Ontem foi dia das mães. Fico a pensar como as mães de
nosso tempo gostariam de ser homenageadas. E a primeira resposta que vem é que
sejam reconhecidas e valorizadas. Mas essas expressões são muito vagas e o
reconhecimento e a valorização que elas merecem hão de ser muito reais e
concretos.
Um dia desses quis buscar “na fonte” o que significa a
mãe para uma criança ainda pequena. Então me dirigi ao meu filho de apenas
cinco anos. Comecei por uma pergunta bem sugestiva:
- Filho, de que colo você gosta mais, do papai ou da
mamãe? – indaguei-lhe certo de que preferiria o da mãe.
- Do seu – respondeu ele.
- Mas por quê? – indaguei surpreso.
- Porque é mais forte e me protege.
- E você não prefere o colo da mamãe nunca? – insisti.
- Bem, só quando estou com febre – respondeu
imediatamente.
Agora quis saber o motivo da diferença. Mas ele, já
cansado dessas perguntas, disse com ares de quem está a afirmar o óbvio:
- Pai é pai, mas... Mãe, é mãe.
“Mãe é mãe”, disse ele na mais pura sabedoria
infantil!
A cena mais comovedora que já presenciei foi quando,
pela primeira vez, assisti a um parto de um filho. Logo que nasceu, começou a
chorar intensamente e nada parecia
capaz de acalmá-lo, até que o médico o colocou sobre o peito da mãe, numa
posição em que ele poderia escutar aquelas tão familiares batidas do coração. E
então soltou um suspiro sereno e o choro cessou. Que remanso de paz era para
ele aquele colo!
Outro acontecimento comovedor, que a memória reserva num
local todo especial, é quando a primeira filha foi amamentada pela primeira
vez. A mãe, ainda sem jeito, aproximou-a do seio e a criança, com um instinto
natural, começou a sugar... E nós, tolos homens, podemos vislumbrar algo de
muito forte naquela relação de amor, mas não podemos compreendê-la na essência.
É um mistério para nós. Como se diz, mãe é mãe!
Lembro-me de um episódio da minha infância. Tentava
eu, pela milésima vez, em companhia de um amigo, construir uma cabana sobre a
árvore. E, novamente, os planos falharam. Entrei em casa bufando de raiva.
Minha mãe, que estava diante da máquina de costura, quis saber o que acontecera.
E então contei o fracasso da “obra de engenharia”. Ela me abraçou e disse que,
da próxima vez, nos ajudaria naquela peripécia. No fundo, eu não acreditava que
ela pudesse nos ajudar, mas não importa, ter-me naquele colo macio foi o
suficiente para serenar os ânimos. Mãe é mãe!
A sociedade moderna deposita nas costas da mulher um
peso extraordinário. Ela é, sempre foi e sempre será um modelo de ternura
imprescindível para a estabilidade emocional no lar. Porém, exigem dela que,
além desse papel no qual é insubstituível, que seja uma profissional brilhante
e que auxilie na renda familiar. E elas o fazem muito bem. Mas em que medida são
amparadas e protegidas pelos maridos? Ao menos reconhecemos e valorizamos esse
duplo esforço a que são submetidas, no lar e fora dele?
Sobre a mesa de trabalho, contemplo um quadro da
Sagrada Família. Nele, o José trabalha concentrado na confecção de uma mesa. A
Maria entretém-se a costurar. Defronte de ambos, o Filho brinca
descontraidamente com alguns objetos de madeira. No pai, habituado a um
trabalho duro por horas a fio, se vislumbra claramente o guardião daquela casa,
disposto a tudo para proteger a Esposa e o Filho. O Filho, alegre e sereno,
inebriado pelo amor que lhe infundem tão maravilhosos pais. E, a Mãe, toda
ternura, toda uma vida de entrega a cuidar do Esposo e do Filho. Ela não se
sente diminuída pelo papel que lhe cabe, nem muito menos infeliz. Servir é o
que lhe há de mais caro e sublime. Trabalhar, ser Mãe e Esposa fundem-se nEla
numa unidade de vida. E quando se procura o motivo para a imensa paz e
serenidade que estampa na face, não se encontra qualquer explicação. Cheio de
admiração, podemos quando muito dizer: Mãe é Mãe!
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