segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Volta às aulas

Em recente pronunciamento, o Presidente da República, após algumas considerações sobre a atuação do seu governo na educação, termina o seu discurso com uma frase que merece elogio. Disse ele: quero fazer um apelo a toda sociedade e, em especial às mães e pais de família:  participem ativamente da vida da escola de seus filhos, saibam como ela está se saindo na Prova Brasil, apóiem os professores. Mas também marquem em cima, cobrem resultados. Sejam parceiros dos seus filhos no aprendizado. E deixem claro para eles que estudar é importante para conquistar uma vida melhor e construir um país mais justo.
A educação é um direito, mas também um dever do pai e da mãe. Assim como os pais atuam diretamente no ato de trazer um novo ser ao mundo, incumbe-lhes, em primeiro lugar, a obrigação de formar o filho, ajudando-o a crescer como pessoa.
Nesse sentido, a escola atua na educação exercendo uma atribuição que lhe é delegada pelos pais, que são os principais responsáveis pela educação. Nenhuma escola, por melhor que seja, não pode ter a pretensão de substituir os pais na formação de seus alunos.
Isso implica que os pais têm o direito, mas sobretudo o dever de participar do que acontece na escola. E tal direito há não apenas nas escolas particulares, mas também e principalmente nas instituições públicas.
No entanto, o que muitas vezes infelizmente se observa é que as escolas querem compartilhar os problemas dos alunos com os pais. Querem dar-lhes sugestões e chamar-lhes à responsabilidade de participarem mais ativamente da formação de seus filhos, mas não conseguem sequer fazer com que participem das poucas reuniões a que são chamados.
Talvez isso seja conseqüência do consumismo exacerbado que marca nossa sociedade. Com efeito, pensa-se que todas as soluções são compradas, ou até mesmo adquiridas gratuitamente. Assim, se se está doente, contrata-se (ou procura-se um médico). Se se está vivendo uma crise existencial, contrata-se um psicólogo. Se se precisa de alimento, vestuário etc., vai até a loja e compra. E, nesse mesmo contexto, se  é preciso educar o filho, paga-se uma escola, ou, para os menos favorecidos, coloca-se o filho numa instituição estatal e pronto.
O que muitos de nós nos esquecemos, porém, é que mais que dar algo aos nossos filhos (saúde, roupa, comida, lazer ...), precisamos doarmos nós mesmos a eles. Arranjar tempo para estar com eles, e, numa convivência sadia, irmos nos ocupando de sua formação.
E nessa tarefa, mais que transmitir conhecimentos, o que pode até ser delegado para a escola, trata-se de uma missão primordial dos pais transmitirem aos filhos um sentido para suas vidas. Por dentro daqueles olhinhos inocentes, trazem eles uma grande indagação: “Papai, o que eu estou fazendo neste mundo?”. E o primeiro e principal fracasso na educação advém de não ter uma resposta bem clara e precisa a essa pergunta.
E um bom critério para avaliarmos se nossos filhos estão bem, se a formação que damos em casa e na escola está evoluindo satisfatoriamente, é avaliarmos se eles estão felizes. Com que triste freqüência encontramos hoje jovens e crianças cheios de brinquedos, videogames, produtos de última geração e, no entanto, no fundo estão cheios de tristezas e frustrações.
Penso que o grande segredo da educação seja o ato de se doar, de deixar marca na vida daquele que é ensinado. O professor, mais que gravar na memória do aluno uma equação matemática, deve ficar ele próprio como modelo de um homem ou de uma mulher que exalam alegria, paz e serenidade numa sala de aula, exatamente porque sabem amar. O pai e a mãe, mais que bons ensinamentos deixados através de palavras diariamente repetidas aos filhos, devem ser eles próprios modelos que arrastem e animem a lutar por imitá-los.

Certa vez disse numa palestra que os filhos esperam dos pais, já desde o primeiro instante, um exemplo de que a vida vale a pena. E alguém da platéia fez o comentário bem humorado: “talvez seja por isso que eles já nascem chorando...”. De fato, eles nascem chorando. Porém, eis aí o nosso grande desafio: transformar esse pranto em alegria.

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