Nesta segunda-feira, dia 21, encerra-se a visita do
Santo Padre à Austrália, onde participou da XXIII Jornada Mundial da Juventude. O evento reuniu
jovens do mundo inteiro, que buscam reavivar e difundir a fé cristã. Observando
aquela multidão de pessoas alegres, formada por negros, brancos, amarelos, que
possuem costumes e línguas diferentes, mas que conversam entre si e conseguem
se entender, talvez falando uma linguagem universal, confesso que não consigo
conter uma indagação que me aflui bem de dentro: o que move esses milhares de jovens
a se reunirem entre si e com o Papa?
Atrevo-me então a buscar na Bíblia uma resposta a
isso. E nela encontro como que uma auto-definição que Jesus faz de Si mesmo: “Eu
sou o caminho, a verdade e a vida” (Jo 13,6). Estaria aqui a razão dessa força
que move esses jovens?
Há um caminho. É muito consolador constatar que o
Santo Padre, no seu primeiro discurso ao povo australiano, formula uma
indagação semelhante: “Alguém poder-se-ia perguntar pela razão que impele
milhares de jovens a empreenderem uma viagem – para muitos deles – longa e
cansativa, a fim de poderem participar num acontecimento deste gênero”. E logo
em seguida dá a resposta: “Anseiam por tomar parte num acontecimento que
ressalta os grandes ideais que os inspiram, e voltam depois para suas casas
repletos de esperança, com uma renovada decisão de construir um mundo melhor”.
Nossos jovens possuem grandes ideais de vida. A
rebeldia, essa saudável e santa rebeldia juvenil nada mais é que um não rotundo
à mentira, à hipocrisia, às estruturas corrompidas. Muitos jovens, porém, por alguns
fatores, não conseguem direcionar bem seus anseios e se perdem em descaminhos,
como o da droga, no
qual não encontram a felicidade a que tanto anseiam. E então é preciso dizer a
eles que há um caminho, tanto que muitos e há dois milênios o percorrem.
Há uma verdade. Um dos maiores males do mundo moderno
é o relativismo. É preciso ressaltar, e esses jovens são exemplos eloqüentes
disso, que apesar das muitas diferenças étnicas, sociológicas e históricas que
marcam os homens, há em todos eles e em todo o tempo um anseio universal pela
felicidade e que essa felicidade seja eterna. E há Alguém imutável e eterno que
está acima dessas circunstâncias e que pode aplacar esses anseios.
Mas ao afirmarmos que há uma verdade universal, nem de
longe pode nos conduzir a uma postura discriminatória e exclusivista. Na
verdade, uma das atitudes mais comoventes que antecederam a Jornada Mundial da
Juventude partiu do líder muçulmano da Austrália, Ikebal Patel. Após dar as
boas-vindas a Sua Santidade o Papa Bento XVI, assim como a todos os peregrinos
na Austrália, Ikepal admitiu que está «particularmente orgulhoso» de que a
Igreja Católica tenha aceito a oferta da Escola Islâmica Malek Fahd, em
Sydney, para hospedar 350 peregrinos durante as festividades. O anseio pela
verdade e pelo amor que une esses jovens é capaz de transpor as barreiras que
há séculos separam as diversas religiões!
Esses jovens trazem em si um forte anseio de vida. E,
como diz também o Evangelho, “que a tenham em abundância”. Mas em que consiste
essa vida em abundância? Novamente são palavras do Papa: “Através da ação do
Espírito, possam os jovens aqui reunidos para a Jornada Mundial da Juventude
ter a coragem de se tornarem santos! Mais do que qualquer outra coisa, o mundo
precisa disto”.
Essas palavras do Papa sobre a santidade fazem-me
lembrar os ensinamentos de São Josemaría Escrivá: “Um segredo. - Um segredo em
voz alta: estas crises mundiais são crises de santos”. Essa é a verdadeira vida
a que tanto anseiam. Mas é preciso dizer, mais com o exemplo que com as
palavras, que a santidade não é esquisitice, nem apartar-se dos demais,
formando uma casta de “caretas”. Ao contrário, trata-se de ser jovens, em todas
as idades, que, no lugar em que estão, no seu trabalho, na sua família, no seu
relacionamento social, fazem o mesmo que os demais, mas empenhando-se por fazer
cada coisa como Cristo o faria. E com isso, sendo sal e luz para os demais, tornam
mais alegre esse mundo que nos rodeia.
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