segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Aproveitando as férias

A corda não pode ficar o tempo todo distendida. É necessário que, por vezes, se afrouxe um pouco para, posteriormente, voltar a se esticar e, com isso, cumprir a sua função para a qual foi feita. Algo de semelhante ocorre conosco. Não podemos viver o tempo todo sob a tensão do trabalho e das demais preocupações de nosso dia-a-dia. Também necessitamos de um período de descanso, em que não estejamos muito presos a um horário rígido, em que podemos nos dedicar mais ao lazer, ao esporte e, principalmente, ao convívio com a família. As férias são verdadeiramente uma necessidade humana. E, para um bom trabalhador, sem deixar de ser um direito social, é também um dever. É que após esse tempo de descanso, renovamos as energias, dentro outros motivos, para trabalharmos melhor.
Mas para que as férias sejam bem aproveitadas, é necessário que sejam bem programadas. E é um bom critério para isso pensar no que seria bom para cada uma das pessoas da família. É que há lugares e circunstâncias em que umas pessoas até se divertem, enquanto outras saem mais cansadas ainda. Por exemplo, há mães (ou pais) que em praias extremamente lotadas, mais se estressam em ficar correndo atrás das crianças entre a multidão do que se divertem. Nesse caso, teria de se pensar em locais mais tranqüilos, ou mesmo procurar outros tipos de passeios.
Muitos pais se empenham muito em procurar locais em que as crianças “não incomodem”, em que haja muita recreação com monitores para os filhos, de modo que possam curtir à vontade. Penso que não há problema em que haja diversão para os filhos mesmo sem a presença constante dos pais. Porém, não podemos nos esquecer de que as férias são uma oportunidade fantástica para estar mais tempo com os filhos. É que nos momentos de descontração, enquanto praticamos um esporte com eles, nos divertimos numa piscina, fazemos uma caminhada até uma montanha ou passeamos de bicicleta, podemos notar como eles reagem em cada situação. E, sem pretendermos ficar corrigindo-os o tempo todo, podemos dar-lhes conselhos oportunos que serão úteis por toda a vida.
Talvez uma das melhores formas de aproveitar bem as férias é fazer com que as outras pessoas de nossa família também a aproveitem. Muitos de nós nos lembramos daqueles janeiros na praia em que as mulheres passavam várias horas do dia limpando a casa, fazendo o almoço, lavando a louça, enquanto os homens se arvoram no direito de ficar bebericando de manhã e dormindo após o almoço. Certa vez um amigo me deu uma dica muito interessante. Quando estavam no carro a caminho do local onde passariam as férias, definiam as funções de cada um (arrumar a cama, fazer a comida, lavar a louça etc.). Assim, todos trabalham, todos se divertem e todos descansam. Além disso, enquanto se lava a louça com um filho podemos arrancar-lhes confidências muito interessantes para os ir orientando, de modo que adquiram sólidas virtudes.
Talvez nos seja útil formular algumas perguntas que nos sirvam de critério para aferir se aproveitamos bem as nossas férias: após esse tempo, os pais aprenderam a conhecer melhor cada um dos filhos? O relacionamento entre marido e esposa tornou-se mais afável e cordial? O ambiente familiar tornou-se mais saudável?

Para ser sincero, caro leitor, neste momento tenho o privilégio de estar passando uns dias de férias num sítio no interior do estado. E não sabia bem como terminar o artigo. Nesse momento, o José Filipe, meu filho de nove anos, notou que o laptop no qual eu digitava o artigo aquecia muito a perna. Então ele imediatamente pegou uma caixa de um jogo e me entregou: “toma, pai, põe o computador aqui”. Que alegria! Filhão, nada a acrescentar ao seu generoso gesto. Nem o seu afã em dar mais um mergulho na piscina fez com que ele deixasse de pensar também nos demais.

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