quarta-feira, 14 de dezembro de 2005

Natal: Festa da Alegria


É Natal. De lado os presentes, festas e luzes nos centros comerciais, o verdadeiro significado do Natal se esconde no reencontro que temos com cada um daqueles personagens que contemplamos no presépio. É tempo oportuno que nos deve levar a pedir perdão a alguém. É momento propício para fazermos pequenos sacrifícios pelos demais. Visitar os doentes, escutar com paciência a mesma longa história daquele velhinho, que passou o ano sem que lhe ouvissem. Nesses dias é oportuno fazer uma revisão profunda na própria consciência e verificar como temos amado e nos dedicado aos filhos, pais, amigos, colegas de trabalho... Para nos ajudar nessa breve reflexão, acredito que seja interessante nos determos em quatro passagens que circundam o grande acontecimento que hoje celebramos.
A Viagem a Belém.
Como se sabe, o nascimento ocorreu em Belém, apesar de não ser ali a residência de José e de Maria porque, naquele tempo, o imperador Augusto ordenou que se fizesse um censo de todo o mundo. O recenseamento deveria ser feito na região dos antepassados e em Belém havia nascido o rei David, de quem José era descendente.
Reparemos no exemplo magnífico de José, em que ele leva Maria com o menino no seu ventre, buscando formas de proteger os dois, atento, fiel, nobre e generoso. Sua função é cuidar da mulher e do menino por nascer. Que formosa passagem! Esse é verdadeiro espírito do Natal. José é o verdadeiro exemplo a ser imitado por nós, pais de família. Com que solicitude e carinho tratamos a nossa esposa? Interessamos por seus problemas, anseios e aspirações? Ou nos limitamos a nos derramar na poltrona, como o copo de cerveja ao lado, enquanto ela, aflita, prepara o almoço? Dispensamos atenção aos filhos, incutindo neles o mesmo espírito, ou cuidamos que brinquem com os presentes que ganharam de modo a, na medida do possível, não nos incomodar nesse dia de muita comilança e  muita bebida?
O Nascimento.
Essa passagem é de todos conhecida, embora nem tanto imitada. “E aconteceu completarem-se os dias em que deveria dar à luz, e deu à luz o seu filho primogênito, e O enfaixou, e O reclinou numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria” (Lc 2, 6-7).
Reparemos na delicadeza da Mãe. Faltava-lhes tudo. O menino nasceu num curral, com o cheiro característico desse local, que a ninguém agrada. Mas, ao mesmo tempo, podemos vislumbrar a criatividade com que se converteu o lugar inóspito em algo acolhedor, com sabor e calor de lar. Maria é um convite perene às mulheres de todos os tempos para que reconheçam o seu papel de primazia na condução dos rumos da sociedade. Ouso repetir para que fique bem claro, muito mais que aos homens, a elas cabe traçar os rumos da humanidade. É que lhes cabe a função de criar nos lares um ambiente de paz, serenidade e alegria que tanto contribui para que os filhos desenvolvam as suas personalidades e, portanto, assim formados, construam um mundo melhor.
Em nosso tempo, observamos um incrível crescimento da participação da mulher nos mais diversos setores da sociedade: são políticas, magistradas, altas executivas, operárias. Desempenham, enfim, papel de relevo também fora do lar, onde já contribuem de maneira fantástica para o desenvolvimento social. Mas o local em que ocupam o cargo de diretora-presidente, com caráter vitalício e inamovível é no lar. E desempenhando trabalho externo, não podem nunca esquecer que somente ela pode dar à casa o doce sabor de lar, cuidando dos pequenos detalhes que tornam agradável o convívio familiar. E a nós, homens, nessa empresa, além de operários, encarregados de serviços diversos, o maior cargo que podemos almejar é o de consultor geral da diretora-presidente ou, para os muito ambiciosos, ministro da economia.
A Adoração dos Magos.
Esses sábios viajaram muitos dias para contemplar esse fato extraordinário. E levaram  presentes muito caros para a época. Mas o maior presente que deram foi a si próprios. Sim, dar-se ao Menino e, por Ele, aos demais. Natal é tempo de reflexão e, por conseqüência, de propósitos. Qual foi nossa disposição e ação em benefício do próximo neste ano que se finda? Que faremos concretamente no vindouro? Que o afã das muitas ocupações diárias não ofusquem o brilho da estrela que guiou esses sábios. E se ela por momentos se apagar, tal como o fez a eles, tenhamos persistência, vale a pena.
A Fuga ao Egito.
Mas a cena de paz e serenidade será interrompida pelo prenúncio indesejável: querem matar o Menino. Tal sucede também com nossos planos. Inflamamos de desejos nobres para o próximo ano, desejos de dedicarmos aos filhos, esposo, esposa e eis que... vêm as dificuldades. Desesperemo-nos? Não, jamais. Que nos importam as dificuldades, se elas se esvanecem, uma a uma, se, no fim e ao cabo, não é a nós que procuramos, mas o bem dos outros? E ademais, se pensarmos bem, as nossas dificuldades, comparadas a desses adoráveis personagens, que tiveram de viajar centenas de quilômetros, a pé, pelo deserto, muito pouco temos de padecer. A felicidade que nos aguarda, porém, já no tempo presente, é a mesma. É a paz e a serenidade de quem caminha para a vida, enfim, a alegria do Natal.

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