quarta-feira, 31 de janeiro de 2007

Relativismo cruel

Um grande amigo me contou da existência de um site na internet em que as pessoas, acessando-o, simulam uma vida totalmente virtual. Nele “trabalha-se”, compra-se, vende-se, ganha-se dinheiro, diverte-se, ou seja, faz-se tudo o que se faz em uma vida real, só que num ambiente virtual. Num primeiro momento, pensei pudesse se tratar de uma diversão inofensiva. Essa brincadeira, porém, já está movimentando milhões, pois há pessoas que se dispõem a investir dinheiro (real, ou melhor, dólar) para comprar imóveis, móveis e demais objetos virtuais.
Diante disso, fica uma dúvida aparentemente sem resposta: o que leva uma pessoa a gastar dinheiro em algo que é completamente irreal? Em nossa sociedade consumista já é de certo modo corriqueiro que as pessoas comprem objetos desnecessários, apenas por comprar, ou para dizerem que tem, mas investir em adquirir algo que não existe de fato, mas apenas fica registrado em um sistema de computador, chega a ser de todo incompreensível.
Mas se meditarmos um pouco, talvez haja uma explicação. Uma das características mais marcantes do mundo moderno é o relativismo moral. Tudo é relativo, sustenta-se, não há valores absolutos. “Para mim isso é assim”, dizem, para outros, é de outra forma, enfim, tudo depende de se acreditar ou não.
Penso que o relativismo é uma forma que inventaram para que cada pessoa aja como se fosse deus, sem prejudicar o “direito” de os outros também agirem como deuses. Por exemplo, poderá alguém dizer que Deus não existe, e, como tudo é relativo, para ele que pensa assim, Deus não existe mesmo, para o outro que crê em Deus, ao contrário, Ele existe. Ora, nada mais absurdo que isso, pois o fato de alguém não acreditar não faz com que Deus deixe de existir. Mas o relativismo impregna outros aspectos menos transcendentes, como o que se deve fazer para alcançar a felicidade. Num autêntico relativismo, dirão uns, para ser feliz é necessário ser muito rico, para outros, consistirá em ter saúde, para outros ainda, a felicidade se encontra na luta por fazer algo de bom aos demais.
Mas será que tudo é relativo mesmo? Será que é possível que haja mesmo caminhos tão antagônicos ente si e todos levam à mesma felicidade esperada? Penso que não. Acredito que há valores absolutos e eternos, válidos para todos os homens e de todos os tempos. Nisso se incluem o amor, a fraternidade, a solidariedade, a família. As formas de vida das pessoas, isso é mesmo relativo, e mudam ao sabor das circunstâncias, do momento histórico, do local etc. Mas em todos há algo de essencial e imutável, e a conseqüência que advirá dos que negam tais valores, ou não buscam pautar suas vidas por eles, será simplesmente não alcançar a tão almejada felicidade, pois a procuram por caminhos onde ela não está.
Muito bem, mas que tem o mundo virtual de que falávamos no início com o relativismo? Ora, não é difícil de ligar as coisas. É que no mundo virtual as pessoas podem moldar as coisas para que sejam de fato como gostariam que fossem. Gostaria de ser rico, então entro num site onde se compra, vende-se e se fica rico, e lá tudo é do jeito que gostaria que fosse. Outros, que gostam dos investimentos futebolísticos, há outro site em que se compram jogadores, ganham-se partidas e se fica rico utilizando estratégias bem elaboradas. E o curioso é que em cada um desses programas o mundo pode ser tal como gostaríamos que fosse, afinal, há muitos deles disponíveis para cada gosto. Que maravilha, podem pensar os relativistas modernos, diante da tela do computador posso dizer e pensar que sou deus de verdade!

