Muito se diz que educar os filhos hoje em dia se
tornou uma tarefa impossível, pois os meios de comunicação, em especial a TV e
a Internet, invadiram os lares, de modo que já não se consegue controlar a
informação a que eles têm acesso.
De fato, educar os filhos hoje se transformou num
grande desafio para os pais, contudo, não é tarefa impossível.
É preciso entender o que e como a era da informática
alterou a vida em família e também a vida em sociedade, para então se utilizar
bem os recursos agora disponíveis para a formação dos filhos.
Algumas décadas atrás os pais tinham de um controle
natural das informações a que os filhos tinham acesso. No meio rural, era comum
saírem para o trabalho juntos, onde permaneciam o dia todo, inclusive as
crianças, que cresciam vendo os pais trabalharem e, naquele ambiente, com
naturalidade, mais com o exemplo que com as palavras, os filhos tinham nos pais
o modelo de vivência das virtudes a serem imitadas quando crescessem.
Nos meios urbanos, não eram raros os comerciantes e
artesãos que possuíam a casa aos fundos do estabelecimento, de modo que
trabalho e vida familiar se misturavam, e nessa convivência bem estreita entre
pais e filhos, se informavam e formavam as crianças. E mesmo quando os pais
saíam para trabalhar fora, era muito comum manter-se ao menos o convívio com as
mães, que acabavam por ser o elo principal entre os filhos e o mundo exterior.
Atualmente, como sabemos, as coisas não mais são
assim. O comum é o pai e a mãe trabalharem fora muitas horas por dia. E além da
ausência dos pais, os filhos têm a sua disposição uma verdadeira parafernália
(TV, Internet etc.) que lhes permite um acesso muito rápido a vários tipos de
informação.
Diante dessa nova situação, porém, não é o caso de se
cair num saudosismo melancólico que se reduz a uma constante lamentação:
“antigamente as coisas eram bem melhores”. Os recursos que o mundo moderno
proporciona não o torna melhor ou pior, mas tão-somente diferente. E será
melhor ou pior conforme o uso que fizermos desses recursos.
Aos que se queixam de que a TV e a Internet acabaram
com o convívio familiar, convém lembrar que o televisor e o computador ainda
possuem um dispositivo muito interessante: aquele que os liga e desliga. É o
caso, pois, de os pais imporem horários para acessar a Internet, assistir TV e
que, fora desses, sejam austeros em não permitir a sua utilização.
Mas não basta proibir. Se os horários que os filhos
podem dedicar à TV e à Internet são limitados, deve haver alternativas
saudáveis. Trata-se, por exemplo, de estimular a que brinquem com os irmãos e
amigos. Conheço algumas famílias que mantêm o hábito de ter tertúlias à noite
após o jantar, o que contribui muito para fortalecer os laços de amizade. E
nesses encontros, por vezes os filhos e os pais montam pequenas peças de
teatro, outros dias se reúnem para contar como foi o dia, noutros, a rever as
fotografias da família. Os filhos, sobretudo os menores, adoram que lhes contem
suas histórias ilustradas com retratos de quando eram bebês, do casamento dos
pais, enfim, daquilo que deu cor e sabor às suas vidas.
E também há que se investir em estar com os filhos.
Alguns pais, como que para tranqüilizar suas consciências após longas ausências
do convívio familiar, costumam dizer que “o que importa é a qualidade e não a
quantidade do tempo que se passa com o filho”. Ora, se isso é verdade,
experimente usar o mesmo argumento com o chefe para ficar menos tempo
trabalhando. Ainda que se trabalhe, e se trabalhe muito para garantir o
sustento da família, há que ser criativo e esforçado para estar com os filhos,
com a qualidade e quantidade possíveis. Conheço um pai que se esforça para sair
para almoçar com o filho durante a semana, no breve período que tem para isso
no trabalho. É um expediente
interessante para melhorar a qualidade e a quantidade do tempo que se passa com
os filhos. Enfim, quando há esforço, cada um sabe encontrar uma saída.
Se hoje a informação, boa e má, chega muito rápida
aos filhos, os pais hão de ter a esperteza para estar muito próximo deles, seja
para anular com o seu exemplo e a sua palavra o que de ruim chega até eles,
seja para reconhecer e estimular o que apreendem de bom. E ademais, há muita
coisa boa também na TV e na Internet, que só descobre quem está de verdade
ocupado em formar filhos para que, ao crescerem, sejam responsáveis e felizes.
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