segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Gentileza e honestidade

Na edição do penúltimo domingo, dia 14 de dezembro, o Correio Popular trouxe uma matéria verdadeiramente digna de muitos elogios. Com a criatividade e perspicácia que não podem faltar no bom repórter, avaliou-se como reagem as pessoas em situações aparentemente corriqueiras, como devolver um objeto achado, um dinheiro perdido, ou ainda a cortesia que é dispensada aos semelhantes. Acredito que, com essas iniciativas, muito mais que as duras críticas políticas, que também são necessárias, a imprensa contribui para um sólido progresso social, pois com elas se enaltecem os bons exemplos, ao mesmo tempo em que deixam patentes os maus, estimulando as pessoas a serem melhores. E só há efetiva mudança na sociedade se houver antes uma transformação no interior dos indivíduos que a compõem.
Não podemos ignorar que nossos atos nunca estão isolados. Nenhuma de nossas ações é absolutamente indiferente aos nossos semelhantes. Ao contrário, mesmo nas atividades mais normais e corriqueiras podemos tornar pior ou melhor o mundo que nos cerca.
Por exemplo, o cobrador de ônibus que fica cochilando o tempo todo e, nos breves despertar de seu trabalho mal feito, responde com aspereza às pessoas, de certo modo, atinge negativamente aos que estão ao seu redor e precisam de seu serviço. O professor que não prepara com esmero sua aula ou o trabalhador que não se dedica com afinco ao seu trabalho não prejudicam apenas a si próprios, mas a todos que necessitam de seus serviços e também a todos os que os cercam.
Mas os atos bons também são difusivos. A cozinheira que, além de dar o melhor de si na preparação dos alimentos, ainda se excede em fazê-lo mais bonito e atraente, de certa forma, está recheando de alegria a todos os que serão servidos. E, mais ainda, um trabalho bem feito, realizado com dedicação e alegria estimula aos demais a imitar. Um ato bom é como uma pedra atirada num lago. Provoca ao ser redor uma onda, e depois outra, e mais outra, até que todo o lago esteja tomado. O mesmo efeito produz os atos bons que, com esforço e por amor, realizamos em nossas vidas.
Estamos há poucos dias do Natal. Nesse tempo é natural que reflitamos um pouco mais profundamente sobre nossas vidas. Reflitamos, pois, sobre como e em que temos dedicado o nosso tempo, que é, depois da própria vida, um dos maiores tesouros que possuímos. Será que somos verdadeiramente felizes?
E, ao nos depararmos com essa pergunta, por demais comprometedora, talvez nos aventuremos a responder que não, ou que não somos tão felizes como gostaríamos. E, em seguida, vêm as razões (sem razão) que inventamos para a ausência de felicidade: é que ainda não consegui a minha casa; é que a crise ameaça o meu emprego; é que o meu vizinho, o meu chefe, a minha esposa, o meu marido... É que... E, com essas desculpas, queremos abafar um vazio interior. No fundo são as nossas opções e, por conseqüência, as nossas ações que nos realizam, e, portanto, nos fazem felizes ou infelizes.
O Natal, mais que uma simples recordação é um reviver, um reavivar em nossas vidas e mentes um acontecimento, ao mesmo tempo, simples e profundo. É, sem dúvida, um fato que ocorreu num determinado momento da história. Porém, mais que isso, no Natal se celebra a vinda de um perfeito exemplo a ser imitado e, nessa imitação, encontrarmos as respostas aos nossos anseios mais profundos.

Com efeito, há um modelo a ser seguido. Em cada situação de nossas vidas, poderíamos nos perguntar: como teria agido aquele Menino nessa situação? E de uma resposta e ação coerente com isso é que se constrói a felicidade pessoal e, mais ainda, se contribui para um verdadeiro progresso social.

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