O problema (ou a solução) é que em um momento ou noutro, há de se sair da frente do computador, e então se depara com um mundo bem real, que é do jeito que é e não como cada um gostaria que fosse, até porque Quem o fez sabe muito mais e melhor que qualquer ser humano poderia imaginar. Há um mundo maravilhoso aqui fora, no qual se pode ser exageradamente feliz. Basta que acreditemos que em nossos corações, no coração de todos os homens, há uma lei natural cujo cumprimento não nos tira a liberdade, na verdade, nos guia para a felicidade, afinal, somente se é feliz quem é verdadeiramente livre.

quarta-feira, 24 de janeiro de 2007

Conciliar é legal

O Judiciário Paulista promoveu, no dia 8 de dezembro de 2006, um mutirão de audiências de conciliação em várias cidades. O evento faz parte da campanha “Conciliar é legal”, coordenada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Outros mutirões também aconteceram em todo o País. A medida visa conscientizar as pessoas em litígio para a conveniência de se buscar uma solução amigável para os conflitos.
Há alguns anos exercendo a função de juiz, posso atestar que quando profiro uma sentença em audiência, o ambiente fica carregado. O vencido sai inconformado e revoltado, curiosamente, sequer o vencedor sai muito aliviado, por vezes com ar de triunfo, mas no fundo insatisfeito, também pelo tempo que tem de aguardar para que seu direito seja efetivamente reconhecido. Ao contrário, quando as partes chegam a um acordo, o ambiente fica leve e sereno, as pessoas saem felizes, como se tivessem tirado um grande peso das costas. Não raras vezes, cumprimentam-se e reatam amizade que há tempos havia se perdido.
Não há dúvidas de que a conciliação é, de longe, a melhor forma de se resolver os litígios. Mas penso que poderíamos investigar um pouco mais a fundo sobre as causas dos conflitos, e assim entendermos por que às vezes é tão difícil a solução amigável.
A justiça, antes de ser um fenômeno social ou jurídico, é uma virtude, que pode ser definida como a disposição firme e constante de dar a cada um o que lhe é devido. Deve estar ela, portanto, no interior de cada ser humano. Nesse sentido, somente há justiça em uma sociedade se as pessoas que a compõem forem interiormente justas, vale dizer, que ajam de forma a respeitar os direitos dos demais.
Por exemplo, é justo o devedor que paga suas dívidas pontualmente, que não contrai obrigação que não sabe se terá como pagar. É justo o empregador que paga salários dignos, o empregado que trabalha com esmero, a mãe de família que é zelosa com os filhos e solícita ao esposo, o pai que se ocupa seriamente com a educação dos filhos, o esposo que é solícito com a esposa. Quando se descumprem essas obrigações, surgem insatisfações com quem descumpriu tais direitos: credor, esposo, esposa, filho, empregador, trabalhador etc. Essas insatisfações podem dar ensejo a um processo judicial ou não, mas são sempre ruins, pois abalam as relações sociais e, pior ainda, fazem um grande mal a quem tem tais direitos lesados e ao próprio descumpridor desses direitos, que, em última análise, não encontrará jamais dentro de si a paz tão almejada por qualquer ser humano.
Uma vez lesado esse direito, os conflitos podem ser solucionados, basicamente, de três formas: pela lei do mais forte, fazendo justiça pelas próprias mãos; através de um terceiro, atualmente o Poder Judiciário; ou pela composição entre as próprias partes. De todas elas a melhor é a composição. É que as outras agem externamente, por exemplo, alguém devia certa quantia e não pagou, por ordem do juiz o oficial de justiça toma um bem seu, vende-se esse bem num leilão e, com isso, paga-se o credor. Nesse caso, interiormente, a virtude da justiça continuou sendo desrespeitada, foi feita, talvez, externamente e com base na força, mas o mal social e pessoal subsistem.
Quando as pessoas sabem ceder, colocar-se na situação do outro, renunciar parte do que acreditam ter direito, se isso for possível, esforçando para se entender com o adversário, ao contrário, a paz interior e exterior se restabelecem. Mais ainda, há litígios em que não há solução possível que não a feita pelas próprias partes. Por exemplo: Como dar uma sentença que imponha ao pai a obrigação de ser dedicado aos filhos? Como impor ao filho o respeito pelos pais?

