Em recente pronunciamento o Presidente Lula afirmou que a crise se vence
com competência, otimismo e alegria. Confesso que não ouvi toda a mensagem, mas
penso que esses ingredientes sugeridos são imprescindíveis não apenas para se
enfrentar os momentos difíceis como para tudo em nossas vidas.
Competência. Como é importante que cada um dê o máximo de si em seu
trabalho! Mais que isso, competência não é apenas questão boa vontade. Cada um
em sua profissão deve se esmerar por aprimorar cada vez mais. Trata-se de
estudar, formar-se, aprender as novas técnicas e novos conceitos que são
necessários, seja qual for o ofício de cada um.
Talvez um grande equívoco que nós, brasileiros, caímos com muita
freqüência seja pensar que os dias melhores por que tanto esperamos depende
apenas da competência dos governantes. De fato, há muito que eles podem fazer
para obtermos melhores condições de vida. Mas há muito mais que depende de cada
um de nós. A pintura de uma casa ficará bem feita se o pintor se empenhar em
cumprir com esmero o seu trabalho. A sentença será justa se o Juiz se esforçar
por colher bem as provas, estudar o caso e ponderar na solução mais justa. O
paciente será bem cuidado se o médico for bem formado e prudente. A empresa andará
bem se o empresário for competente, mas também o sucesso do empreendimento
depende muito do trabalhador em cumprir o seu papel. E, desses trabalhadores
todos, qual é o mais importante? Penso que todos, cada um no seu lugar.
Todos deveríamos nos questionar, antes de nos lançarmos a fazer qualquer
tarefa de nosso dia-a-dia com a seguinte pergunta: por que estou fazendo isso?
É que a resposta a isso irá nortear quais serão nossas atitudes. Se faço apenas
para ganhar dinheiro, a atenção a quem depende de nossos serviços, o esmero por
fazê-lo bem feito, enfim, a qualidade de nosso trabalho somente será importante
na medida em nos possa fazer ganhar mais dinheiro. Se, ao contrário, o
principal objetivo for servir aos demais, o reconhecimento profissional e, com
ele, o sucesso econômico virão como conseqüência natural. E não nos faltará o
otimismo quando passarmos por momentos difíceis, pois trabalhamos por objetivos
mais transcendentes.
E, nesse ponto, chegamos ao segundo ingrediente: otimismo. Não se trata
de fechar os olhos para a realidade, ou mesmo sonhar com um “mar de rosas”. Mas
mesmo diante de cenários sombrios, é possível acreditar que, aconteça o que
acontecer, seremos felizes desempenhando com valentia e determinação o trabalho
que nos cabe, ou que nos é possível.
Alegria. Que ingrediente fantástico para se colocar nessa receita! Como
fazem falta pessoas alegres ao nosso lado! Ao contrário, como é pesado o
ambiente que se forma ao redor de um carrancudo e mal-humorado. E é curioso
notar que, ao contrário do que muitos de nós pensamos, a alegria não depende de
fatores externos, como o tempo, o trânsito, e mesmo o humor da esposa ou do
marido. No fundo, a alegria depende da paz de consciência, depende de que
tenhamos muito claro para nós mesmos o motivo pelo qual acordamos, trabalhamos,
descansamos e voltamos a trabalhar, qual seja, que o fazemos para servir aos
demais. E quanta alegria há em servir!
Agora que o Natal se aproxima, a contemplação do Presépio é como que um
exemplo vivo de tudo isso. O cenário não era muito animador para José, que
fazia as vezes de pai do Menino. Teve de deixar a sua cidade, Nazaré, e partir
para Belém, para cumprir uma ordem do imperador romano. Como cidadão honrado
que era, cumpriu o seu dever. A viagem era penosa e, sobre um jumentinho,
trazia a esposa grávida, com o parto iminente. Ao chegar ao destino, ninguém os
recebeu em sua casa, por mais que ele se esforçasse.
Mas eles não se abatem. No estábulo tudo é ajeitado com muita
competência, ainda que lhes faltasse quase tudo. O Menino nasce entre animais,
mas desde o primeiro momento é fonte de um otimismo fantástico que faz os
pastores e os magos se rejubilarem de alegria. E, por falar em alegria, essa é
a palavra que melhor define aquele cenário absolutamente simples. Eles não
temiam a crise do império romano, nem a sorte de seu País, nem mesmo o tirano
Herodes. Havia quem os guiasse com muita competência. E essa segurança é fonte
de um forte otimismo e de uma perene alegria.
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