Hoje é quarta-feira de
cinzas. Agora que a festa acabou, penso que seja um bom momento para falarmos
um pouco do trabalho, em especial, sobre como anda o ambiente em que
desenvolvemos nossa atividade profissional.
Um grande amigo me
repassou um e-mail que recebeu de um colega seu. Trata-se de uma pessoa que
morava há algum tempo na Suécia e resolveu contar-lhe uma de suas experiências
naquele País:
A primeira vez
que fui para lá, em 90, um dos colegas suecos me pegava
no hotel toda manhã. Era setembro, frio, nevasca. Chegávamos cedo na Volvo
e ele estacionava o carro bem longe da porta de entrada (são 2.000
funcionários de carro). No primeiro dia não disse nada, no segundo, no
terceiro... Depois, com um pouco mais de intimidade, numa manhã,
perguntei:
"Você tem
lugar demarcado para estacionar aqui? Notei que chegamos cedo,
o estacionamento vazio e você deixa o carro lá no final." Ele me respondeu
simples assim: "É que chegamos cedo, então temos tempo de caminhar -
quem chegar mais tarde já vai estar atrasado, melhor que fique mais perto
da
porta. Você não acha?".
Olha a minha
cara! Ainda bem que levei esta logo na primeira. Deu para
rever bastante os meus conceitos dali para frente . . .
Essa mensagem simples
do sueco pode nos levar a meditar como nos portamos com os nossos colegas de
trabalho.
Numa propaganda de
colchão de alguns anos atrás, dizia-se que passamos um terço de nossas vidas na
cama, de modo que há de se cuidar muito bem desse tempo. Penso que a frase
sirva, com muito maior razão, para o ambiente de trabalho. De fato, passamos um
terço de nossas vidas ou até mais que isso no local de trabalho. Sendo assim, o
que fazemos para que esse ambiente seja o mais saudável possível?
O primeiro passo para
construirmos a paz no trabalho é declarar guerra aos inimigos. E são eles: os mexericos,
as fofocas, as maledicências, sempre ditas covardemente pelas costas do colega.
Também minam as bases de uma convivência saudável: o oportunismo, a ambição
exacerbada que não deixa ver no outro um ser humano, mas um degrau a ser
escalado. E essa postura, se não a identificamos e combatemos a tempo, pode
chegar ao extremo das traições, das puxadas de tapete, infelizmente muito
comuns no mundo em que vivemos.
Com boa vontade, não é
impossível de se construir um bom ambiente de trabalho. Recordo-me agora de um
superior que tive há alguns anos atrás, cujo exemplo me foi muito marcante. Ele
estava sempre alegre. Se notava que alguém não estava bem, com delicadeza e
inquebrantável bom humor, tentava levantar o astral do colega. Quando terminava
o seu trabalho, procurava ajudar os demais, mas o fazia com tamanha delicadeza,
que quem recebia a ajuda sequer notava. E não fazia isso para cobrar depois,
como quem faz para depois dizer “lembra daquele dia que ...”. Não, fazia o bem
por fazê-lo, sem qualquer outro interesse.
Por vezes nos
encontramos num local de trabalho em que mais parece um ninho de cobra. Temos
de tomar cuidado com o que dizer, como dizer, do que falar etc. Nesses casos,
pode surgir o desânimo a ponto de pensar que nada se pode fazer, que o melhor é
mudar de trabalho. Pode ser que seja essa a melhor solução mesmo, mas é errado
pensar que nada se pode fazer.
Um sábio me disse uma
vez que devemos ser no mundo e, em especial, no ambiente de trabalho, como uma
pedra atirada ao lago calmo em um final de tarde. A pedra gera uma onda, e
depois outra, e mais outra, até que todo o lago esteja tomado. Assim podemos
ser cada um de nós no nosso ambiente de trabalho. Uma palavra de estímulo, um
sorriso a quem nos importuna, uma palavra amável em resposta à outra grosseira,
o esforço por ajudar desinteressadamente até que se contamine positivamente o
ambiente. E não é necessário irmos á
Suécia para fazermos isso.
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