quarta-feira, 17 de maio de 2006

Quem vencerá a guerra?

Tempos atrás, encontrava-me nas proximidades de um estádio de futebol e tive de pedir informações a um policial militar. Fiquei surpreso com a sua educação e urbanidade. Pensei que pudesse se tratar de um caso isolado, mas, no mesmo dia, ao intervir numa briga entre dois torcedores, outro policial agiu com uma firmeza e profissionalismo que por certo não o deixa aquém de seus colegas do chamado primeiro mundo. Recentemente, no jogo entre o Corinthians e o rival argentino, novamente a nossa Polícia Militar deu mostras de preparo e competência ao conduzir a situação, sem o que as conseqüências poderiam ter sido bem piores.
Os recentes acontecimentos, ao contrário, expõem uma lastimável fragilidade em nossas polícias, que mostram uma aparente incapacidade de combater com eficácia o crime organizado.
Passada a perplexidade que marca nossa primeira reação diante dessa barbárie, começa a surgir uma dúvida ainda sem resposta: esses incidentes são passageiros e serão prontamente controlados? Ou teremos de aprender a conviver com uma espécie de guerrilha?
Quero crer que em breve a situação esteja sob controle, mas é certo que o crime organizado deu mostras de que pode fazer estragos e, se não fizermos nada, ganhará cada vez mais força. Mas como combatê-lo com eficácia?
Uma primeira estratégia nessa guerra é de todos conhecida: é preciso equipar e formar melhor nossas polícias. É necessário que sejam melhor equipadas, que recebam uma remuneração digna, que tenham uma formação adequada e continuada. Mas isso tudo não basta. O combate eficaz à criminalidade somente se consegue com a participação efetiva da sociedade.
Certa vez, uma empregada doméstica que trabalhava em minha casa, contou-me a tragédia que presenciou. Um rapaz, fugindo de um traficante com quem tinha dívida, entrou correndo na casa dela, onde foi covardemente assassinado pelo bandido, que lhe desferiu vários tiros, caindo morto sobre o seu sofá. E o pior, contou-me ela, é que a cena grotesca foi presenciada por seus filhos pequenos. Perguntei a ela se sabia quem era o assassino e se contou isso à polícia, ao que ela me respondeu: “claro que sei quem é o bandido, passa todos os dias na minha rua, mas disse à polícia que não sabia de nada não, pois se disser, estou morta”.
Essa é a arma mais poderosa dos bandidos: o medo e, com ele, o “não sei de nada”, “não vi nada”, “não me comprometa”. Não tenhamos dúvida, o objetivo das organizações criminosas já foi atingido. Mataram dezenas de pessoas inocentes, a imprensa contribuiu com eles, fazendo um verdadeiro estardalhaço, e agora estamos todos aterrorizados, e já recebemos, ainda que inconscientemente, o recado bem claro: não delatemos os criminosos, pois eles são poderosos, vejam do que foram capazes!
E essa ação engenhosa desses “gênios do crime” pode trazer outra conseqüência ainda mais perigosa e desastrosa: colocar a população contra a polícia. O policial existe para proteger as pessoas de bem, e se essas pessoas se voltam contra ele, ou o trata com desprezo, não valorizam sua profissão, a conseqüência será uma desmoralização do policial e, por conseqüência, a desmotivação em lutar pela segurança da sociedade.
É necessário e é urgente restabelecer uma sadia cumplicidade entre a polícia e a sociedade. Para isso, num primeiro momento, o cidadão deve estar seguro de que será eficazmente protegido quando denunciar ações criminosas de que tenha conhecimento. Trata-se de estruturar o programa de proteção a testemunhas, que implante medidas eficazes de resguardo a quem coopera com o combate ao crime.
É necessário e é urgente que se faça uma campanha de valorização do trabalho do policial. O policial tem de ser o herói das crianças, o porto seguro dos idosos e o guardião respeitado por todos como alguém que está disposto a dar a vida para nos proteger. Isso, mais do que bons salários, é o que importa para que se resgate a dignidade de quem escolheu por profissão nos defender.
Enfim, é necessário e é urgente que se resgate os valores cristãos em nossas famílias, em nossa sociedade, em nossa Pátria. A canção da Polícia Militar de São Paulo assim resume a missão da corporação:
Legião de idealistas
Feijó e Tobias
Legaram-na aos seus
Tornando-os vigias
Da Lei e Paulistas
"Por mercê de Deus"

Não é hora de divisão nem de acovardar-se, pois é a isso que almejam esses bandidos. É hora de nós, cidadãos, apoiarmos e estimarmos nossos policiais. Que nos olhos de todos brilhe o agradecimento e o reconhecimento àquele que "por mercê de Deus" dignou-se escolher por profissão nos defender.



Nenhum comentário:

Postar um comentário