa a ser não o suficiente para saciar a criança, mas esvaziar o prato que a mãe ou a vovó fizeram. Com isso, o relógio de saciedade fica “mal programado” e, desde cedo, aprende-se a comer a mais e sem fome.
Mas a situação se complica com certos hábitos que se permite quando ficam maiores. É que em muitas casas os filhos comem a qualquer hora e, pior, diante da TV. Com isso, o problema não é apenas de saúde, mas atinge o próprio relacionamento familiar. É que a refeição pode e deve ser um momento de convivência e de congregação da família.
Além disso, devemos educar os filhos para fazer a alimentação em horários certo. E se alguém não quiser almoçar, por mero capricho ou outro motivo que não seja doença, os pais devem ser firmes em dizer que somente irá se alimentar na próxima refeição (lanche da tarde, p. ex.). Com isso, mais que cuidar da saúde corporal, fomenta-se a virtude da fortaleza. É treinando não comer um chocolate fora de hora que eles serão fortes o suficiente para não aceitar um cigarro de maconha, por exemplo.
Quanto aos adolescentes, além dos hábitos alimentares inadequados, é também freqüente passarem horas “esparramados” no sofá ou no chão diante da TV. Também não é bom para a saúde. E isso não apenas pelo sedentarismo em si. Ao ficar deitado, treina-se a não fazer nada. Crescem totalmente desacostumados a qualquer esforço. E o resultado é o que se observam todos os dias: fogem de tudo o que significa algum sacrifício, incapazes até de manter uma postura adequada durante as aulas.
É evidente que há casos de obesidade patológica, que devem ser tratados por profissionais competentes. Mas em grande parte, contudo, o problema não é apenas de excesso de alimentação, mas de uma educação pouco exigente, que esquece a importância de se fomentar as virtudes nos filhos e nos alunos.
A virtude nada mais é que um hábito bom, adquirido pela reiteração de ações. Por exemplo, quando se opta por dizer a verdade, mesmo em situações difíceis, talvez isso custe num primeiro momento. Porém, com a repetição dessas ações elas se tornarão pouco a pouco mais fáceis, de modo que o contrário (mentir) é que se tornará uma tarefa custosa. Quando isso acontece, pode se dizer que se adquiriu a virtude da veracidade. O mesmo ocorre com um vício, ou seja, a reiteração de más ações (gritar ou xingar no trânsito, p.ex.), também pode se transformar num hábito ruim.
Portanto, mais que corrigir o problema da obesidade, há que se fomentar hábitos bons nos nossos filhos, pois esses são imprescindíveis para que se realizem como pessoas.

Ao se propor isso, talvez alguém possa pensar que transformaríamos nossa casa ou a escola numa espécie de destacamento militar. No entanto, não precisa ser assim. Exigimos dos nossos filhos ou alunos que tenham disciplina por amor, para que sejam fortes e um dia se transformem em homens e mulheres responsáveis e felizes, não por capricho ou outro motivo qualquer. Um grande desafio do educador é fazer da casa, um lar e da escola, um ambiente de aprendizado sadio. Não se pode ter nem a moleza de uma colônia de férias nem a frieza de um quartel. In medio virtus est, como diz o adágio. Encarada dessa forma, a virtude faz muito bem à saúde, tanto do corpo como da alma.

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