Na
edição da última quarta-feira, dia 7, o Correio Popular trouxe uma interessante
matéria sobre a exposição sexual de jovens na internet. Nela foi divulgado o resultado de uma pesquisa que aponta
que 11% dos estudantes entrevistados, entre 5 e 18 anos, já fez o chamado sexting. Qual seria o motivo desse fenômeno? O que os pais e os professores
podem fazer para evitar as amargas consequências que essa prática lhes pode
causar?
Penso
que devemos entender o que está por trás, ou melhor, no âmago do problema. E
para isso, há dois aspectos da questão que precisam ser analisados: a
intimidade e a sexualidade na vida do ser humano.
A
intimidade é um direito natural, mas, também, uma necessidade humana. Analisemos,
apenas por alguns instantes, por onde anda o nosso pensamento quando o deixamos
correr solto. E depois imagine o que aconteceria se os falássemos em voz alta,
ou se os escrevêssemos para divulgar o seu conteúdo. Alguns deles seriam
perfeitamente “publicáveis”, a divulgação de outros tantos, porém, seria uma
catástrofe.
Mas
a intimidade não se limita à nossa imaginação, memória e pensamentos, mas se
estende também a algumas de nossas ações. Muito do que acontece em nosso lar,
no convívio entre marido e mulher e também com os filhos, temos o direito que
não sejam conhecidos fora do ambiente familiar.
No
entanto, apesar de o direito à intimidade ser radicalmente importante para o
ser humano, a curiosidade desordenada muitas vezes age como uma traça, ávida
por violar esse direito. A curiosidade em si não é ruim. Sinal claro disso é
que o progresso da ciência, em geral, é movido pela saudável curiosidade de se
desbravar o desconhecido.
Há,
porém, uma curiosidade ruim, que almeja conhecer aquilo a que não temos o
direito de conhecer. Nisso se insere muito especialmente a consciência das
pessoas. É certo que muitas vezes se faz necessário adentrar nesse sacrário que
é a intimidade de cada ser humano para ajudar, como o faz, por exemplo, o
psicólogo. Mas há uma curiosidade nefasta que busca violar a intimidade apenas
para se divertir com as misérias alheias e, pior ainda, para ter matéria
interessante para a fofoca e para a maledicência.
E
o pior é que a mídia tem dado força a esse vício que trazemos dentro de nós. O
que é o Big Brother se não uma forma
de dar asas a essa curiosidade perniciosa que nos move a querer adentrar na
intimidade alheia? E o fato de ter o consentimento dos brothers não muda muito as coisas. Afinal, quando mantemos solta
essa curiosidade diante da telinha, ela fica muito bem treinada para querer
bisbilhotar a vida dos que não são famosos e nem querem ter suas vidas
escancaradas de boca em boca.
O
outro aspecto a considerar é o da sexualidade. O homem e a mulher não se
resumem à dimensão física. Muito mais que isso, possuem também as dimensões
racional, emocional, social e transcendente. E quando se busca no sexo apenas a
satisfação de uma necessidade fisiológica, tende-se a, de certa forma,
desumanizar a pessoa, frustrando-a.
Cada
ser humano é alguém que sente prazer, sem dúvida, mas, também, que pensa, que ama,
que se relaciona com os demais, em suma, que tem sentimentos. É, portanto,
extremamente frustrante para qualquer homem ou mulher expor-se como um produto
de supermercado virtual. E a razão é óbvia, pois se expõe apenas a dimensão
física, quando na verdade somos muito mais que isso. E esse muito mais, que
completa e faz plena a nossa dignidade, não é possível de exposição em portal
algum.
Portanto,
não basta dizer a nossos filhos e alunos que não exponham sua intimidade a quem
não merece, ou que se decidam manter relações sexuais somente dentro de um
contexto que lhes promova a dignidade. Muito mais importante é lhes dar razões
suficientemente fortes. Mas para isso, caros pais e nobres professores, temos
de dar bons exemplos. Sendo assim, como valorizamos a nossa própria intimidade?
E, mais ainda, em que contexto se insere em nossas vidas a sexualidade?
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