Ocorreu-me recentemente que um conciliador, muito competente, iniciou uma audiência em que as partes estavam com tal animosidade que já no corredor quase se atracaram. Mas, com toda a paciência, lembrou-se ele de uma passagem do Santo Evangelho que diz: “quando estiverdes a caminho com teu inimigo, procura conciliar-se com ele”. Após algum tempo, notava-se no rosto daqueles que outrora foram litigantes a paz de espírito que dinheiro nenhum consegue comprar.

quarta-feira, 17 de janeiro de 2007

A paz começa no lar

Em seu pronunciamento por ocasião do dia Mundial da Paz, o Papa transmitiu uma mensagem que merece ser meditada: De fato, estou convencido de que respeitando a pessoa promove-se a paz e, construindo a paz, assentam-se as premissas para um autêntico humanismo integral. É assim que se prepara um futuro sereno para as novas gerações.
Há vários aspectos relacionados com o tema que poderiam ser abordados. Mas se constata na mensagem uma finalidade bem definida: preparar um futuro sereno para as novas gerações. Falemos, pois, da educação dos filhos, até porque se mostra o respeito a eles educando-os de verdade.
Muitos pais pensam, porém, quando se fala em educação dos filhos, que tudo ou quase tudo o que podem fazer é escolher uma boa escola e que, feito isso, o assunto está resolvido. De fato, escolher bem o colégio é muito importante. E nesse intento há de se procurar as instituições que promovam, além da transmissão do conhecimento com qualidade, que se ocupem também da formação de valores humanos, mais ainda, que o façam em sintonia com o que os pais ensinam em casa.
Mas isso não é tudo. Nossos filhos estão em contínuo aprendizado, de modo que o ambiente que os cercam pode contribuir positiva ou negativamente. Sendo assim, o tempo de convívio com os pais é precioso, de modo que precisa ser muito bem aproveitado. E isso muito especialmente durante as férias.
Nós, pais, devemos nos questionar acerca de como programamos as férias. Buscamos passeios, viagens e programas que aumentarão o tempo em que se passa junto com os filhos? Ou, ao contrário, os critérios para escolher o lugar onde passar as férias é verificar se é fechado e cercado de monitores, de modo que mal os vemos de noite, antes de dormir? Programamos passeios familiares ou os enfiamos em colônias de férias, nisso ou naquilo de modo a termos sossego? É preciso que estejamos convencidos de que o convívio com o pai e com a mãe é imprescindível para uma boa formação dos filhos.
Também há de se cuidar da qualidade do tempo em que se passam juntos. E talvez esse seja um dos pontos mais interessantes, pois é nele que poderemos transmitir bons ou maus valores aos nossos filhos. E ninguém dá o que não tem. Ou seja, não se consegue incutir virtudes nos filhos se nós pais não as temos, ou ao menos não lutamos por adquiri-las.
Certa vez observei como uma mãe que, na fila do cinema, cuidava de alertar aos filhos que iria dizer que o caçula ainda não havia completado dois anos (não era verdade) para não ter de pagar o ingresso. O que ensinava ela aos filhos? Certamente que mentir vale a pena. Que diferença há entre essa “mentirinha” e a do político que promete o que não pode cumprir para ganhar uma eleição? Penso que nenhuma, ou talvez o tamanho do proveito que se obtém com a falsidade. Mas para as crianças isso não faz muita diferença, afinal, quem não é acostumado a ser veraz no pequeno, muito dificilmente o será no grande. Assim, devemos estar atentos e buscarmos um aprimoramento pessoal constante para, com nossa luta, sermos bons exemplos para os que nos cercam, em especial os nossos filhos.
Tenho agora com a sensação de que já falamos sobre isso, pior, estou sem saber como concluir. Enquanto penso nisso, aproxima-se a minha filha, Maria Clara, de 4 anos, que me pergunta o que estou fazendo. Tento explicar que estou escrevendo uma mensagem para os pais e pergunto a ela se tem alguma sugestão, ao que ela me responde prontamente: “diga a eles que façam os filhos obedecer”. Confesso que não esperava dela essa resposta, principalmente porque não é nenhum modelo de criança obediente...

