Na última sexta-feira, dia 18 de abril, comemoramos o
Dia do Exército brasileiro. É célebre a frase do seu patrono, marechal Manuel
Luiz Osório: "É fácil a missão de
comandar homens livres, basta mostrar-lhes o caminho do dever". Penso que
o lema de Osório deva ser meditado por todos aqueles que têm a missão de
comandar homens livres: pais, professores, governantes, empresários,
comandantes militares, líderes sindicais etc.
Talvez uma primeira indagação que nos propomos seja:
será mesmo fácil comandar homens livres? E o interessante é que Osório coloca
três ingredientes de radical importância para todo aquele que pretende
comandar, para quem almeja ser guia de seus semelhantes: liberdade, caminho e
dever.
E seriam esses ingredientes incompatíveis entre si?
Para algumas ideologias ou correntes de pensamento liberdade e dever, ou
liberdade e caminho seriam por si incompatíveis. Pensam assim aqueles que vêem
a liberdade como ausência de “amarras” ou de regras.
No entanto, acredito que tal seja uma concepção
errada de liberdade. Tomemos como exemplo um grupo de escoteiros que se
aventura a empreender uma viagem por uma selva para eles desconhecida. Com esse
objetivo, contratam um guia que conhece o caminho. No percurso, o guia irá
dando várias instruções: “não pise aqui”, “siga nessa direção”, “cuidado com
esse inseto”. Nessa situação, nenhum dos participantes da excursão ousará
dizer: “esse guia tolhe a minha liberdade”. Ao contrário, estará seguro de que,
sem suas instruções, não chegariam ao destino.
Imaginemos, ainda, um alpinista que se aventura a
escalar uma montanha. Será possível que, em meio à escalada, ele, para exercer
plenamente a sua liberdade, rompesse com as amarras e cortasse a corda que o
mantém seguro? Seria uma idéia absurda, suicida.
Portanto, os escoteiros, por serem livres, podem
seguir as instruções do guia ou não, o alpinista pode manter-se atado à corda
ou cortá-la. A escolha certa, porém, representa o bom uso da liberdade, que os
fazem exatamente por isso mais livres.
Estou certo de que a principal característica de todo
educador, de todo aquele que se dispõe a comandar ou instruir seus semelhantes
é ter um profundo respeito pela liberdade. Mas, sobretudo, que tenha uma noção
exata do que é liberdade.
Mas Osório fala também em caminho. Temos um
caminho? Temos uma missão? A resposta não é difícil. Penso que a única coisa
que motiva verdadeiramente o ser humano é a felicidade. Não há quem não a
queira, ainda que, por vezes, a busquem em “caminhos” nos quais ela não está. E
onde ela estaria, então? Ora, está onde o mesmo Ser que criou o universo e tudo
o mais que existe a colocou. E o grande desafio que dá sabor à vida é
procurá-la todos os dias. E o educador, que se dispõe a conduzir homens livres,
antes de mais nada, deve ser luz que aponta para esse caminho. É que
encontrá-lo ou não o encontrar toca no anseio mais fundamental de todo ser
humano: a felicidade.
E o dever? “Coisa chata”, muitos dirão. Mais que
isso, podem questionar sobre “o que isso tem que ver com liberdade, caminho e
felicidade?”. Penso que tem tudo a ver. É que o dever primordial e o rumo que
norteou a vida de todos os homens e mulheres que hoje admiramos é o espírito de
serviço aos demais.
Dizem que as palavras inspiram, mas o exemplo
arrasta. De fato, educar homens livres é mostrar-lhes o caminho do dever. E o
dever está em servir com alegria, sendo o próprio comandante (pai, professor
etc.) um atraente exemplo de serviço. Deve ser alguém que encoraje os outros a
segui-lo, posto que vale a pena ir atrás de quem encontrou o caminho da
felicidade.
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