segunda-feira, 22 de outubro de 2007

O terceiro tempo

Vivemos numa época em que as pessoas correm em ritmo frenético. Para a maior parte das pessoas, o trabalho intenso toma toda a manhã, a tarde, invadindo ainda parte da noite. Com relação à mulher, a situação é ainda mais angustiante, pois  além de trabalhar fora, é comum que recaia nas costas dela os cuidados da casa.
Nesse contexto, é imprescindível que os pais estejam atentos para garantir uma convivência familiar saudável. Isso implica programar bem o dia. Trata-se de começar e terminar o trabalho profissional na hora prevista, sem adiamentos. Há de se ter a fortaleza de terminar o expediente na hora prevista, custe o que custar. Afinal, o que há de mais importante na vida de um homem e de uma mulher do que a própria família.
Se houver ordem e o horário de trabalho for bem aproveitado, sem distrações com bobagens na internet ou sem nos excedermos nos “cafezinhos”, conseguiremos concluir nossos afazeres na hora prevista. Por conseqüência, disporemos de mais tempo no final do dia para estar com a esposa, com o marido e com os filhos.
Além do esforço por reservar um tempo diário para a família, mais importante ainda é cuidar da qualidade desse tempo. Há que se indagar: o que se faz em minha casa à noite? Cada um vai assistir a TV em seus quartos? O pai se enfurna no jornal e a mãe ou os filhos no msn? Que me desculpe o leitor, mas isso não é o cenário de uma verdadeira família. Ao contrário, mais se parece com o de uma espécie de hotel ou de albergue, em que se vive sob o mesmo teto, mas cada um cuidando de suas coisas, sem se preocupar o mínimo com os demais.
É imprescindível que haja momentos agradáveis na família. Que se esforcem por fazer a refeição juntos, e não cada um diante da TV. Que se tenham momentos para uma conversa descontraída, na qual cada um conte como foi o seu dia, se façam brincadeiras saudáveis, contem-se piadas, ou seja lá o que for, mas que se faça do lar um lugar em que haja prazer em ficar, pela alegria em que se vive, pelo esquecer-se de si e ocupar-se dos demais.
E nesse empenho em construir um ambiente saudável no lar, o marido tem de aprender a deixar para fora as preocupações com o trabalho. Sei de uma pessoa que, para estar alegre e vibrante à noite, no que ele chamava de terceiro tempo de trabalho, antes de entrar em casa, tocava com a ponta dos dedos um pequeno arbusto que havia defronte a porta, dizendo de si para si que deixava naquela pequena árvore todas as suas preocupações do trabalho, para apanhá-las somente no dia seguinte. É que queria que aqueles minutos fossem exclusivamente para a esposa e filhos.
E também a mulher tem de se esforçar por fazer aprazíveis a todos os momentos de convivência no lar. Vale a pena transcrever o trecho de um livro que muito pode ajudar o relacionamento familiar:
“Uma senhora tinha problemas em casa. Mal o marido chegava do trabalho, começavam a discutir. Uma amiga recomendou-lhe:
– Vá aconselhar-se com tal padre, que é um homem muito sábio.
Foi visitá-lo. O sacerdote escutou-a pacientemente e disse-lhe:
– Tenho o remédio para o seu problema.
E trouxe-lhe uma garrafa de água.
– É uma água maravilhosa: a água de São Geraldo. Quando o seu marido chegar, tome um gole desta água e fique com ela na boca pedindo a São Geraldo a paz do seu lar.
A experiência foi definitiva. A partir desse dia, a paz reinou na família. Mas – ai! – a água acabou. A mulher voltou a pedi-la, mas o bom padre disse-lhe, sorrindo:
– É água comum, pode pegá-la na torneira da sua casa. O importante é que fique com a água na boca, reze e... não fale!
O silêncio, a capacidade de escutar, são uma verdadeira água miraculosa que traz serenidade ao lar. É bom que se lembrem desta história não apenas as mulheres, mas também muitos homens...” (As Crises Conjugais, de Rafael Llano Cifuentes).

A harmonia no lar se constrói de pequenos esforços feitos por todos, todos os dias. Mas vale a pena. Afinal, quem não gostaria de transformar suas casas em lares que sejam remansos de paz e alegria, onde se passem bons momentos, onde se sinta feliz por simplesmente estar ali.

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