De qualquer forma, penso que a sugestão deve ser ouvida e meditada. De fato, como os filhos necessitam de que os pais exerçam a autoridade com eles, sem autoritarismo, mas que, com carinho e firmeza, os façamos obedecer, pois é somente assim que eles se sentirão verdadeiramente amados.

quarta-feira, 10 de janeiro de 2007

Lições da selva

Nos últimos dias de 2006 o Correio Popular noticiou o drama dos quatro jovens perdidos na Mata Atlântica. Como os conheço, passado o pesadelo, fui buscar na fonte o que aconteceu. Não pretendo, nem seria possível, fazer aqui uma narração fiel do drama vivido. Mas dos relatos podemos tirar algumas lições muito interessantes.
Quando indaguei a um deles o que mais o fazia sofrer naquela situação, respondeu-me que era considerar o quanto estariam preocupados com eles. Tinham dois aparelhos de celular – relatou ele –, mas em nenhum local havia sinal suficiente para telefonar e simplesmente dizer que estavam vivos. Como essas situações extremas desnudam a grandeza do coração! Passavam fome, muita fome, foram quase três dias sem nenhum alimento, também padeciam muitos incômodos com os insetos, a dureza da caminhada, a incerteza da sobrevivência, as agruras da noite ao relento, mas nada disso os faziam sofrer tanto como pensar que, com isso, faziam os outros sofrer. Será que é essa a nossa postura nas nossas relações com os demais? Procuramos que nossos pensamentos e ações estejam orientados, antes de tudo, ao bem dos que convivem conosco?
Mas não menos enriquecedoras foram as lições de seus pais e familiares. A reportagem que o Correio publicou no dia 31 de dezembro nos traz a frase da mãe ao reencontrar o filho em Campinas: “oi, meu amor!”. Nada de repreensão, nem de cobrança, nem de atirar-lhe acusações pela “travessura”, ao contrário, deixou que o coração falasse apenas da alegria do reencontro. Como será que é a nossa postura com aqueles que, por culpa ou sem culpa, nos fazem sofrer?
Foram poucas as manifestações dos pais com a imprensa. Mas em todas elas se notou apenas um propósito: agradecer e elogiar o profissionalismo, a dedicação e a seriedade com que trabalhou a equipe de resgate. “Procuravam por nossos filhos como se fossem os seus filhos”, chegou a dizer uma mãe. Como é importante em nossas relações com os demais a gratidão. Dizem que “é de bem nascidos ser bem agradecidos”, mas essa virtude não surge como que naturalmente, ao contrário, somente a tem aqueles que sabem se colocar na posição do outro e, com essa postura, perceber como se dilata o coração generoso. E nós, sabemos ser agradecidos com os que nos prestam serviços? Ou mantemos a atitude soberba de pensar que o fazem por obrigação? Sabemos dizer obrigado aos que realizam algum trabalho, ainda que sejam subordinados, ou pensamos que isso viria a “retirar a autoridade”?
Impressionou-me também o relato que me fez sobre o trabalho do COE – Comando de Operações Especiais da Polícia Militar. Agiram com um profissionalismo, com competência, com esmero e com uma qualidade técnica que colocam a nossa polícia no mesmo patamar que as dos chamados países desenvolvidos, mas com algo a mais.
Ao ser resgatado, um dos rapazes se inquietava ao considerar que poderia sofrer uma justa repreensão do comandante da operação. Assim, umas das primeiras palavras ditas ao policial que o socorreu foi no sentido de se desculpar de todo o transtorno causado. Como que em resposta ao seu pedido de desculpas, o oficial lhe fez a seguinte indagação: “Sabe quantas pessoas estavam envolvidas nesta operação?”. O meu amigo não tinha nem idéia do que responder, de modo que policial o informou: “mais de cem pessoas”. Mas, ao contrário do que se esperava, como que desanuviando a conversa e impregnando-a de cordialidade, concluiu: “mas isso não tem importância, afinal, uma vida humana vale muito e compensa todo o esforço. Uma vida humana não tem preço, aliás, estávamos preparados para passar a virada do ano procurando por vocês”.

