segunda-feira, 5 de abril de 2010

Pedofilia na Igreja

Há poucos dias uma leitora me solicitou que escrevesse algo sobre a “pedofilia dentro da Igreja Católica”. Confesso que pedido me causou perplexidade e, num primeiro momento, não me senti em condições de enfrentar o assunto. Porém, na manhã da última sexta-feira, ocorreu-me algo sobre o tema que penso valer a pena compartilhar com o leitor.
Estava de viagem em minha cidade natal, a querida Tabapuã, por ocasião do feriado da Semana Santa. Trata-se de um pequeno município situado próximo a São José do Rio Preto. Enquanto fazia um descontraído passeio, notei que na Igreja Matriz havia um movimento anormal e invadiu-me um forte desejo de entrar e reviver os doces acontecimentos da minha infância.
Os devotos entoavam cantos, súplicas e orações. Enquanto os observava, desenhava-se diante de mim o presente e o passado numa sensação agradável e melancólica, feliz e saudosa. E eis que o pedido daquela leitora veio como que a interromper tudo isso e o pensamento tomou outro rumo: “pedofilia dentro da Igreja? Que tem isso que ver com esse momento que agora vivo?”, indaguei-me intrigado.
O primeiro sacerdote a que me remeteu esse pensamento foi o Padre Antolin. Era um homem que de fala afável, com seu forte sotaque espanhol, estava sempre sorridente e era muito amigo das famílias. “Decididamente, esse santo homem nem de longe se sujou nesses pecados que agora atribuem a alguns de seus colegas”, pensei comigo mesmo.
Depois me lembrei do Padre Ladislau. Um polonês extremamente enérgico com os adultos e muito amigo das crianças. Sua casa vivia repleta de meninos e meninas que viam nela um lar acolhedor. Quantas horas passamos jogando futebol em seu quintal! E como eram enriquecedoras as suas aulas de teatro e belos os quadros que pintava! E que puro era aquele homem! Ninguém, nem de longe, por mais turvos e podres que fossem os olhos, poderia fazer contra ele a menor acusação das imundícies que hoje a imprensa se delicia em atribuir a alguns sacerdotes.
E depois desse vôo da memória, volto-me ao presente. Ao lado esquerdo da igreja, elevavam-se os cantos dos fiéis. À direita, uma fila enorme aguardava o momento da confissão. Num canto bem discreto o sacerdote os atendia, um a um. Por certo ele ficaria ali por horas e horas até atender a todos. O mais interessante é que as pessoas se dirigiam até o padre abatidas e curvadas e de lá saiam renovadas e radiantes, como crianças que haviam ganho um brinquedo, ou como adultos que haviam achado um grande tesouro!
Mas que tem isso que ver com pedofilia? E então passam e se desenhar diante de mim muitos, muitos sacerdotes que conheço. As horas que eles passam no confessionário, os conselhos cheios de sabedoria que me deram, a pureza e austeridade que guardam e vivem...
Nós, cristãos, não vivemos de estatísticas. Afinal, Aquele que nos guia já nos prometeu um dia que seremos como as areias do mar ou como as estrelas do céu. Não dá, portanto, para contar quantos são os fiéis e quantos os infiéis, quantos são os Pedro, João, Tiago, Filipe, Mateus... e quantos são os Judas. Seria 0,1% os pedófilos? Um em cada doze? Duvido. Mas, como disse, não somos nós que nos perdemos em estatísticas, até porque o Espírito Santo age muito rápido e eficaz nas almas e não dá para colocá-las num gráfico. Então, os caluniadores e aqueles que gostam de se deliciar com as más notícias que façam as estatísticas. Mas sejam sinceros, ao menos uma vez em suas vidas, e nos digam quantos são os sacerdotes que se mantêm fiéis e quantos são os que se pervertem nessa lama e nela se obstinam em ficar.
Nós, cristãos, não nos importunaremos nada com isso. Volto-me agora para o que dizem os fiéis da e neles encontro uma magnífica atitude a ser seguida: “Oremos pelos sacerdotes. Dai-lhes uma fé firme e inabalável como rocha que os leve a viver com fidelidade seus compromissos com Deus e com a Igreja. Dai-lhes uma caridade ardente, que os faça realmente doar a vida pelos irmãos”.

A todos uma Feliz Páscoa!

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