segunda-feira, 21 de junho de 2010

Fatos, problemas e soluções

- Você é a culpada de nossa filha estar indo tão mal da escola! Parece que só pensa na limpeza da casa e se esquece de todos nós! – diz um pai em meio a uma discussão com a esposa.
- A, é!? – Retruca ela. – Não sou eu que chego todo dia tarde a casa e, com a desculpa de estar cansado, nem se preocupa em saber como foi o dia dela ... e tanto menos o meu. A propósito, será que eu existo para você? Eu dou um duro danado para tentar manter esta casa em ordem e você nem reconhece o meu esforço.
Alguém já viu esse filme? Ou, ainda que com contornos diferentes, o mesmo tipo de discussão? Mas será essa a maneira mais eficaz de se enfrentar a questão do mau rendimento escolar da filha? Será que desse jeito se resolve algum problema familiar?
Sempre que se aventura a estudar soluções para as crises conjugais, alguém solta a velha afirmação: “o importante é o diálogo”. De fato, isso é imprescindível para qualquer relacionamento humano, sobretudo o conjugal. Porém, a conversa em si não basta. Deve-se cuidar da qualidade da comunicação e, principalmente, que dela se advenham soluções e ações concretas que mudem a situação, transformando as pessoas envolvidas.
O primeiro desafio do pai e da mãe que se veem diante de uma situação indesejável em relação aos filhos ou ao próprio relacionamento conjugal é identificar, com objetividade, os fatos. No caso proposto, por exemplo, hão de se indagar: “o que aconteceu?”, “quais foram as suas notas neste ano?”, “qual é o motivo disso?”, “quantas horas por dia passa diante do computador? Fazendo o quê?”.
Uma vez identificados os fatos, numa conversa serena e respeitosa, o segundo passo é apontar os problemas. Trata-se de investigar a fundo as causas da situação indesejada. Por exemplo, passar várias horas por dia no msn, para um adolescente com mau rendimento escolar, pode ser objetivamente um problema. Deixar de estudar um determinado número de horas também o é. Em relação ao casal, é também um enorme problema o fato de estarem discutindo diante dos filhos. E pai e mãe precisam ter a valentia de tratarem desse assunto com maturidade, com a abertura necessária para reconhecerem os próprios erros e, mais que isso, que haja uma sincera disposição de lutar por serem melhores.
Um aspecto importante na identificação dos problemas, é que não precisa haver consenso entre o pai e a mãe, o que não acontece com os fatos. O fato é algo certo, objetivo, que aconteceu ou não. Por exemplo, tirar 3,5 em uma prova é um fato. Já o que se identifica como um problema pode ser encarado de forma diferente. Pode ocorrer que o pai entenda que deixar a TV ligada o dia todo não seja um problema e para a mãe o seja. Nesse caso, mesmo que não se concorde, deverá haver o esforço por se analisar sob o ponto de vista do outro e, com isso, aceitar buscar uma solução em conjunto.
Por fim, identificados os problemas, hão de ser buscadas soluções concretas. No caso proposto, por exemplo: conversar com a filha e propor um horário de estudo com o computador desligado; em casos mais graves, acertar que não se terá regalias, como sair com as amigas ou passear no sábado, sem que se cumpra com mais afinco um plano de estudos. Quanto ao próprio problema do casal, mencionado na discussão acima, pode-se combinar que o marido se interesse mais pelas coisas da esposa, que lhe seja mais atencioso; e ela, que seja menos “estressada” com as coisas da casa e saiba também compreender o cansaço do marido. E, uma vez propostas as soluções, cada um deve se esforçar para colocar em prática esses propósitos.

A harmonia no lar depende de pequenos detalhes de carinho, de atenção, de saber relevar e que são cuidados, ou descuidados, no dia-a-dia. No entanto, as faltas disso, ou seja, os problemas, nem sempre são constatados facilmente. Por isso, é mesmo imprescindível o diálogo. Mas não se trata de qualquer diálogo, mas sim de uma troca de informações que gere propósitos de melhora para todos os membros da família.

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