Uma vida humana não tem preço! Que lição maravilhosa nos proporcionou o COE da Polícia Militar nesse final de 2006. Temos todo o 2007, mais que isso, toda a nossa vida, para meditar e aprender com essa lição. Pense nisso, e um feliz 2007 a você, querido leitor, querida leitora, e viva a vida neste novo ano!

quarta-feira, 3 de janeiro de 2007

Aniversário de casamento


Hoje faz quinze anos que, diante de Deus, uni-me em matrimônio à minha esposa. Confesso ao leitor que me custa bastante falar disso aqui, publicamente. E é custoso porque há um certo pudor em se abrir a intimidade, além disso, não a consultei se poderia expor isso aqui nesta coluna. Mas resolvo romper a resistência porque relatar as experiências vividas pode ser útil a quem se aventura lançar-se na fantástica, mas ao mesmo tempo árdua, vida matrimonial. E penso que uma forma interessante de fazê-lo seja relembrar as palavras pronunciadas naquele momento solene e inesquecível.
Eu, Fábio, te recebo Andréa, como minha esposa...
Não sei se sabia exatamente o que significava ser esposo. Já havia estudado nas aulas de direito de família que o casamento gera uma comunhão plena de vida. Mas o que seria, na prática, essa comunhão plena de vida? Hoje as implicações disso me são bem mais claras. Trata-se de compartilhar boa parte (quase tudo) do que temos e somos.
Enquanto tento alinhavar as idéias para escrever este artigo, sou interrompido por uma confusão armada na cozinha: as crianças fazem uma verdadeira algazarra, e ouço a minha esposa – agora, quinze anos depois, é muito fácil chamá-la assim -, implorando uma ajuda: “peça a eles que parem com esse barulho, se não os pequenos irão acordar”. Bem, o artigo tem de ficar para mais tarde, talvez quando eles dormirem...
... e te prometo ser fiel, na alegria e na tristeza...
Fidelidade. Como é bom trazer o coração bem guardado para dá-lo a uma só pessoa! Penso que fidelidade e felicidade são palavras muito próximas não apenas foneticamente, mas em sua essência mesmo. Na verdade a realização, e com ela a felicidade, dependem de que seja fiel aos compromissos assumidos. Ao contrário, é muito comum encontrar amarguras e insatisfações naqueles que não souberam honrar a palavra dada. E isso não apenas na vida matrimonial, mas também na profissão, nos negócios com os amigos etc.
E a fidelidade que se exige no matrimônio há de ser radical mesmo, na alegria e na tristeza. Quando é fácil e quando os anos tendem a introduzir a rotina. Mas somente se consegue isso esmerando-se muito nas pequenas coisas: evitando-se intimidades exageradas com as colegas (ou com os colegas) de trabalho, na internet...
Nova pausa forçada. As crianças aprontaram tanto e agora deixam a cachorrinha entrar em casa. Penso em resolver aos berros o assunto. Puxa, mas acabei de dizer aos leitores que as pequenas coisas são importantes e, dentre elas, está a delicadeza no trato no dia a dia. É que as rusgas freqüentes, as frases grosseiras, a indiferença e outras coisas do gênero tendem a minar o bom ambiente familiar.
... na saúde e na doença...
Que a vida em comum haveria de ser na saúde e na doença, isso me estava muito claro, mas até então eu não sabia bem ao certo o que era uma TPM. Bem, por outro lado, é bom que se diga, nem ela sabia o que seria suportar um marido carrancudo escondido atrás de pilhas de processos...
... amando-te e te respeitando por todos os dias de minha vida.
Não são os defeitos do outro o obstáculo para o êxito da fica conjugal, mas a fraca disposição de superá-los. Conta-se de um conquistador que, ao desembarcar no território a ser desbravado, mandou atear fogo nas embarcações que os trouxeram, de modo que a solução seria vencer ou morrer. Penso que deve ser essa a disposição das pessoas no casamento. É que, se por um lado é maravilhoso ter alguém com quem compartilhar as alegrias e as tristezas, com quem contar em todas as situações, por outro, não são poucas as duras provas por que se há de passar. Assim, lançar-se nesse caminho com a disposição de “pular fora” na primeira dificuldade que surgir é a receita ideal para o fracasso.
Lembro-me também que, há quinze anos atrás, foi-me perguntado se era por toda a vida a decisão que tomava, ao que respondi que SIM. É o mesmo SIM que ouso reafirmar agora, afinal, só acredito em bens verdadeiros que durem para sempre.