segunda-feira, 7 de maio de 2007

Que mundo é esse?

Semana passada, logo após o incidente da explosão de uma bomba no prédio da Cidade Judiciária, em Campinas, ouvi de uma senhora, em uma roda de bate-papo, um desabafo indignado: “uma família com pais e crianças nas garras de seqüestradores, aquela roubalheira envolvendo figurões do judiciário e, como se não bastasse, agora ainda corremos risco de atentado. Que mundo é esse?”.
Cara amiga, ainda que não te conheça, penso que podemos meditar um pouco nas causas de tantos dissabores.
Talvez o maior problema do mundo atual é que se desencadeou uma campanha muito bem articulada e acirrada para destruir os valores cristãos, e, no entanto, ninguém se preocupou em colocar nada em seu lugar.
A essência da mensagem cristã está condensada no chamado Sermão da Montanha. Vejamos, porém, como o mundo atual dela se distancia!
Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus. No mundo moderno, porém, a essa mensagem se contrasta fortemente o consumismo, cujas idéias poderiam ser condensadas em algo do tipo: “bem-aventurados os que têm dinheiro, carro do ano, roupa da moda, viajam com freqüência, porque deles são os prazeres da terra”. E em nome dessa “mal-aventurança”, justifica-se seqüestrar e manter crianças como reféns, vender sentenças judiciais, dentre muitos outros crimes.
Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados. Que diriam disso muitas pessoas de nosso tempo? É impressionante como nossos adolescentes (e muitos adultos também!) são avessos a tudo o que significa esforço ou sacrifício. Suas conversas giram quase que exclusivamente sobre diversão, festa, programas badalados...  Perder tempo em ir visitar um doente num hospital? Ou um idoso num asilo? “Que coisa mais estranha e fora de moda”, pensarão. “Bem-aventurados os que soltam altas gargalhadas, porque com isso dão a impressão que são felizes”, pode-se resumir essa “mal-aventurança”.
Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra. Mansidão. Como é importante essa virtude cristã e quão pouco se a encontra em nosso mundo! Para constatar isso, basta que se trafegue por alguns minutos em uma grande cidade e contemple como se ofendem e se impacientam as pessoas.
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados. Nessa, talvez muitos de nós fiquemos mais tranqüilos pensando: “eu tenho sede de justiça”. Ocorre que justiça é, essencialmente, dar a cada um o que é seu. E será que se vive assim em nossa sociedade?
Dar a cada um o que é seu significa, antes de mais nada, respeitar o direito mais elementar de qualquer ser humano, que é o direito à vida, direito esse que vai desde a concepção até a morte. No entanto, há muitas pessoas que não respeitam esse direito fundamental, colocando bombas em um local público e pouco se importando que tirem a vida de inocentes. Há outras que se empenham em matar seres mais inocentes ainda, no ventre materno, matança essa em nome de uma “liberdade sexual”. Que liberdade é essa que leva a morte de um ser humano indefeso?
Sim. Bem-aventurados os que têm sede de justiça, sede de vida. Eis o primordial valor do cristianismo que se busca apagar da mente das pessoas de nosso tempo. Porém, lamento dizer-vos, caros “mal-aventurados”, não conseguirão. Não terão êxito ainda que, por vezes, pareça que a humanidade está sucumbindo à cultura da morte. E sabe por que não terão sucesso? É que o Autor das bem-aventuranças ensinou, principalmente, a doze homens a sua doutrina. Um deles o traiu, mas os outros onze espalharam-na pelos quatro cantos da terra e mudaram o mundo de então. E essa mesma semente deixada pelo divino Mestre ainda reluz forte em muitos corações.

E esses pobres em espírito, que choram pelas injustiças do mundo, mansos, mas fortes e serenos, saberão de novo resistir a essa grande tempestade que nos assola, e terão forças para sair de suas casas e ir para as ruas, e com vozes fortes cantar em defesa da vida, da dignidade da pessoa humana, da família, da paz e da concórdia. E o farão certos da vitória.

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