segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Prêmio Cidadão RAC-CPFL

Nesta noite serão homenageadas as iniciativas que foram destaques deste ano na área de inclusão social com o Prêmio Cidadão RAC-CPFL. Como jurado, tive a grata satisfação de analisar cada um dos projetos. As ações são muito diversas e variadas, mas em todas elas se pode vislumbrar uma motivação e um objetivo de certa forma comum. Mas qual seria essa força motriz? E o que buscam esses abnegados idealistas que despendem trabalho, esforço, tempo e dedicação em favor do próximo?
Todas as maravilhosas iniciativas de inclusão social que afloram em nossa sociedade têm, em sua origem, um olhar delicadamente atento às necessidades dos outros.
Esse olhar atento, no mais das vezes fruto de um amor exigente, pode se manifestar “desorganizadamente” de muitas formas. Uma das recordações mais gratas que tenho de um colega de faculdade foi quando atravessávamos uma rua do centro de São Paulo. Apesar do intenso movimento, ele soube ver no meio daquela multidão apressada uma velhinha que mal conseguia caminhar sozinha. O meu amigo voltou, deu a mão a ela, que então prosseguiu segura e contente, após esse gesto de inolvidável cortesia.
Muitas vezes, porém, esse olhar atento, movido pela inteligência, pode levar a se fazer o bem organizadamente, reunindo esforços, pois unidos podemos fazer mais e melhor. E então é que surgem essas iniciativas. Com elas se busca, por exemplo, fortalecer a família das pessoas em recuperação da dependência das drogas, amparar as pessoas que viveram nas ruas, trabalhar para fortalecer as demais entidades, formar lideranças juvenis, promover a integração dos portadores de deficiências, doar bens materiais para pessoas carentes ou ainda reunir jovens para visitar as crianças da favela. Enfim, onde há necessidades humanas, há um campo fértil de trabalho.
Esse trabalho, em que pese ser voluntário e não remunerado, não deve ser menos sério nem contar com menos comprometimento que o que temos com o trabalho profissional remunerado. Há que ser feito com competência, eficiência, planejamento, estabelecer metas e agir com profissionalismo. Também há que se cuidar para que as instalações sejam muito dignas e acolhedoras.
Mas tudo isso não basta. Certa vez, visitei uma entidade que cuida de enfermos. O trabalho é muito sério e eles são muito bem atendidos. Um dos dirigentes me mostrava orgulhoso a beleza das instalações e o magnífico trabalho que realizavam. Apesar disso, enquanto passeávamos, um senhor se aproximou de nós com gesto de que queria conversar um pouco. Porém, imediatamente o grupo se afastou, como que fugindo, de modo que o pobre homem ficou só. Que não seja assim! É muito importante que haja cobertor, sala de estar, cadeira confortável e camas novas e bem arrumadas. Mas muito mais importante é que se sintam acolhidos e amados por quem os atende.
Quando nos lançamos em promover instituições que se dedicam ao bem do próximo, não podemos nos esquecer que as pessoas anseiam a cura de um vício, a recolocação no mercado de trabalho ou melhorar as condições materiais de vida. Mas muito mais buscam um sentido para as suas vidas. E isso somente se lhes é transmitido quando percebem em gestos pequenos, mas bem concretos que o que nos move é o amor por eles. E esse amor se manifesta não apenas no que lhes damos, mas, sobretudo, que lhes damos nós próprios, com o nosso sorriso, com a nossa acolhida, com o nosso sincero afeto.

A essas instituições que hoje recebem o merecido prêmio, àquelas que não foram contempladas, mas nem por isso põem menos amor no que fazem, e também àquelas que ainda trabalham no silencioso anonimato de quem não tem outras miras que o bem do próximo, o nosso mais sincero parabéns e muito obrigado!

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