Um grande amigo me
contou da existência de um site na
internet em que as pessoas, acessando-o, simulam uma vida totalmente virtual.
Nele “trabalha-se”, compra-se, vende-se, ganha-se dinheiro, diverte-se, ou
seja, faz-se tudo o que se faz em uma vida real, só que num ambiente virtual.
Num primeiro momento, pensei pudesse se tratar de uma diversão inofensiva. Essa
brincadeira, porém, já está movimentando milhões, pois há pessoas que se
dispõem a investir dinheiro (real, ou melhor, dólar) para comprar imóveis,
móveis e demais objetos virtuais.
Diante disso, fica uma
dúvida aparentemente sem resposta: o que leva uma pessoa a gastar dinheiro em
algo que é completamente irreal? Em nossa sociedade consumista já é de certo
modo corriqueiro que as pessoas comprem objetos desnecessários, apenas por
comprar, ou para dizerem que tem, mas investir em adquirir algo que não existe
de fato, mas apenas fica registrado em um sistema de computador, chega a ser de
todo incompreensível.
Mas se meditarmos um
pouco, talvez haja uma explicação. Uma das características mais marcantes do
mundo moderno é o relativismo moral. Tudo é relativo, sustenta-se, não há
valores absolutos. “Para mim isso é assim”, dizem, para outros, é de outra
forma, enfim, tudo depende de se acreditar ou não.
Penso que o relativismo
é uma forma que inventaram para que cada pessoa aja como se fosse deus, sem
prejudicar o “direito” de os outros também agirem como deuses. Por exemplo,
poderá alguém dizer que Deus não existe, e, como tudo é relativo, para ele que
pensa assim, Deus não existe mesmo, para o outro que crê em Deus, ao contrário,
Ele existe. Ora, nada mais absurdo que isso, pois o fato de alguém não
acreditar não faz com que Deus deixe de existir. Mas o relativismo impregna
outros aspectos menos transcendentes, como o que se deve fazer para alcançar a
felicidade. Num autêntico relativismo, dirão uns, para ser feliz é necessário
ser muito rico, para outros, consistirá em ter saúde, para outros ainda, a
felicidade se encontra na luta por fazer algo de bom aos demais.
Mas será que tudo é
relativo mesmo? Será que é possível que haja mesmo caminhos tão antagônicos
ente si e todos levam à mesma felicidade esperada? Penso que não. Acredito que
há valores absolutos e eternos, válidos para todos os homens e de todos os
tempos. Nisso se incluem o amor, a fraternidade, a solidariedade, a família. As
formas de vida das pessoas, isso é mesmo relativo, e mudam ao sabor das
circunstâncias, do momento histórico, do local etc. Mas em todos há algo de
essencial e imutável, e a conseqüência que advirá dos que negam tais valores,
ou não buscam pautar suas vidas por eles, será simplesmente não alcançar a tão
almejada felicidade, pois a procuram por caminhos onde ela não está.
Muito bem, mas que tem
o mundo virtual de que falávamos no início com o relativismo? Ora, não é
difícil de ligar as coisas. É que no mundo virtual as pessoas podem moldar as coisas
para que sejam de fato como gostariam que fossem. Gostaria de ser rico, então
entro num site onde se compra, vende-se e se fica rico, e lá tudo é do jeito
que gostaria que fosse. Outros, que gostam dos investimentos futebolísticos, há
outro site em que se compram
jogadores, ganham-se partidas e se fica rico utilizando estratégias bem
elaboradas. E o curioso é que em cada um desses programas o mundo pode ser tal
como gostaríamos que fosse, afinal, há muitos deles disponíveis para cada
gosto. Que maravilha, podem pensar os relativistas modernos, diante da tela do
computador posso dizer e pensar que sou deus de verdade!
O problema (ou a
solução) é que em um momento ou noutro, há de se sair da frente do computador,
e então se depara com um mundo bem real, que é do jeito que é e não como cada
um gostaria que fosse, até porque Quem o fez sabe muito mais e melhor que
qualquer ser humano poderia imaginar. Há um mundo maravilhoso aqui fora, no
qual se pode ser exageradamente feliz. Basta que acreditemos que em nossos
corações, no coração de todos os homens, há uma lei natural cujo cumprimento
não nos tira a liberdade, na verdade, nos guia para a felicidade, afinal, somente
se é feliz quem é verdadeiramente livre.
Nenhum comentário:
Postar um comentário