No próximo domingo, dia 15 de outubro, celebra-se do
dia do professor. É justo que se preste uma homenagem aos educadores, mas o
façamos de uma maneira exigente, animando-os a pensar na importância e novos
desafios da profissão que elegeram.
Os principais educadores devem ser os pais. Assim
como participam diretamente no ato de dar a vida a um novo ser, incumbe-lhes,
em primeiro lugar, a obrigação de educar, de formar os filhos. E por formação
há de se entender não apenas a transmissão do conhecimento, mas, sobretudo, a construção
de valores que os permitirá serem pessoas e que encontrem a sua realização,
vale dizer, que sejam responsáveis e felizes.
Essa primazia que detêm os pais na educação não
diminui, porém, a importância do professor. De fato, a escola exerce (ou
deveria exercer) a sua função em cooperação com a família, agindo como
colaboradora dessa na formação dos alunos. E a dignidade do mestre está
exatamente nisso: cooperar com os pais para que os filhos se transformem em
pessoas, não apenas portadoras de conhecimentos técnicos, que são
imprescindíveis, mas dotadas de valores sólidos, que os permitam ser cidadãos
que influam positivamente na sociedade em que estão inseridos.
Mas uma vez ressaltada a importância dos pais na
educação, surge a dúvida: o que fazer quando os pais são omissos na educação
dos filhos? Ou ainda, o que fazer quando a família quer delegar para a escola
essa obrigação?
Penso que a escola não pode, não consegue e não deve
assumir na educação o papel que cabe aos pais com exclusividade. Por exemplo,
não adianta nada o professor ensinar que é importante ser sincero e honesto se,
em casa, a criança flagra o pai inventando uma doença para não ir trabalhar, ou
a mãe que responde ao telefone que não pode ir a um compromisso assumido,
inventando que está com “dor de cabeça”. Não há técnica pedagógica que resista
ao mau exemplo na família.
Além disso, deve haver muita sintonia entre o que se
ensina na escola e o que se faz e se prega em casa, pois somente assim se
constrói uma educação com bases sólidas. Soube de um colégio que realizou um
trabalho para formar uma consciência ecológica. Feito isso, um aluno perguntou
aos pais por que motivo não separavam o lixo reciclável em casa. Responderam-lhe
que não havia coleta seletiva no bairro. “Mas há vários locais em que podemos
levar os metais, plástico e papel que jogamos no lixo. Basta alguns minutos por
semana para fazermos isso”, insistiu o garoto, empolgado com a causa do meio
ambiente. “Ah! Isso dá muito trabalho...”, disse a mãe, pondo fim à conversa.
Com essa postura, estraga-se todo o trabalho feito
pelo professor. Pior, transmite a mensagem que o bem é algo a ser feito quando
não se custa, destruindo as iniciativas nobres por ideais elevados porque esses
exigem esforços.
Diante da omissão dos pais, porém, não pode o
professor desanimar, pensando que nada se pode fazer. É que muitos dos pais de
nosso tempo são omissos não tanto por preguiça, mas por não saberem o que
fazer. Questões sobre se é certo deixar os filhos pequenos dormir na cama entre
os pais, o que fazer para que durmam cedo, como ajudar-lhes na lição de casa,
ou mesmo como enfrentar as crises da adolescência, ainda permanecem sem reposta
para eles. Assim, o professor, e a escola em geral, devem obter respostas
adequadas às dificuldades que os pais enfrentam na educação dos filhos, e
auxiliá-los nisso.
Caro professor, esse é grande desafio do novo milênio
na educação: não basta mais educar e bem os alunos, antes disso, há de se
ensinar os pais a serem verdadeiramente pai e mãe. Em suma, mais que
professores, há de ser mestre de mestres.
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