quarta-feira, 11 de outubro de 2006

Dia do professor

No próximo domingo, dia 15 de outubro, celebra-se do dia do professor. É justo que se preste uma homenagem aos educadores, mas o façamos de uma maneira exigente, animando-os a pensar na importância e novos desafios da profissão que elegeram.
Os principais educadores devem ser os pais. Assim como participam diretamente no ato de dar a vida a um novo ser, incumbe-lhes, em primeiro lugar, a obrigação de educar, de formar os filhos. E por formação há de se entender não apenas a transmissão do conhecimento, mas, sobretudo, a construção de valores que os permitirá serem pessoas e que encontrem a sua realização, vale dizer, que sejam responsáveis e felizes.
Essa primazia que detêm os pais na educação não diminui, porém, a importância do professor. De fato, a escola exerce (ou deveria exercer) a sua função em cooperação com a família, agindo como colaboradora dessa na formação dos alunos. E a dignidade do mestre está exatamente nisso: cooperar com os pais para que os filhos se transformem em pessoas, não apenas portadoras de conhecimentos técnicos, que são imprescindíveis, mas dotadas de valores sólidos, que os permitam ser cidadãos que influam positivamente na sociedade em que estão inseridos.
Mas uma vez ressaltada a importância dos pais na educação, surge a dúvida: o que fazer quando os pais são omissos na educação dos filhos? Ou ainda, o que fazer quando a família quer delegar para a escola essa obrigação?
Penso que a escola não pode, não consegue e não deve assumir na educação o papel que cabe aos pais com exclusividade. Por exemplo, não adianta nada o professor ensinar que é importante ser sincero e honesto se, em casa, a criança flagra o pai inventando uma doença para não ir trabalhar, ou a mãe que responde ao telefone que não pode ir a um compromisso assumido, inventando que está com “dor de cabeça”. Não há técnica pedagógica que resista ao mau exemplo na família.
Além disso, deve haver muita sintonia entre o que se ensina na escola e o que se faz e se prega em casa, pois somente assim se constrói uma educação com bases sólidas. Soube de um colégio que realizou um trabalho para formar uma consciência ecológica. Feito isso, um aluno perguntou aos pais por que motivo não separavam o lixo reciclável em casa. Responderam-lhe que não havia coleta seletiva no bairro. “Mas há vários locais em que podemos levar os metais, plástico e papel que jogamos no lixo. Basta alguns minutos por semana para fazermos isso”, insistiu o garoto, empolgado com a causa do meio ambiente. “Ah! Isso dá muito trabalho...”, disse a mãe, pondo fim à conversa.
Com essa postura, estraga-se todo o trabalho feito pelo professor. Pior, transmite a mensagem que o bem é algo a ser feito quando não se custa, destruindo as iniciativas nobres por ideais elevados porque esses exigem esforços.
Diante da omissão dos pais, porém, não pode o professor desanimar, pensando que nada se pode fazer. É que muitos dos pais de nosso tempo são omissos não tanto por preguiça, mas por não saberem o que fazer. Questões sobre se é certo deixar os filhos pequenos dormir na cama entre os pais, o que fazer para que durmam cedo, como ajudar-lhes na lição de casa, ou mesmo como enfrentar as crises da adolescência, ainda permanecem sem reposta para eles. Assim, o professor, e a escola em geral, devem obter respostas adequadas às dificuldades que os pais enfrentam na educação dos filhos, e auxiliá-los nisso.

Caro professor, esse é grande desafio do novo milênio na educação: não basta mais educar e bem os alunos, antes disso, há de se ensinar os pais a serem verdadeiramente pai e mãe. Em suma, mais que professores, há de ser mestre de mestres.

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