quarta-feira, 20 de setembro de 2006

O que elas esperam de nós?

Uma amiga pediu-me que escrevesse sobre como o marido deveria se comportar com a esposa. Como sei que ela é cristã, penso que não precisaria dizer muita coisa, basta reproduzir-lhe parte da carta do apóstolo Paulo aos Efésios: “os maridos devem amar as suas mulheres como ao seu próprio corpo. Aquele que ama a sua mulher, ama-se a si mesmo. Com efeito, ninguém aborreceu jamais a sua própria carne, mas nutre-a e cuida dela”.
Uma primeira reação, porém, sempre que se depara com mensagem da Sagrada Escritura, é pensar que esteja superada, como que dirigida ao homem da antiguidade, ou, quando menos, que hoje em dia as coisas não são bem assim. Não concordo, porém, cara amiga, com essa forma de pensar, especialmente nesse assunto.
Pensar nela, antes que em si próprio, curiosamente, é condição essencial para a própria felicidade. O problema é que nós, homens, por vezes complicamos ou teorizamos muito, mas a mensagem é para ser vivida em detalhes bem pequenos do dia a dia. Por exemplo, pode-se parar uns breves minutos durante o trabalho para telefonar para ela apenas para perguntar como está, ou, se quisermos trazer a mensagem bem para o estilo do mundo moderno, podemos enviar um torpedo simplesmente para dizer aquilo que ela já ouviu (ou não?!) mais de mil vezes: eu te amo!
É fundamental a delicadeza no trato. Certa vez participei de uma celebração de bodas de ouro. Ao final, foi perguntado ao marido qual é o segredo de uma vida longa juntos. Esperava-se uma resposta bem elaborada, ainda que de pouco conteúdo, do tipo “o importante é o amor”, ou algo semelhante. Mas com o ar sereno de sempre, ele respondeu: “o importante é ter educação”. E depois explicou que com isso queria dizer que se deve cuidar para que não entre asperezas nem um tom amargo no trato, ao contrário, com o passar do tempo, o diálogo deve ir tomando feições mais cordiais e respeitosas.
Outro ponto que há de ser muito bem cuidado pelos maridos são as relações sexuais. Uma vez fui a um aniversário de criança. O garoto, não sei se por ser filho único, ou se pela má educação que lhe deram, havia se tornado um terrível egoísta. Após cantarem os parabéns, a mãe pediu a ele que cortasse o bolo e que desse o primeiro pedaço a alguém de quem gostasse muito. Diante do convite da mãe, não teve dúvida, disse que não cortaria o bolo, pois iria comê-lo inteiro sozinho, e imediatamente saiu correndo com o bolo nas mãos. O caso não tem a menor graça, mas o mais triste é que é exatamente assim que alguns maridos se portam com a esposa, egoisticamente,
especialmente nas relações sexuais. Ou seja, busca ele exclusivamente o
prazer próprio e, quanto a ela, trata-se de um meio necessário para que
se alcance esse prazer.
Amar a esposa é saber valorizá-la diante dos outros, em especial com os filhos. Conheci um grande homem, agora já falecido, que tinha o hábito de, sempre que estava com os filhos, e a esposa não estivesse com eles, tecer elogios a ela. Com freqüência os fazia ver, por exemplo, como ela se dedicava a eles, como se esforçava por estar alegre e acolhedora quando o marido chegava em casa.

Em suma, cara amiga, com São Paulo ou sem ele, o grande desafio no casamento é manter o amor sempre jovem. E termino transcrevendo o que costuma dizer um amigo: “É relativamente fácil conquistar novas mulheres. Nos primeiros encontros, escondem-se os defeitos, apresenta-se como simpático e atraente, enfim, faz-se ela se enamorar por alguém que esconde o que é de verdade; o difícil é conquistar sempre a mesma, que já conhece todos os defeitos, o mau gênio, enfim, tudo aquilo que a faz sofrer. Mas é isso o que vale a pena, afinal, contentar-se com o fácil é coisa dos medíocres”.

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