quarta-feira, 14 de junho de 2006

TV, Internet & Cia.

Muito se diz que educar os filhos hoje em dia se tornou uma tarefa impossível, pois os meios de comunicação, em especial a TV e a Internet, invadiram os lares, de modo que já não se consegue controlar a informação a que eles têm acesso.
De fato, educar os filhos hoje se transformou num grande desafio para os pais, contudo, não é tarefa impossível.
É preciso entender o que e como a era da informática alterou a vida em família e também a vida em sociedade, para então se utilizar bem os recursos agora disponíveis para a formação dos filhos.
Algumas décadas atrás os pais tinham de um controle natural das informações a que os filhos tinham acesso. No meio rural, era comum saírem para o trabalho juntos, onde permaneciam o dia todo, inclusive as crianças, que cresciam vendo os pais trabalharem e, naquele ambiente, com naturalidade, mais com o exemplo que com as palavras, os filhos tinham nos pais o modelo de vivência das virtudes a serem imitadas quando crescessem.
Nos meios urbanos, não eram raros os comerciantes e artesãos que possuíam a casa aos fundos do estabelecimento, de modo que trabalho e vida familiar se misturavam, e nessa convivência bem estreita entre pais e filhos, se informavam e formavam as crianças. E mesmo quando os pais saíam para trabalhar fora, era muito comum manter-se ao menos o convívio com as mães, que acabavam por ser o elo principal entre os filhos e o mundo exterior.
Atualmente, como sabemos, as coisas não mais são assim. O comum é o pai e a mãe trabalharem fora muitas horas por dia. E além da ausência dos pais, os filhos têm a sua disposição uma verdadeira parafernália (TV, Internet etc.) que lhes permite um acesso muito rápido a vários tipos de informação.
Diante dessa nova situação, porém, não é o caso de se cair num saudosismo melancólico que se reduz a uma constante lamentação: “antigamente as coisas eram bem melhores”. Os recursos que o mundo moderno proporciona não o torna melhor ou pior, mas tão-somente diferente. E será melhor ou pior conforme o uso que fizermos desses recursos.
Aos que se queixam de que a TV e a Internet acabaram com o convívio familiar, convém lembrar que o televisor e o computador ainda possuem um dispositivo muito interessante: aquele que os liga e desliga. É o caso, pois, de os pais imporem horários para acessar a Internet, assistir TV e que, fora desses, sejam austeros em não permitir a sua utilização.
Mas não basta proibir. Se os horários que os filhos podem dedicar à TV e à Internet são limitados, deve haver alternativas saudáveis. Trata-se, por exemplo, de estimular a que brinquem com os irmãos e amigos. Conheço algumas famílias que mantêm o hábito de ter tertúlias à noite após o jantar, o que contribui muito para fortalecer os laços de amizade. E nesses encontros, por vezes os filhos e os pais montam pequenas peças de teatro, outros dias se reúnem para contar como foi o dia, noutros, a rever as fotografias da família. Os filhos, sobretudo os menores, adoram que lhes contem suas histórias ilustradas com retratos de quando eram bebês, do casamento dos pais, enfim, daquilo que deu cor e sabor às suas vidas.
E também há que se investir em estar com os filhos. Alguns pais, como que para tranqüilizar suas consciências após longas ausências do convívio familiar, costumam dizer que “o que importa é a qualidade e não a quantidade do tempo que se passa com o filho”. Ora, se isso é verdade, experimente usar o mesmo argumento com o chefe para ficar menos tempo trabalhando. Ainda que se trabalhe, e se trabalhe muito para garantir o sustento da família, há que ser criativo e esforçado para estar com os filhos, com a qualidade e quantidade possíveis. Conheço um pai que se esforça para sair para almoçar com o filho durante a semana, no breve período que tem para isso no trabalho. É um  expediente interessante para melhorar a qualidade e a quantidade do tempo que se passa com os filhos. Enfim, quando há esforço, cada um sabe encontrar uma saída.

Se hoje a informação, boa e má, chega muito rápida aos filhos, os pais hão de ter a esperteza para estar muito próximo deles, seja para anular com o seu exemplo e a sua palavra o que de ruim chega até eles, seja para reconhecer e estimular o que apreendem de bom. E ademais, há muita coisa boa também na TV e na Internet, que só descobre quem está de verdade ocupado em formar filhos para que, ao crescerem, sejam responsáveis e felizes.

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