segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Por que investir na educação?

Muito se fala atualmente, sobretudo no meio empresarial, em responsabilidade social. Há quem sustenta que a empresa que não investe em projetos sociais e, também, que não divulga aos quatro cantos que o faz, não se sustentará no mercado em longo prazo. Deixando de lado questões de estratégia empresarial ou mesmo aspectos de marketing corporativo, é certo que não apenas as empresas, mas também o Poder Público e os cidadãos em geral devem se engajar em ações que proporcionem melhores condições de vida aos seus semelhantes. E, dentre as iniciativas possíveis, sobreleva-se em especial importância a educação.
Porém, quando se fala em investir na educação, mais particularmente na formação humana das pessoas, talvez um bloqueio que se coloca é o fato de muitas escolas serem religiosas, ou, mesmo sem serem confessionais, defenderem e se filiarem a determinadas concepções filosófico-religiosas. Teme-se que, ao se promover esta ou aquela instituição de ensino, estar-se-ia como que se “contaminando” com as suas idéias.
Penso, porém, que tais argumentos são falaciosos e, no mais das vezes, meras desculpas. De fato, uma escola batista, evangélica, católica ou espírita terá o ensino influenciado pelas convicções que as inspiram. Em todas elas, porém, e isso é o que importa, poderão se formar homens com sentido de responsabilidade, que busquem o sucesso pessoal, mas que o façam de forma equilibrada, com respeito ao meio ambiente e aos demais cidadãos. Em suma, seja ensinado que não se vence na vida pisando nos demais, mas servindo-os. E isso extrapola qualquer limite que possa impor um dado credo religioso. E é nisso que o Poder Público, as empresas e os cidadãos em geral deveriam se engajar: em proporcionar uma educação que promova, acima de qualquer outro valor, o da dignidade humana.
Conheço algumas instituições de ensino que desenvolvem trabalhos de formação para os pais, professores e alunos. E dentre as iniciativas que compõem o projeto, duas delas são de especial importância. Chamam-nas de preceptorias e tutorias. Preceptorias são um trabalho constante que exige reuniões periódicas entre os professores e os pais, individualmente, no qual se conversa sobre o filho (ou aluno), expõem-se os pontos positivos, as suas qualidades e virtudes e também se procuram algo em que poderiam melhorar. A partir daí se traçam propósitos bem concretos, como guardar os sapatos, esmerar-se na lição de casa ou se esforçar por dizer “obrigado”, que passam a ser estimulados pelos pais em casa e pelos professores na escola. Os resultados são fantásticos.
As tutorias consistem no simples fato de cada aluno da instituição ter um tutor. Esse, na medida do possível escolhido pelo próprio aluno, é um professor ou coordenador, enfim, alguém ligado à escola com quem tenha afinidade. E ele será para o aluno o seu amigo de confiança, alguém que esteja disposto a ouvi-lo e compreendê-lo para poder ajudá-lo. Isso é feito com toda discrição, de modo a resguardar a intimidade. E também os professores e funcionários da escola têm os seus tutores, com a mesma finalidade de ser alguém disposto a ouvi-los e ajudá-los nos problemas pessoais e, com isso, crescerem como pessoas.

A idéia parece utópica, mas não é; funciona. Penso que idéias como essa poderiam ser desenvolvidas e fomentadas. Chamem-nas como quiserem, o que importa é que cada aluno, que cada ser humano seja tratado como único e irrepetível. Que se saiba que mais importante que aprender matemática, física ou língua portuguesa, ainda que isso seja essencial, o que verdadeiramente importa é que sejam felizes. E para isso devem ser tratados como seres humanos, que sofrem, que choram, que têm dúvidas, medos, traumas, e que nisso tudo sejam compreendidos e amparados. Em suma, que se lhes dê um sentido para suas vidas.

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