Amanhã, 12 de junho, é dia dos namorados. Convém que
meditemos no namoro em nossos dias e, principalmente, como vivê-lo bem pode
influenciar positiva ou negativamente na felicidade das pessoas.
Se nos aproximássemos de um casal jovem de namorados,
que estão tomando sorvete juntos no shopping, e os surpreendêssemos com a
seguinte pergunta: “é gostoso esse sentimento que nutrem um pelo outro?”.
Seguramente responderiam que sim. Se perguntássemos se gostariam que esse
sentimento durasse para sempre, também não tenho dúvidas de que responderiam
afirmativamente. Porém, se indagássemos a eles: “o que pretendem fazer para que
essa enamoramento perdure e, mais ainda, que aumente no decorrer de suas
vidas?”, por certo que muitos não teriam a resposta, pior ainda, outros tantos
trariam uma forte dúvida dentro de si, certos de que o sucesso do
relacionamento estaria relegado ao acaso, como se não dependesse deles e apenas
deles construir no dia a dia essa tão sonhada felicidade.
No começo do namoro, os defeitos dele ou dela estão
como que ofuscados, pois não se têm olhos para eles. Isso, em si, não é de todo
ruim e, se meditarmos bem, tem lá sua razão de ser. Certa vez ouvi de um amigo
suas conclusões sobre isso: “Penso que o enamoramento é uma armadilha para o
casamento. Se nos tempos de namoro eu tivesse contemplado como ela seria ao
acordar em um dia frio, após trinta anos de casamento, com o seu pijama
surrado, cabelo despenteado e restos da maquiagem do dia anterior, por certo
que teria fugido do altar”. E o mesmo ocorre por certo com ela. Ouso arriscar
que a imagem dele, com avantajada barriga, barba por fazer e chinelo de dedo
perambulando preguiçosamente pela casa em uma tarde de domingo, por certo
afugentaria a mais apaixonada das jovens namoradas.
Mas é necessário que se conheçam bem na fase de
namoro. Não para perder o encanto, mas exatamente para evitar que o tempo traga
o desencanto. Falar sobre os sonhos, projetos de vida, gostos, família, filhos
e etc. Isso é o primeiro ingrediente para que o enamoramento possa crescer com
o tempo.
Quanto os filhos começam a namorar, os pais podem
ajudar nisso. No entanto, é muitíssimo freqüente que eles, com a intenção de
ajudar, muito atrapalham. É que, ao notarem algum defeito no namorado da filha
(ou na namorada do filho), vão logo dizendo: “nossa, mas ele já tem tantos anos
e ainda não trabalha?”. Ou, “puxa, como ela é briguenta”.
Porém, com essas observações azedas, os pais não
conseguem nada. Uma boa tática é omitir essas observações. Mais ainda,
esforçar-se por vencer neles próprios aqueles defeitos que se vêem no namorado
da filha ou na namorada do filho. Com o tempo, se o defeito for grave e
intransponível, a filha (ou o filho) verá que o namoro não é bom. E mesmo que
não vejam, não seriam os comentários em tom de crítica que lhes abririam os
olhos. Dependendo do caso, pode ser necessário ter uma conversa para expor os
fatos. Mas com carinho, em tom afável e, sobretudo, profundo respeito à
liberdade do filho.
Também não se trata de ficar procurando um parceiro
perfeito, porque não existe. Se tivesse de dar uma sugestão a alguém que procura
um namorado ou uma namorada, diria que seja alguém que esteja disposto a lutar
por ser melhor como pessoa, apesar dos muitos defeitos que tenha. E quem não os
tem? É que, com essa boa disposição, os obstáculos se vencem no dia a dia.
Na véspera do dia dos namorados, ouso dar aos
namorados, com poucos ou muitos anos de namoro: que procurem ser cada dia um
pouco melhores enquanto pessoas. Que estejam cada dia mais dispostos a ajudar e
servir. Com essa postura, os anos passarão, as rugas tomarão a face e os
cabelos brancos encherão a cabeça, mas, mesmo assim, o sorvete que tomam juntos
no shopping será cada vez mais gostoso.
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